Oficina: o ser humano e a natureza

-

Oficina: o ser humano e a natureza

Oficina promove o respeito ao meio ambiente por meio da percepção sensorial da natureza. Autoria: Educação&Participação.

O que é?

Experiência de contato com a natureza, pela percepção sensorial.

Materiais

Cadernos ou bloquinhos para fazer anotações e/ou desenhos, lápis e canetas coloridos para desenhos, lápis e canetas para
anotações.

Finalidade

Despertar o grupo para a importância da preservação da natureza.

Expectativa

Promover a observação do ambiente natural, dos seres que ali vivem (plantas, animais, minerais), e a relação entre si.

Público

Crianças

Espaço

Parque público da cidade ou região.

Duração

1 encontro de 90 min (sem contar o deslocamento até o local) + encontro de 30 min para uma conversa coletiva avaliativa


Início de conversa

O respeito ao meio ambiente está intimamente ligado ao contato e à intimidade com a natureza. Quanto mais cedo esse contato se der, com qualidade e frequência, mais cedo se desenvolverá a responsabilidade pessoal no cuidado com o ambiente natural.

Visitas a parques, reservas ambientais, contemplação e observação de animais e plantas, brincadeiras e outras atividades em espaços abertos devem fazer parte da vida das crianças, junto à família, com a escola ou outros espaços educativos.

As questões ambientais estão cada vez mais presentes nas diversas esferas da sociedade. Nesse sentido, a educação ambiental se tornou essencial nos espaços e processos educativos, especialmente no início da escolarização. Crianças bem formadas e informadas sobre si e seu papel na coletividade se tornam adultas(os) mais responsáveis e solidárias(os) na busca por soluções a problemas que dizem respeito a todas(os).

Educacão ambiental

A Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99) entende como “educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Nas Diretrizes Curriculares. Nacionais para a Educação Ambiental (MEC, Resolução n. 2/2012), a temática ambiental está presente como tema transversal dos currículos escolares das redes e sistemas de ensino brasileiros, permeando toda prática educacional, “mediante temas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental”. Assim, a educação ambiental deve ser uma prática educativa integrada e interdisciplinar, contínua e permanente em todas as etapas, níveis e modalidades de ensino.

Estudantes em atividades de educação ambiental emreserva da mata atlântica em Santa Catarina. Foto: Gwoehl/Wikipedia

Educação ambiental envolve o entendimento de uma educação cidadã, responsável, crítica, participativa, onde cada sujeito aprende com conhecimentos científicos e com o reconhecimento dos saberes tradicionais, possibilitando a tomada de decisões transformadoras a partir do meio ambiente natural ou construído no qual as pessoas se inserem. A educação ambiental avança na construção de uma cidadania responsável, estimulando interações mais justas entre os seres humanos e os demais seres que habitam o planeta, para a construção de um presente e um futuro sustentável, sadio e socialmente justo.”

Resolução n. 2/2012

Embora alguns entendimentos restrinjam essa temática às Ciências da Natureza e à Geografia, a educação ambiental possibilita debater o conteúdo itinerário dos demais componentes curriculares. Se trabalhada de forma transversal em todas as áreas do conhecimento, a educação ambiental se torna um caminho para construir valores, conhecimentos, habilidades, competências e atitudes essenciais para a sustentabilidade e a qualidade de vida de todas(os) no planeta.


Na prática

A oficina deverá ser feita fora do espaço da organização ou escola. Será, então, preciso tomar todas as
providências para levar o grupo até o parque escolhido. (Veja sugestões de preparação para esta saída na
oficina “Entrevista com o esportista”).

Escolha um parque da cidade ou região onde haja diversidade de seres vivos (plantas e animais) e que seja seguro para as crianças (verifique, por exemplo, se o parque é cercado, se há agentes no local que podem acompanhar e observar as crianças, etc.). É importante deixar as crianças livres nesse local, pois só assim poderão explorar a área com certa autonomia.

Preparação (durante o deslocamento até o parque)

  1. Explique ao grupo que se fará a visita a um parque para que sejam observados os seres que ali vivem
    (plantas e animais), e a relação que uns mantêm com os outros.
  2. Se achar pertinente, fale brevemente sobre o local a ser visitado, por que foi escolhido, o que há nele. Mas não entre em muitos detalhes, porque o objetivo é
    que os meninos e meninas descubram o que puderem pela observação/sensação.
    Além disso, a princípio, algumas informações são periféricas para este trabalho. Por exemplo: data de construção do parque, quem seu “fundador”, por que ele foi
    construído, em que época, etc. Essas informações poderão ser divulgadas se os próprios meninos e meninas manifestarem interesse nelas e, de preferência,
    apenas após a visita/oficina).
  3. Dê as instruções da visita:
    – Formem duplas de trabalho.
    – Cada dupla receberá um bloquinho de notas, canetas e/ou lápis coloridos.
    – A atividade será um passeio pela área do parque.
    – Durante a visita, cada dupla deve observar os seres vivos, procurando perceber suas características e a maneira como se relacionam uns com os outros.
    – Nessa observação, cada integrante da dupla pode registrar por escrito ou desenho suas impressões, ideias, dúvidas etc.

Peça ajuda a agentes do próprio parque ou outros adultos nessa visita. As crianças devem ficar à vontade, mas é importante monitorar a distância. Sempre que possível, deve um adulto responsável deve ficar por perto, para garantir que ninguém se envolva em situações perigosas ou arriscadas, por exemplo, subir numa árvore, pegar animais (como pequenos insetos) vivos, tocar em plantas desconhecidas.

Oriente as crianças a registrarem suas impressões desse passeio por meio de desenhos ou pequenas notas no bloquinho. Todas(os) devem ficar atentos aos sons, texturas, cores, formas, cheiros e tudo o mais que puderem sentir e perceber, e observar especialmente como os seres vivos (plantas e animais) se relacionam uns com os outros e com o entorno (o relevo, as águas, as pedras…).

oficina-o-ser-humano-e-a-natureza.png

O passeio no parque

Organize o grupo num ponto do parque e combine o tempo para o passeio. Combine também uma hora em que todas(os) devem retornar ao ponto inicial.

O retorno

Ao retornar à organização ou escola, combine com o grupo um dia para fazerem uma conversa avaliativa sobre o passeio.


Hora de avaliar 

Nesse momento, as anotações do grupo podem ser comparadas entre si e todos devem poder falar sobre o que viram, ouviram, sentiram.

Você pode provocar o grupo com algumas questões, para saber se foram capazes de perceber
como os seres vivos do parque se relacionam uns com os outros e com o entorno. Por exemplo:

  • Alguém viu algum animal comendo algo? Se sim, o que ele comia?
  • Conseguiram perceber onde os animais observados moram (ninhos, árvores, no solo, etc.)?
  • Como são as plantas? Têm flores? Têm frutos?”

Faça por escrito o registro dessa conversa.


Para ampliar 

Depois da avaliação, utilize os desenhos feitos como forma de ilustrar o passeio. As notas e desenhos poderão compor um mural na organização ou escola, que poderá ser visitado por outras crianças.


Para saber mais: Educação ambiental e povos indígenas

“As possibilidades de trocas entre as culturas, ou seja, entre os indígenas e os não indígenas, também dentro do espaço escolar indígena e da comunidade não indígena, possibilita potencializar o compartilhamento dos diferentes conhecimentos. […]

Entendemos a Educação Ambiental como nos relacionamos com a natureza e o ambiente construído e, sobretudo, entre nós mesmos. Essas relações com o lugar, o território e a natureza são aprendidas no cotidiano de nossas vidas. Entendemos que fazemos parte do todo, desde o modo de viver até os nossos rituais quando acessamos os nossos Deuses. A partir desta compreensão, percebemos que nós, indígenas, não nos separamos da natureza. Não temos, como os que não são indígenas, a pretensão de gerir e usar a natureza de forma mercantilista.”

Maria de Fátima Nascimento Urruth e Patricia Calixto. Educação indígena e educação ambiental – aproximações: o caso do povo do pássaro azul Shanenawá. Revista Thema, 2018, v. 15, n. 2.

Acesse o artigo na íntegra.

Shanenawa, povo do pássaro azul

Veja também