Investigação cartográfica na educação integral

-

Investigação cartográfica na educação integral

Você sabe o que é cartografia? Em que áreas ela pode ser usada? Que relações tem com a educação?

Para boa parte das pessoas, falar de cartografia é falar de mapa. No entanto, o uso da cartografia tem se disseminado em muitas áreas – como psicologia, comunicação, música, ciências sociais, política, artes etc. – e em estudos sobre subjetividades e identidades, movimentos culturais, relações econômicas, sistemas jurídicos, projetos sociais e uma infinidade de outros temas.

A educação também pode se apropriar e se beneficiar da cartografia, que tem sido estratégica em projetos que trabalham na perspectiva da educação integral. Saiba mais sobre cartografia e suas potencialidades no material a seguir.

Introdução

Planisfério de 1856. Cartografia de Malte-Brun.
Planisfério de 1856. Cartografia de Malte-Brun.

Segundo Peter van der Krogt (2015), pesquisador da Universidade de Amsterdã, a palavra “cartografia” é uma combinação das gregas chartès (imagem e texto aplicados a uma folha) e graphein (descrever).

No entanto, apesar de chartès ter originado a maioria das palavras para designar mapas nas línguas europeias, “cartografia” é um termo recente: há fortes indicações de que foi inventado apenas em 1808 pelo geógrafo francês Conrad Malte-Brun.

Seja como for, a relação entre cartografia, Geografia, mapa e espaço físico é direta. Em 2003, a Associação Cartográfica Internacional (ACI) atualizou o conceito e definiu Cartografia como:

uma maneira única para a criação e manipulação de representações visuais ou virtuais do geoespaço – mapas – com vista a permitir a exploração, análise, compreensão e comunicação da informação sobre aquele espaço.”

ACI


O mapa e seus novos sentidos

Cartografia Memorial da Cidade de Bogotá

O conceito de mapa, no entanto, pode ser flexibilizado para ir além do espaço físico, ou geoespaço. É o que demonstra Ana Betânia de Souza Pimentel Martins, mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Ana Betânia (2015) informa que o conceito tradicional de mapa é uma representação gráfica da superfície terrestre segundo parâmetros matemáticos, e que deve apresentar três princípios essenciais: escala; projeção; e simbolização.

Cartografia Social
Cartografia sobre contaminação ambiental, de Jairo Restrepo.

Entretanto, ela flexibiliza o conceito “para incluir diversas escalas de trabalho e diferentes formas de construção dessas imagens, que podem ser estudadas por diferentes áreas, podendo representar uma série de outras informações e ser um instrumento de comunicação”.

A especialista ainda esclarece que, ao longo da História, os mapas foram utilizados como guias para localização e acesso a recursos naturais, criação e manutenção da ideia de Estado-nação, preservação do patrimônio cultural e para outros fins políticos, como resolver disputas e legitimar o domínio sobre territórios, reforçando conceitos como nação e comunidade. Por isso, para Ana Betânia, o mapa é também um produtor de conhecimentos.

Se os mapas e a Cartografia têm se prestado a papéis tão diversos, não é de se admirar que a ideia de investigação cartográfica tenha penetrado outras áreas do conhecimento e ampliado seus significados.

Mapa ilustra desintegração da Europa a partir de caricaturas das nações e tensões políticas. Coleção Persuasive Maps.
No ano de 2016, o Google foi acusado de eliminar a localização da Palestina dos seus mapas on-line.


Cartografia e educação

Quer saber mais sobre como a investigação cartográfica pode contribuir para a educação? A seguir, cartografamos, em três formatos diversos, materiais e experiências sobre o tema. Clique sobre as imagens e navegue pelos links!


Referências bibliográficas

  • ______. Cartografia como instrumento da pedagogia social. In: I Congresso Internacional de Pedagogia Social. São Paulo: Faculdade de Educação – Universidade de São Paulo (USP), 2006.
  • GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Noções básicas de cartografia. Coordenação de Isabel de Fátima Teixeira Silva. Rio de Janeiro: IBGE, [s.d.].
  • INTERNATIONAL CARTOGRAPHIC ASSOCIATION (ICA). A strategic plan for the International Cartographic Association, 2003-2011: as adopted by the ICA General Assembly, 2003-08-16. Durban (África do Sul): ICA, 2003.
  • KROGT, Peter van der. The origin of the word “cartography”. e-Perimetron, v. 10, n. 3, 2015, p. 124-142.
  • MARTINS, Ana Betânia de S. P. Cartografia do patrimônio cultural: uma análise da cartografia no âmbito dos Inventários Nacionais do Iphan. 2015. 101 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Rio de Janeiro.
  • NÚCLEO DE PESQUISA DO PROGRAMA JOVENS URBANOS. Cultura e subjetividade na juventude. Cadernos Cenpec: juventudes urbanas, ano 3, n. 5 (primeiro semestre de 2008). Coordenação de Isa Maria F. Rosa Guará. São Paulo: Cenpec, 2006, p. 45-59.
  • PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana da. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015.
  • Rhizome. In: Encyclopaedia Britannica.
  • ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989 (trechos).
  • SEEMANN, Jörn. Mapas, mapeamentos e a cartografia da realidade. Geografares, Vitória, n. 4, 2003.
  • Território. In: CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL. Glossário.

Acessos atualizados em fev. 2022.


Créditos

TEXTO E CONTEÚDOJoão Marinho de Lima Neto e Vanessa Nicolav
VÍDEO E PESQUISA DE IMAGENSVanessa Nicolav
ORIENTAÇÃOLilian L’Abbate Kelian e Fernanda de Andrade Santos
EDIÇÃOMarcia Coutinho R. Jimenez
ARTE E DESIGNThiago Luis de Jesus
LEITURA CRÍTICALilian L’Abbate Kelian, Fernanda de Andrade Santos, Fernanda Fragoso Zanelli e Julio Neres
FOTOSReprodução, Copyleft e/ou cedidas pelos projetos e assessorias citados no material