Dia da Língua Portuguesa: para se maravilhar com nosso idioma

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Dia da Língua Portuguesa: para se maravilhar com nosso idioma

Confira dicas de como despertar o encantamento pela língua portuguesa em sala de aula e diga qual é a palavra da nossa língua que você prefere

Por Stephanie Kim Abe

Todo mundo tem uma palavra preferida. Se não for a preferida, é uma palavra que encanta, por diversos motivos: por causa da pronúncia, por seu significado, por ser esquisita, por remeter a alguma pessoa ou situação especial. 

Saudade, por exemplo, é uma palavra da língua portuguesa que muita gente gosta porque expressa um sentimento que com frequência nos acomete quando lembramos de alguma pessoa, lugar ou acontecimento com carinho. 

Eu gosto de malemolência, pela pronúncia; gororoba, por ser uma palavra estranha que já remete a uma comida esquisita; e cerzir, porque me lembra minha avó – que, na verdade, diz “cirzí” quando fala de uma roupa ou almofada que precisa de uns pontos de costura para remendar. 

E você, qual a palavra da língua portuguesa que mais gosta ou mais te encanta? Neste Dia Mundial da Língua Portuguesa (05/05), fizemos essa pergunta para algumas pessoas e as respostas foram as mais variadas:

🌬️ Que tal participar? Mande sua(s) palavra(s) preferida(s) da Língua Portuguesa nos comentários! Compartilhe nas suas redes sociais!


Produzindo encantamento

Marina Toledo, coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Língua Portuguesa (MLP), tem duas palavras preferidas: sussurro e chuinga

Gosto de sussurro porque é uma palavra que, para mim, é dita já com o que ela quer dizer. Ou seja, quando você fala “sussurro”, você quase que já sussurra“, explica. 

Foto: acervo pessoal

Quando ouvimos chuinga, logo pensamos, pelo som, que é uma palavra africana. Mas não é. Ela é uma palavra do português de Angola e Moçambique, e vem de ‘chewing gun’, que significa goma de mascar em inglês. Essa construção é interessante e mostra bem o que eu mais gosto da língua portuguesa: a forma como se constitui na relação entre os povos.”

Marina Toledo

A palavra chuinga aparece em um dos jogos que o núcleo educativo do Museu realiza com estudantes e escolas de todo o Brasil que vem a São Paulo visitar a instituição e saber mais sobre a origem e a formação da língua portuguesa. 

O Museu busca celebrar o português trazendo as suas diferentes variantes e usos, já que a língua é usada por mais de 265 milhões de pessoas no mundo todo. 

Museu da Língua Portuguesa. Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

“No museu, nós trabalhamos a língua portuguesa principalmente de um ponto de vista social. Então é a língua em contexto com a vida que está por aí. Trabalhamos a diversidade cultural que a permeia, o pluricentrismo da língua portuguesa, a origem das palavras pelas contribuições que vem de de outras línguas, as relações de poder que se estabelecem, a criação de identidades, e o multilinguismo do Brasil”, explica Marina.

A abordagem lúdica e esses diferentes olhares que o museu traz sobre a língua portuguesa faz com que ele se torne um espaço rico de aprendizagem que pode – e deve – ser explorado por educadoras e educadores.

Para a coordenadora, a abordagem do museu difere da abordagem que é realizada na escola, que busca trabalhar mais com as construções e regras gramaticais. 

Mesmo assim, a escola pode aprender muito com as interações que ocorrem no museu e aproveitar o interesse que ele desperta nesse nosso patrimônio imaterial.

Aqui no Museu, vejo como as pessoas se maravilham com a língua, porque não param para pensar nela. E acredito que esse encantamento pode servir como um primeiro passo antes do aprendizado formal – aquele que olha para as regras da gramática ou a estrutura de um poema. Esses são aprendizados importantes que precisam acontecer na escola, mas não podemos deixar de incluir um sentido prático ou uma aplicabilidade da língua na vida, para que as(os) estudantes tenham mais interesse por ela”, defende.

Marina Toledo, coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Língua Portuguesa (MLP)

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