Apoio Pedagógico Complementar: avaliação de aprendizagem no ensino remoto

-

Apoio Pedagógico Complementar: avaliação de aprendizagem no ensino remoto

Formação com técnicos e gestores escolares de municípios do Baixo Paraíba trabalha diagnóstico em leitura e resolução de problemas

Por Breno Procópio

O programa Apoio Pedagógico Complementar (APC) realizou, neste mês de junho, encontros formativos sobre avaliação da aprendizagem com técnicos(as) das Secretarias de Educação e gestores(as) escolares de 13 municípios da região do Baixo Paraíba.

O objetivo foi apresentar a ferramenta da prova diagnóstica que poderá ser aplicada nas escolas junto a estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental. O objetivo é possibilitar a análise do desempenho em leitura e em resolução de problemas, e com base nela, ajustar os materiais usados no ensino remoto.

De acordo com Aline Tiemi Colombo Yokoyama, técnica de projetos do Cenpec, as provas diagnósticas do APC são oferecidas aos(às) estudantes do 2º ao 5º anos do Ensino Fundamental. Nelas são avaliadas diferentes habilidades a partir de questões elaboradas para atender as matrizes da Provinha Brasil e do Sistema e Avaliação da Educação Básica (Saeb) para Língua Portuguesa e Matemática. 

técnica de projeto Aline Yokoyama, avaliação de aprendizagem
Foto: arquivo pessoal

As habilidades em língua portuguesa são voltadas para a aprendizagem do sistema de leitura, enquanto em matemática para números e operações, grandezas e medidas, estatística e geometria. Analisando os resultados obtidos nas provas, será possível qualificar as intervenções e o acompanhamento dos(as) estudantes com base em evidências, tanto por parte das Secretarias, quanto das escolas e salas de aula.”

Aline Tiemi Colombo Yokoyama

Avaliação da aprendizagem no ensino remoto

O Apoio Pedagógico Complementar é uma tecnologia que se insere no âmbito do Programa Melhoria da Educação, do Itaú Social, e tem como objetivo apoiar as Secretarias de Educação dos municípios do Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública Integrada nos Municípios do Baixo Paraíba (Cogiva) a enfrentar os desafios de aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. 

Até o momento, são 13 os municípios participantes: Salgado de São Félix, Marí, Gurinhém, Ingá, Itabaiana, Mogeiro, Pilar, São José dos Ramos, São Miguel de Taipu, Sobrado, Caldas Brandão, Juripiranga e Sapé. E todos eles estão há mais de um ano oferecendo ensino remoto para seus(suas) estudantes, com envio de material didático impresso, instruções pelo whatsapp e outras atividades.

Frente a esse contexto, o Apoio Pedagógico Complementar resolveu ampliar o objetivo inicial da prova diagnóstica, que normalmente é aplicada em duas etapas: no início do ano letivo para identificar estudantes que precisam do apoio complementar no contra-turno. E ao final, para conferir os resultados das práticas de ensino.

Agora no cenário da pandemia, a ideia é oferecer uma ferramenta de gestão para que Secretarias de Educação e gestores também reflitam sobre avanços e dificuldades no ensino remoto, tanto em relação ao desempenho por parte dos estudantes, quanto em relação aos pontos de melhoria na formação dos educadores e na produção do material didático que está sendo encaminhado para os alunos em casa.”

Aline Tiemi Colombo Yokoyama

Informação e formação pelo direito à educação
Para apoiar educadores(as), gestores(as) e redes de ensino neste momento complexo, sistematizamos nossas produções sobre essa temática desde o início da pandemia no Brasil.
Confira #EducacaoNaPandemia.


Aprovação de técnicos(as) e gestores(as)

Os dois encontros formativos sobre avaliação de aprendizagem no mês de junho contaram com 28 técnicos das Secretarias de Educação e 73 gestores escolares, que puderam conhecer a ferramenta de aplicação. 

Quatro municípios que integram o Cogiva já confirmaram a realização da prova no mês de julho. Um deles é Itabaiana, como informa Sandra Maria Santos da Silva, coordenadora pedagógica do ensino fundamental. 

A Prova Diagnóstica ofertada pelo programa Apoio Pedagógico Complementar será aplicada em julho no município, de forma presencial e escalonada — respeitando os protocolos sanitários. Serão atendidos cerca de 700 estudantes do 2º ao 5º ano.”

Sandra Maria Santos da Silva

A técnica conta que, desde o início da pandemia, a Secretaria de Educação tem enfrentado grandes desafios no ensino remoto, seja em razão da falta de acesso à internet e computadores por parte de alunos(as) e educadores(as); seja pela dificuldade dos(das) próprios(as) docentes em manusear as ferramentas digitais.

Diante desse cenário, técnicos(as) e gestores(as) de Itabaiana apontam para a ausência de uma avaliação de aprendizagem mais rigorosa sobre a efetividade do ensino remoto.

Sandra Maria Santos da Silva, professora avaliação de aprendizagem
Foto: arquivo pessoal

Acredito que a ferramenta terá um papel fundamental para a Secretaria de Educação de Itabaiana neste ano, pois a partir dos seus resultados a equipe técnica poderá analisar os níveis de aprendizagem em que se encontram os estudantes da rede municipal. E, em seguida, poderemos replanejar as ações e possíveis mudanças no currículo.”

Sandra Maria Santos da Silva

O ensino remoto tem gerado uma piora na qualidade de aprendizagem dos estudantes da Escola EIF Antônio Marinho dos Santos, no município de Pilar. Segundo relato da gestora escolar Jessika Souza Vasconcelos, os(as) estudantes que contam com o apoio familiar estão conseguindo bons resultados; porém, aqueles(as) alunos(as) sem acompanhamento de familiares no estudo estão paralisados na apreensão de novos conteúdos.

Jessika Souza Vasconcelos, professora avaliação de aprendizagem
Foto: arquivo pessoal

Fizemos uma avaliação do programa Integra Paraíba e obtivemos um resultado insatisfatório, já que poucos(as) alunos(as) mostraram habilidades de leitura e escrita construída. Vimos estudantes que, no 5º ano do ensino fundamental, ainda não sabem escrever o próprio nome. A prova diagnóstica do APC será mais uma ferramenta importante para avaliar alunos(as) em suas habilidades. E verificar aqueles que não avançaram e estão encontrando dificuldades; como também perceber aqueles que obtiveram resultados positivos com as atividades que já foram aplicadas. A partir disso, vamos elaborar novas estratégias para reverter esse quadro.”

Jessika Souza Vasconcelos

Veja também