Nota contra o modelo de escolas cívico-militares

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Nota contra o modelo de escolas cívico-militares

Documento traz críticas ao Decreto n. 9.465/2019 e aponta equívocos na proposta da militarização como modelo de excelência.

O Decreto n. 9.465/2019, de 2 de janeiro de 2019, fez alterações na estrutura do Ministério da Educação (MEC) e, entre outras decisões, criou a Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares, vinculada à Secretaria de Educação Básica.

De acordo com o decreto, a nova subsecretaria tem a função de “promover, fomentar, acompanhar e avaliar, por meio de parcerias, a adoção por adesão do modelo de escolas cívico-militares nos sistemas de ensino municipais, estaduais e distrital, tendo como base a gestão administrativa, educacional e didático-pedagógica adotada por colégios militares do Exército, Polícias e Bombeiros Militares”.

Críticas ao modelo cívico-militar

Em nota pública lançada em 4 de fevereiro, 12 entidades nacionais comentam o proposta. Segundo o texto, a medida pretende responder aos anseios da população por ensino de qualidade e segurança. As instituições, porém, apontam equívocos na proposta: tanto escolas públicas não militares como militarizadas apresentam dados de excelência (por exemplo, os antigos Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs, e os atuais colégios de aplicação ligados a universidades federais), além disso, a política educacional tal como proposta pelo novo governo fere o direito universal à educação de qualidade para todos.

“A militarização é proposta como um modelo de ‘escolas de alto nível’, às quais serão garantidas condições diferenciadas efetivas para o funcionamento, enquanto as demais escolas das redes públicas regulares padecem em precárias condições infraestruturais, tecnológicas, pedagógicas e de pessoal”, diz a nota.

Ainda segundo o documento, “as experiências de militarização, que vêm acontecendo no Brasil revelam também um modelo de escolarização excludente e seletivo, uma vez que as escolas militarizadas têm o poder de decidir sobre a permanência ou não dos estudantes e apresentam graves índices de retenção; reservam vagas para os filhos de membros de determinadas forças armadas ou da Polícia Militar; obrigam ao uso de uniformes caros e cobram contribuições mensais das famílias […]. Esses fatores fazem com que a escola militarizada seja destinada apenas aos estudantes com melhores condições socioeconômicas, tornando-se, efetivamente, uma escola pública elitizada”.

O documento é assinado por:

  • Associação Brasileira de Currículo (ABdC)
  • Associação Brasileira de  Ensino de Biologia (SBEnBio)
  • Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec)
  • Associação de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd)
  • Associação Nacional de Política e Administração Escolar (Anpae)
  • Associação Nacional de História (ANPUH)
  • Associação Nacional de Pesquisadores em Financiamento da Educação (Fineduca)
  • Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope)
  • Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes)
  • Fórum de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Letras e Artes (FCHSSALA)
  • Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas (ForumDir)
  • Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio

Leia a nota pública na íntegra

Leia o Decreto n. 9.465/2019