A referência ao discurso do ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, feita pelo agora ex-secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, em pronunciamento para anunciar o Prêmio Nacional de Artes levou não apenas à demissão de Alvim, mas também a manifestações de repúdio por todo o Brasil.
A embaixada da Alemanha, por exemplo, publicou declaração em seu Twitter oficial comentando que o governo alemão se opõe a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo de glorificar a era do nacional-socialismo.
O Pacto pela Democracia também reagiu ao pronunciamento e publicou uma nota pública assinada por 40 entidades, incluindo o CENPEC Educação.
“Para
defender um projeto de cultura ultranacionalista, Alvim toma como inspiração
expressões e estética usadas por um dos idealizadores do nazismo e figura
reconhecidamente antissemita. Seu discurso é ultrajante à memória de milhões de
vítimas que foram perseguidas e exterminadas pelo nazismo”, diz o documento.
Nenhum regime democrático deve admitir referências e apologias a um dos períodos mais sombrios da história.”
Pacto pela Democracia
A nota cita as reações da Confederação Israelita do Brasil, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Supremo Tribunal Federal (STF), dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e de outros atores na esfera pública
Segundo o Pacto pela Democracia, no entanto, apenas a demissão não é suficiente. “É importante destacar que não se trata apenas de um posicionamento individual do secretário, mas sim de uma peça de comunicação institucional do governo federal, produzido e aprovado pelo aparelho de Estado brasileiro”, analisa o documento, que afirma ser necessário que os ministros e secretários se comprometam com os valores democráticos.
Não basta que o Secretário Especial de Cultura seja demitido. É fundamental que o corpo de ministros e secretários seja escolhido tendo como princípio basilar o compromisso com a democracia brasileira.”
Pacto pela Democracia
Confira a nota na íntegra.
Demissão é pouco, apologia ao nazismo é intolerável
O Pacto pela Democracia repudia com veemência o pronunciamento do
Secretário Especial da Cultura Roberto Alvim, que divulgou ontem (16) vídeo
institucional parafraseando trechos do discurso de Joseph Goebbels, Ministro da
Propaganda de Hitler.
Para defender um projeto de cultura ultranacionalista, Alvim toma
como inspiração expressões e estética usadas por um dos idealizadores do
nazismo e figura reconhecidamente antissemita. Seu discurso é ultrajante à
memória de milhões de vítimas que foram perseguidas e exterminadas pelo
nazismo. Nenhum regime democrático deve admitir referências e apologias a um
dos períodos mais sombrios da história.
A reação da sociedade em repúdio ao pronunciamento foi contundente. Organizações da comunidade judaica como a Confederação Israelita do Brasil, a Federação Israelita do Estado de São Paulo e o coletivo Judeus pela Democracia se manifestaram. Na esfera política, os presidentes da Câmara e do Senado pediram a demissão do Secretário, bem como a OAB Nacional. Os presidentes do STF e da PGR também repudiaram publicamente. Diversas organizações da rede do Pacto também expressaram seu repúdio, entre elas Acredito, Conectas Direitos Humanos, RenovaBR, Movimento AGORA! e Livres.
Após a onda de protestos e manifestações de repúdio, Roberto Alvim
foi demitido. Contudo, é importante destacar que não se trata apenas de um
posicionamento individual do secretário, mas sim de uma peça de comunicação
institucional do governo federal, produzido e aprovado pelo aparelho de Estado
brasileiro. Tem se mostrado recorrente, por parte de agentes de alto escalão do
governo, declarações celebrando e homenageando torturadores, violadores dos
direitos humanos e regimes autoritários. Tais declarações foram sistematizadas
na Retrospectiva 2019:
Democracia no Brasil.
Assim, não basta que o secretário especial de Cultura seja demitido. É fundamental que o corpo de ministros e secretários seja escolhido tendo como princípio basilar o compromisso com a democracia brasileira.
Subscrevem esta nota as seguintes organizações:
- Abong – Associação Brasileira de ONGs
- Agora!
- Atados
- Casa Fluminense
- CDPP – Centro de Debate de Políticas Públicas
- CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular
- CEDAPS – Centro de Promoção da Saúde
- CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária
- Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileiro – CENARAB
- Clímax Brasil
- Conectas Direitos Humanos
- Congresso em Foco
- Delibera Brasil
- Engajamundo
- Frente Favela Brasil
- Fórum Brasileiro de Economia Solidária
- Fórum da Amazônia Oriental – FAOR
- FOAESP- Fórum das ONGs/AIDS do Estado de São Paulo
- Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero
- Goianas na Urna
- Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030 – GTSC-A2030
- Instituto Igarapé
- IDS – Instituto Democracia e Sustentabilidade
- Instituto Physis – Cultura & Ambiente
- Instituto Update
- Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos
- Instituto Braudel de Economia Mundial
- Instituto Cidade Democrática
- Instituto Ethos
- Instituto Vladimir Herzog
- Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
- Judeus pela Democracia
- Livres
- Mapa Educação
- Nossas
- Oxfam Brasil
- Pulso Público
- Rede Justiça Criminal
- Transparência Brasil
- Transparência Capixaba
Leia a nota no site do Pacto pela Democracia