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Está no ar o podcast Educação na ponta da língua!
Por Stephanie Kim Abe
É bem possível que o primeiro contato que você teve na escola a respeito dos povos indígenas tenha sido a partir da história sobre o “descobrimento” do Brasil, não é mesmo? Ou que os tenha estudado como povos do passado, como se eles já não existissem hoje em dia.
Mas, na realidade, os primeiros povos desta terra não foram os navegantes portugueses, e sim os povos originários. Assim como eles ainda existem no Brasil: de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE, de 2022, atualmente são quase 900 mil indígenas pelo país, presentes nas cinco regiões brasileiras.
Foi a diversidade cultural, étnica e os saberes ancestrais desses povos que marcaram a constituição do Brasil, habitado por tantas e diferentes pessoas. Apesar disso, a história do nosso país é marcada pela violação de direitos dos povos originários, muito por conta do avanço do capitalismo e das políticas expansionistas.
Na educação, houve um tempo em que, ao frequentar escolas, as pessoas indígenas eram proibidas de falar na própria língua e expressar-se nas suas culturas e de acordo com seus costumes. Além disso, os saberes e valores dessas comunidades eram pouco abordados ou praticamente ausentes nos currículos das escolas não indígenas – ou mesmo tratados de forma estereotipada e preconceituosa. Por vezes, esses conteúdos eram restritos a datas específicas, em alusões reducionistas sobre suas vivências e saberes ancestrais.
Com a criação da Lei nº 11.645, de 10 março de 2008, o ensino da história e cultura indígena tornou-se obrigatório no ensino fundamental e médio, em escolas públicas e particulares do país. Embora seja um marco para a construção de uma educação com mais equidade e que promova o respeito e a valorização das culturas indígenas, a efetividade dessa lei ainda encontra desafios no chão da escola.
É dessa importante temática que trata o primeiro episódio do podcast Educação na ponta da língua, nova iniciativa do Cenpec, em parceria com o programa Escrevendo o Futuro, apoiado pelo Itaú Social, e que já está disponível gratuitamente em diferentes plataformas de streaming.
No episódio, o tema é tratado pelas professoras Silmara Francisca, arte-educadora e professora da rede municipal de São Paulo (SP), e Adriana Pesca (Hitxá Pataxó), professora indígena atuante na Escola Indígena Pataxó Coroa Vermelha e no Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália (BA). A apresentadora do bate-papo é Gina Vieira Ponte, que também é professora, especialista em desenvolvimento humano, educação e inclusão escolar.
Foi muito inspirador conversar com essas duas professoras incríveis sobre a importância de promover a temática indígena na escola, os desafios envolvidos nesse ensino e como nós, educadoras(es), podemos garantir o cumprimento da lei 11.645″, conta Gina.
Fernanda Ribeiro, coordenadora de comunicação do Cenpec, reforça:
Falar da história e cultura indigena no currículo é uma das pautas prioritárias a serem discutidas, haja visto os massacres que aconteceram nos últimos meses com o grupo Yanomami. Valorizar e preservar as culturas indígenas é fundamental e deve ser aprendido na escola. E, apesar de a lei 11.645 ser de 2008, sua implementação nas escolas é ainda um grande desafio. Por isso, convidamos professoras com muita experiência em pesquisa e em sala de aula para conversar com as(os) educadoras(es) que nos seguem“.
Confira o episódio em uma das plataformas:
Nova aposta do Cenpec
Ao longo do ano, serão lançados mais sete episódios do podcast Educação na ponta da língua. Serão diversos os temas tratados e, a cada episódio, docentes e especialistas irão trocar ideias e refletir sobre questões que tocam a vida e o cotidiano das(os) profissionais de educação. A apresentação é de Gina Vieira Ponte.
“A ideia do podcast Educação na ponta da língua é ampliar e diversificar a comunicação com professoras e professores de diferentes regiões do país acerca de temas importantes da educação, como educação antirracista, recomposição da aprendizagem e políticas educacionais. Estamos buscando nova forma de conversar com as(os) profissionais da educação e expandir a discussão de temas que se fazem urgentes na educação“, conta Fernanda.
A fala da coordenadora se baseia nas pesquisas que indicam o hábito da população brasileira com relação a esse novo formato. Segundo estudo realizado pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Statista e Ibope, o Brasil é o terceiro país do mundo que mais consome podcasts.
Um dos passos para enfrentarmos as desigualdades educacionais é, justamente, dialogar e refletir sobre elas. Educação na ponta da língua vem ao encontro desse propósito. Queremos chegar a mais educadoras(es) e ampliar o debate sobre educação. Temas importantes devem ser abordados de diferentes formas, em diferentes veículos, para que a discussão chegue a um número maior de pessoas. Com mais conhecimento e debate, se faz uma educação mais democrática. Isso é primordial.”
Fernanda Ribeiro
Todos os episódios estarão disponíveis nas plataformas de streaming Spotify, Deezer, Google Cast, iTunes e Amazon Music.
Saiba mais sobre as participantes deste episódio:
Adriana Pesca (Hitxá Pataxó) é licenciada em História pela e graduada em Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), na turma pioneira nas licenciaturas interculturais da Bahia. Fez mestrado em Ensino e Relações Étnico-raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER/ UFSB) e é especialista em História da Cultura Afro-brasileira e africana pela Faculdade Santo Agostinho (FACSA). Pesquisa autoria indígena e processos de escrita-resistência indígena por meio da literatura e produção científica.
Silvania Francisca de Jesus é graduada em Letras Português/Inglês, mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutoranda no programa Diversitas/FFLCH-USP. Leciona na rede municipal e estadual de São Paulo como professora e atualmente como coordenadora no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Perus, no município de São Paulo. É também contadora de histórias e pesquisadora de diferentes culturas. Atua como educadora Griô resgatando a ancestralidade indígena e africana.
A apresentadora Gina Vieira Ponte atuou como professora da educação básica na Secretaria de Educação do Distrito Federal por mais de 30 anos. É graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília, mestra em Linguística pela Universidade de Brasília, especialista em EAD, em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar e em Letramentos e Práticas Interdisciplinares nos Anos Finais. É autora do projeto Mulheres Inspiradoras, agraciada com 15 prêmios – entre eles, o I Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos.
Confira a live sobre infâncias, educação e culturas indígenas
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