17ª Flip: Euclides da Cunha, Conceição Evaristo e escrita de qualidade

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17ª Flip: Euclides da Cunha, Conceição Evaristo e escrita de qualidade

Evento acontece de 10 a 14 de julho em Paraty (RJ) e conta com duas mesas da Rede LEQT, integrada pelo CENPEC Educação

Acontece na próxima semana, entre os dias 10 e 14 de julho, a 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), um dos eventos de maior prestígio na cena literária brasileira e latino-americana.

Homenageando Euclides da Cunha, do clássico Os sertões, a Flip deste ano conta com 34 autores de diferentes nacionalidades e a estreia de Fernanda Diamant, editora da Revista 451, como curadora. Confira o vídeo.

Canudos vai a Paraty

Nomes como Ayòbámi Adébáyò (Nigéria), Gaël Faye (Burundi), Nuno Grande (Angola), Ayelet Gundar-Goshen (Israel), José Celso Martinez Corrêa, José Miguel Wisnik, Miguel Del Castillo e Amyr Klink estão entre os autores que participam da Flip.

A ensaísta Walnice Nogueira Galvão merece destaque. Uma das principais críticas literárias do País e especialista na obra de Euclides da Cunha, Galvão será responsável pela conferência de abertura, que trará uma retrospectiva de sua própria trajetória como pesquisadora e uma aula sobre o autor homenageado.

Outro destaque da abertura é a apresentação teatral Mutação de apoteose, inspirada em trecho de “A terra”, primeira parte de Os sertões. Com direção artística de Camila Mota, Mutação foi criada a partir de canções de músicos como Tom Zé, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto e Chico César para as adaptações da obra de Cunha feitas pelo Teatro Oficina, em São Paulo.

Euclides da Cunha e Os sertões

Euclides da Cunha.Por Suzana Camargo

Os sertões, principal criação de Euclides da Cunha (foto), é uma obra regionalista que narra os acontecimentos da Guerra de Canudos (1896-1897), liderada por Antônio Conselheiro no interior da Bahia como resistência à opressão de grandes proprietários rurais.

As várias linguagens usadas por Cunha para narrar a guerra – jornalismo, arquitetura, sociologia, história, geografia e várias expressões da literatura, como a épica e a dramática – são os elementos que tornam a obra do jornalista especial, como afirma o diretor-geral da Flip, Mauro Munhoz.

Em uma obra de cerca de 630 páginas divididas em três partes – “A terra”, “O homem” e “A luta” –, Euclides da Cunha faz um relato histórico mesclado à literatura, uma vez que o livro surgiu da cobertura da guerra feita por ele a convite do hoje jornal O Estado de S. Paulo. Em 21 de setembro de 1903, o autor foi eleito para a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras.

A Flip terá ainda 21 mesas de discussão, nos formatos de conferência, performance ou entrevista. Os títulos das mesas fazem referência a pontos geográficos e elementos de Os sertões.

A referência geográfica, por sinal, também está por trás da homenagem aos 80 anos do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), que ocorrerá na quinta (11), às 22h, com a exibição do filme Deus e o diabo na terra do sol (1964).

Além de marco do Cinema Novo brasileiro, o filme foi escolhido por ter sido gravado em Monte Santo, na Bahia, referência geográfica e religiosa da região de Canudos, descrita em Os sertões.

Por fim, vale mencionar o Programa Educativo, conduzido por Belita Cermelli, que ocorrerá por meio da Biblioteca Comunitária Casa Azul, que tem hoje mais de 17 mil livros catalogados.

Poesia slam

Uma novidade da 17ª da Flip são ações de slam, palavra em inglês que significa “batida”. Trata-se de uma competição em que poetas leem ou recitam um trabalho original na forma de performances, julgadas, em seguida, por membros selecionados da plateia ou por uma comissão de jurados.

O programa slam será composto por um projeto de residência voltado a jovens paratienses, uma competição de poesia falada com poetas internacionais e uma batalha aberta na Casa da Cultura.

Confira a agenda da 17ª Flip e adquira os ingressos

Leitura e escrita de qualidade

A Rede LEQT (Leitura e Escrita de Qualidade para Todos) estará presente na Flip com duas mesas que acontecem n’A Casa da Porta Amarela.

A Rede, que conta com a participação do CENPEC Educação e dezenas de outras instituições entre investidores sociais privados, organizações sociais, setor público, academia, produção editorial, bibliotecários e autores, tem a proposta de contribuir para o desenvolvimento democrático da cultura e escrita no Brasil por meio de ações coordenadas e cooperativas entre empresas, poder público e organizações da sociedade civil.

Na quinta-feira (11), às 17h, a LEQT será representada por Kátia Rocha, diretora da Rede Educare, e participará como convidada da mesa “Livro de impacto”, organizada pela Casa e pelo Selo Aupa – Jornalismo de Impacto. A mesa discutirá o papel da periferia, do investimento social privado, das organizações sociais, do jornalismo e da literatura na busca de soluções para os desafios do Brasil.

Já na sexta-feira (12), entre 13h30 e 15h, acontece a mesa “Leitura e escrita de qualidade para todos: direito ameaçado”, promovida pela própria Rede e que reunirá especialistas em políticas públicas de leitura e escrita para discutir a situação atual da área no Brasil. Participam como debatedores José Castilho, Carla Mauch e Silvia Carvalho, com mediação de Iracema Nascimento, secretária-executiva da Rede LEQT e professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP).

“Leitura e escrita de qualidade para todos” contará também com performance literária dos Encrespados, grupos de jovens da periferia da zona sul paulistana, e com sorteio de exemplares físicos da publicação Indicadores LEQT: qualidade em projetos de leitura. Ambas as mesas são gratuitas e abertas a todas as pessoas interessadas, sem inscrições.

Serviço: Rede LEQT na Flip 2019

Encontro da Rede LEQT na Flip - 11/7/2019, "Livros de Impacto".
Encontro da Rede LEQT na Flip - 11/7/2019, "Leitura e Escrita de Qualidade para Todos: Direito Ameaçado".
Clique nos informes das mesas da LEQT para ampliá-los.

Saiba mais sobre a Rede LEQT

Escrevivência e jornalismo

Conceição Evaristo.
Conceição Evaristo. Foto: Reprodução.

Duas participações prometem ser marcantes durante a Flip. A primeira delas será a de Conceição Evaristo, homenageada da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa.

No dia 11, das 14h15 às 15h30, Evaristo debaterá com Jessé Andarilho no evento “Escrevivências e andanças: prazer em ler, direito de escrever” , que acontece na Casa de Cultura, com mediação de Angela Dannemann, do Itaú Social.

Além dela, o jornalista americano Glenn Greenwald, que já participou da Flip em 2014 para comentar os esquemas de espionagem da Agência Nacional de Espionagem dos Estados Unidos, volta a Paraty na Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes) – também conhecida como o “barco pirata da Flip” –, para discutir sobre o vazamento de conversas da Lava Jato.


Com colaboração de Suzana Camargo