Sem aviso prévio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) suspendeu concessão de bolsas de mestrado e doutorado. A medida foi divulgada nesta quarta-feira (08/05), e o total de bolsas, áreas de pesquisa e o valor congelado não foram divulgados.
Os cortes não foram somente na área de ciências humanas – que haviam sido citadas pelo presidente Jair Bolsonaro no final de abril, em especial os cursos de filosofia e sociologia –, mas também nas de ciências naturais/biológicas e exatas. Universidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Minas Gerais e Goiás foram afetadas.
“Não há corte, há contingenciamento”, segundo Weintraub
O recolhimento de bolsas não afeta mestrados e doutorados já em andamento, mas a medida prejudica os novos candidatos, que não receberão as bolsas cujas verbas já haviam sido liberadas e previstas para 2019.
Também estão suspensas novas bolsas do programa Idiomas Sem Fronteiras, originado do Ciência sem Fronteiras. O MEC informa que o critério utilizado foi congelar as bolsas que “não estavam sendo utilizadas no mês de abril de 2019”.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o contingenciamento de verbas nas universidades federais, anunciado pelo governo, atingiu R$ 819 milhões. Já os cortes em bolsas de pesquisa chegam a R$ 588 milhões.
Leia a reportagem
Pesquisadora em educação do CENPEC, Joana Buarque comenta que os cortes efetuados pelo governo enfraquecem as condições para produção do conhecimento científico no País, que já não eram adequadas: “A pesquisa na área de educação, por exemplo, é fundamental para o aprimoramento de práticas pedagógicas e políticas públicas. A diminuição em seu investimento significa ir contra as tendências internacionais de valorizar as evidências para pautar as ações de busca da qualidade da educação”.
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