Como a pandemia tem agravado a saúde emocional de educadores(as)
De acordo com pesquisa da Nova Escola, 68% de professores, diretores e coordenadores pedagógicos tiveram piora em sua saúde emocional neste período
Por Stephanie Kim Abe
Em abril, enquanto aprendia a usar as novas tecnologias e plataformas indicadas pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para realizar as aulas remotas, a professora Ana Cláudia Tavares Caetano lidava com o isolamento em casa e o medo da Covid-19 lá fora.
Depois que criou grupos de WhatsApp com seus mais de 150 alunos, distribuídos em cinco turmas, também passou a lidar com as dúvidas deles – que chegavam de noite, de madrugada, a qualquer horário. Como muitos utilizam o celular do pai ou da mãe para fazer as atividades, e só têm acesso ao aparelho nesses horários, ela não deixa de respondê-los. Por isso, acaba trabalhando sempre que eles precisam dela, e o estresse foi aumentando.
Quando recebeu as redações dos alunos sobre como estavam passando a quarentena, a professora de Língua Portuguesa se deparou com textos que diziam que não tinham comida em casa, que o pai fora mandado embora, a mãe estava desempregada, a avó falecera. Ela sentiu-se de mãos atadas, sem saber o que fazer.
Na televisão, Ana Cláudia via casos de professores criativos, que estavam realizando atividades super inovadoras, cheios de disposição no meio da pandemia, trabalhando de suas casas. Uma frustração.
O resultado não poderia ter sido outro: ela passou a ter crises de ansiedade.
No final de maio, começo de junho, eu já não conseguia dormir, nem comer. O aluno mandava alguma mensagem no celular, eu já chorava. Começava a dar aula para os alunos on-line e tinha que desligar a câmera, porque começava a chorar
Ana Cláudia Tavares Caetano, professora municipal do Ensino Fundamental II do Centro Educacional Unificado (CEU) Pêra Marmelo, no Jaraguá, zona norte de São Paulo (SP).
Leonardo Milani também tem lidado com esse “carrossel de emoções” durante a pandemia. Professor de Ensino Fundamental II e Ensino Médio da Escola Estadual Prof. Teotônio Alves Pereira, no Ipiranga, zona sul da capital paulista, ele teve que se adaptar a trabalhar em sua casa de um quarto – que divide com a esposa que também tem trabalhado de casa.
É estressante. Ela tem reuniões, e eu aulas o dia inteiro. Também tem o lado ruim de não conseguir separar o trabalho do lazer. Brinco com meus alunos que nunca tinha entrado tanta gente na minha casa ao mesmo tempo antes
Leonardo Milani, professor de Ensino Fundamental II e Ensino Médio da Escola Estadual Prof. Teotônio Alves Pereira, no Ipiranga, zona sul de São Paulo (SP).
Ele já sofria com ansiedade antes, mas depois de uns dois meses dessa rotina, o excesso de contato com a tecnologia, o estresse e o cansaço foram os gatilhos para ter picos de ansiedade. Com ela, veio a disfunção alimentar e muitas oscilações de humor.
Você não está sozinho(a)…
Infelizmente, esses não são casos isolados. Eles refletem o que muitos educadores têm sofrido durante a pandemia.
Uma pesquisa on-line realizada pela Nova Escola no começo de agosto com 1.877 profissionais de educação (coordenadores pedagógicos, diretores escolares e professores) constatou que 72% deles classificam sua saúde emocional como regular, ruim ou péssima. 68% identificaram uma piora recente, devido à pandemia – sendo ansiedade (67%), estresse (33%) e depressão (20%) os transtornos mais comuns.
“Saúde emocional foi um tema que ganhou força na Nova Escola depois de uma pesquisa que fizemos em 2018 sobre a saúde do educador. Passamos então a incorporar na nossa missão o desenvolvimento de recursos e soluções para apoiá-los de forma mais completa. O assunto não surgiu agora, mas tem nos preocupado ainda mais no contexto da pandemia”, diz Ana Ligia Scachetti, Gerente Pedagógica da Nova Escola.
Os profissionais respondentes são de escolas municipais, estaduais e particulares, sendo 1.557 (83%) professores da Educação Básica (Educação Infantil, Fundamental e Médio) e 58,3% da região Sudeste.
O levantamento também constatou que a maioria (72%) não conta com ajuda profissional para lidar com a sua saúde emocional. Os motivos variam: 33% apontam a falta de condições financeiras, 26% alegam falta de tempo e 17% não consideram o tema importante.
O professor Leonardo Milani, por exemplo, acabou não procurando ajuda. “Sigo um pouco essa tradição brasileira de não gostar de médico ou de ignorar um pouco os problemas – uma coisa da qual não me orgulho“, explica.
Ele procura ler e pesquisar sobre Filosofia, escutar podcasts, dedicar-se à música e a refletir para tentar equilibrar a sua saúde emocional.
A professora Ana Cláudia Caetano, sim. Ela procurou ajuda após uma reunião com outros professores, na qual ouviu relatos de colegas passando pela mesma situação. A educadora percebeu que não era a única enfrentando dificuldades.
Ela desabafou com a coordenadora pedagógica, que indicou um grupo de apoio de psicólogos da rede municipal que estavam atendendo os educadores on-line. Desde então, ela tem participado da reunião virtual semanal que eles promovem.
“É um espaço de desabafo, e eles fazem o trabalho de escuta, de ouvir as nossas frustrações e aconselhar da melhor maneira possível. Como trouxe um bem-estar, continuo até hoje”, diz.
Ela ressalta a importância desse olhar humanizado que a gestão da sua escola tem tido para com os(as) professores(as).
“A coordenadora pedagógica está sempre perguntando como estamos, oferecendo ajuda, indicando palestras, tentando, enfim, minimizar esses impactos. Se não fosse esse cuidado, nós estaríamos em uma situação bem pior”, defende.
Para apoiar os educadores nesse momento, a Nova Escola criou, em parceria com a Fundação Tide Setubal e com o apoio da Fundação Lemann, o Movimento Saúde Emocional de A a Z.
“O Movimento oferece uma caixa de conteúdos digitais com sugestões práticas sobre o tema, um e-book com dicas de bem-estar, um webinar com especialistas e uma comunidade no Facebook para conectar e gerar conversas entre as pessoas que se encontram na mesma situação”, diz Ana Lígia Scachetti, Gerente Pedagógica da Nova Escola.
Professores também podem enviar depoimentos sobre os seus desafios, utilizando a hashtag#ParaSentirParaEnsinar. Alguns deles foram transformados em vídeos, narrados por atores e atrizes famosas:
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