Dia Nacional do Livro: incentivar a leitura nas bibliotecas e escolas

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Dia Nacional do Livro: incentivar a leitura nas bibliotecas e escolas

Entenda como a parceria entre bibliotecas e escolas pode ser potencializada e veja dicas de práticas para incentivar a leitura e o acesso ao livro

Por Stephanie Kim Abe

O Dia Nacional do Livro é celebrado todo 29 de outubro em homenagem à Biblioteca Nacional do Brasil, criada em 29 de outubro de 1810. Considerada uma das mais belas do mundo, ela fica na cidade do Rio de Janeiro e tem um acervo de cerca de 10 milhões de itens – é a maior biblioteca da América Latina!

Imagem da Biblioteca Nacional.

As bibliotecas são importantes espaços não só de armazenamento, catalogação, organização e preservação de livros, mas também de incentivo à leitura e de garantia de acesso aos livros para todos e todas. Além das bibliotecas públicas, há também bibliotecas comunitárias que lutam ainda mais pela democratização do acesso ao livro, à leitura e à literatura e que costumam atuar em territórios mais vulneráveis ou periféricos

Foto: acervo pessoal

Para falar mais sobre como bibliotecas e escolas podem trabalhar juntas para incentivar a leitura e formar uma sociedade leitora, o Portal Cenpec conversou com Julia Santos.

A bibliotecária trabalha na Biblioteca Comunitária Espaço Jovem Alexandre Araújo Chaves, localizada na periferia da zona sul da capital paulista, no bairro Chácara Santa Maria. Lá, ela atua como bibliotecária, gestora cultural e mediadora de leitura, mas também é auxiliar na Biblioteca do Centro Universitário do Campus Santo Amaro do Senac.

Confira a entrevista abaixo:

Portal Cenpec: Como você analisa as políticas públicas de incentivo à leitura e ao livro nos últimos anos?

Julia Santos: Na verdade, não temos avançado. As políticas públicas, principalmente na área de cultura, são de governo – ou seja, a cada governo que entra, muda tudo. Isso acaba sendo prejudicial, porque não há uma continuidade de boas ações da gestão anterior e a rotatividade de gestoras(es) é muito grande

Então avançamos muito pouco em termos de políticas públicas voltadas para a leitura, o livro e as bibliotecas nos últimos 10 anos. Em São Paulo, onde eu atuo, tivemos várias trocas de secretários da Cultura, que não levaram adiante e não consideraram como prioridade o incentivo à leitura, e não viam as bibliotecas como pontos centrais para desenvolver ações. 

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Portal Cenpec: Como você vê a relação entre as escolas e as bibliotecas? Qual a potência dessa parceria?

Julia Santos: No Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca – PMLLLB de São Paulo, instituído em 2015, está prevista a ação conjunta das bibliotecas comunitárias, escolares e municipais com a escola e o trabalho das secretarias de Educação e de Cultura em diversas metas. Porque é uma questão de democratizar o acesso ao livro para todos e todas e avançar muito no sentido de crescermos como uma cidade leitora.

Essa perspectiva também tem que estar presente a nível nacional, já que o retorno e o resultados dessas ações são potentes. O acesso ao livro e à leitura reflete na alfabetização das crianças e o desenvolvimento da leitura é essencial para a formação de cidadãos críticos e conscientes. 

Além disso, vale estender essa parceria também com outros órgãos, como a Unidade Básica de Saúde (UBS). Seria uma integração em prol da leitura, da informação, da disseminação do conhecimento. 

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Portal Cenpec: Como a biblioteca da escola ou o espaço de leitura que ela tem se diferencia daquele de uma biblioteca comunitária ou pública? 

Foto: Biblioteca Comunitária EJAAC

Julia Santos: As bibliotecas comunitárias muitas vezes possuem um acervo diferente do da escola e, portanto, as pessoas podem encontrar um acervo pautado na bibliodiversidade e assim ter contato com diferentes tipos de literaturas.

Muitas vezes, o espaço de leitura das instituições escolares fica fechado também, enquanto que a biblioteca comunitária tem um acesso mais livre e democrático. Ela costuma ser mais enraizada na comunidade e atender um público maior que aquele da escola. 

Por isso, é comum que as bibliotecas comunitárias façam mapeamentos das escolas do entorno, trabalhem e realizem ações com os professores para criar uma integração e atuar em rede em prol da leitura e do acesso ao livro. Ela acaba sendo uma referência no território.

Eu não tenho muito contato com as bibliotecas públicas, mas vejo que elas precisariam ter uma ação de maior diálogo com as escolas do entorno. Se cada região fizesse esse mapeamento e essa articulação de ações entre bibliotecas e escolas, todos sairíamos ganhando. 

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Portal Cenpec:Que tipo de ações são realizadas nas bibliotecas (públicas e comunitárias) que podem complementar as práticas de incentivo e estímulo à leitura realizadas dentro da sala de aula?

Julia Santos: Quando fazemos formações ou mesmo contato com os professores, buscamos conversar com eles e apresentar atividades que realizamos, como clube de leitura, saraus, oficinas de escrita e batalhas de slam. Todas são práticas que também podem ser feitas na escola, e por isso vamos nos fortalecendo juntos. 

Buscamos sempre divulgar as nossas ações e manter essa relação próxima com os educadores e a comunidade do entorno, para que cada vez mais pessoas tomem conhecimento da biblioteca que está no território, se sintam convidados a frequentá-la e se apropriem dela e de seu acervo.

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Que tal propor diários de leitura?

Já realizou uma atividade em que a proposta foi fazer diários de leitura? O diário seria uma ferramenta de escrita cotidiana, realizada de forma regular e processual, para testemunhar a experiência de leitura das(os) estudantes. 

Sendo um espaço pessoal, ele acaba abarcando questões de subjetividade e identidade, análise e interpretação do texto por cada um(a). 

Maria Coelho Araripe de Paula Gomes, professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contou sobre como tem realizado esse trabalho e as reflexões geradas por ele em palestra realizada durante a live do Encontro Final do Programa Escrevendo o Futuro, realizada em 20 de outubro. 

Confira mais sobre essa experiência aqui: 


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