Existe uma forma “melhor” de aprender a ler e escrever? De onde vem o conflito em torno dos métodos de alfabetização? No que ele nos convida a pensar? Publicada na terça-feira passada (29/1), o especial do portal Lunetas trouxe uma entrevista com Maria Alice Junqueira de Almeida, psicóloga e coordenadora do projeto Letra Viva Alfabetiza, do CENPEC; e João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto.
Entre dois métodos
De acordo com o Lunetas, referenciando o Glossário do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o método global “integra o conjunto dos métodos analíticos que se orientam no sentido do todo para as partes. Defende que a criança percebe as coisas e a linguagem em seu aspecto global, que a leitura é uma atividade de interpretação de ideias e que a análise de partes deve ser um processo posterior”. Já o método fônico “integra o conjunto dos métodos sintéticos que privilegiam as correspondências grafofônicas. Seu princípio organizativo é a ênfase na relação direta entre fonema e grafema, ou seja, entre o som da fala e a escrita”.
Centrado na disputa histórica entre os dois métodos, conhecida como reading wars nos Estados Unidos, o especial do Lunetas baseia-se no contexto atual de criação da Secretaria de Alfabetização no Ministério da Educação (MEC), com Carlos Nadalim à frente, que deverá implementar o programa Alfabetização Acima de Tudo, que consiste em “banir métodos globais de ensinar a ler e escrever” e em usar o método fônico como substituição ao método global para a alfabetização.
Na entrevista, João Batista Oliveira deixa marcada sua preferência pelo método fônico. Já para Maria Alice Junqueira de Almeida, do CENPEC, o método não é, em si, uma questão central na pauta de alfabetização. “Há um consenso entre os estudiosos no que se refere à pauta para a alfabetização: formação docente, gestão da aprendizagem, continuidade nas políticas públicas e salários adequados. “Como se vê, a questão do método não é central nessa pauta”, disse a especialista.
Maria Alice também argumenta que “é muito mais importante ter uma metodologia ao alfabetizar do que adotar um método em si. A questão não é ser contra o método fônico, mas considerar que ele não dá conta do processo de alfabetização. Relacionar o som às letras é algo que acontece sim, mas num determinado momento do processo, quando a criança está pronta cognitiva e linguisticamente para fazer as relações do fonema com a letra”.
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