Na Ponta do Lápis: especial sobre educação étnico-racial

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Na Ponta do Lápis: especial sobre educação étnico-racial

Nova edição da revista do Programa Escrevendo o Futuro traz entrevista com o escritor Jeferson Tenório, artigo da educadora Bel Santos Mayer e poema de Nei Lopes

“Percebi muito rapidamente que contar histórias em sala de aula era uma questão de sobrevivência para você conseguir ser escutado pelos alunos”. Quem conta essa dica é o escritor Jeferson Tenório na entrevista que abre a 39a edição da revista Na Ponta do Lápis

Ganhador do prêmio Jabuti de Literatura em 2021 com a obra O avesso da pele, Jeferson leva 20 anos como professor de Língua Portuguesa. Foi, aliás, um professor seu que o inspirou a trabalhar com literatura: 

Quando vi a possibilidade de ser professor, muito me espelhando no Jorge Fróes, na paixão dele ao falar de literatura, pensei: ‘Puxa, ele está ganhando para falar de livros com as pessoas. É isso que quero fazer’.”

Jeferson Tenório

Ao longo das sete páginas de entrevista, o autor fala sobre a sua trajetória, que inclui as dificuldades para concluir os estudos, o despertar para a literatura, seu processo criativo e sua luta para levar autoras(es) negras(os) para a sala de aula. 

Ele também conta como se inspirou nos relatos e casos que ouviu e viu ao frequentar as salas de aula de periferia para criar suas histórias e o que une as suas três obras:

Foto: reprodução

acho que tem a ver com a linguagem que escolhi. É uma linguagem fluente, sem barreiras linguísticas. Mesmo o Avesso tendo uma estrutura mais complexa, ainda assim ele é um livro fluente. Não tenho ali grandes inversões sintáticas, nem um vocabulário erudito. Isso é uma escolha. Eu sempre acreditei que a literatura tem o papel de formar leitores e não oferecer dificuldade linguística é um modo de você formar leitores.

Jeferson Tenório

Acesse a revista e leia a entrevista completa


Edição dedicada às questões étnico-raciais

A revista Na Ponta do Lápis é publicada há 17 anos pelo Programa Escrevendo o Futuro. Nesta 39a edição, além de trazer um projeto gráfico novo, a publicação traz todo o seu conteúdo voltado às questões étnico-raciais na educação. 

Em Página Literária, o poema “História para ninar Cassul-Buanga”, de Nei Lopes, narra a diáspora africana e também seu futuro feito de sonho bonito. Já na seção “Óculos de Leitura”, Maria Nilda de Carvalho Mota (Dinha), que é poeta, editora e pesquisadora, traça um paralelo entre o texto de Nei Lopes e o “Poema do futuro cidadão”, do moçambicano José Craveirinha. Entre aproximações biográficas e estéticas, ela nos mostra como as poéticas dos dois autores se encontram na certeza da esperança de dias mais bonitos para as negras e negros do Brasil e da África.

Na sala de aula

Há ainda um artigo da educadora social Bel Santos Mayer, em que ela trata das(os) jovens que descobrem a literatura por meio das bibliotecas comunitárias de periferia e nos provoca a pensar sobre quantas(os) autoras(es) negras(os) fazem parte das nossas referências culturais

Já a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Iracema Santos do Nascimento discorre sobre como o racismo estrutural causou impactos na educação durante a pandemia e no retorno ao ensino presencial. Ela mostra como a indisciplina, a evasão e a violência se relacionam com o racismo estrutural e a pobreza, e também aponta alguns caminhos possíveis, relatando as histórias de professoras e professores que desenvolvem projetos para a sala de aula por meio da escuta atenta, do diálogo e de um currículo vivo.

Leia a entrevista do Portal Cenpec com Iracema sobre racismo estrutural na escola e a importância de uma educação antirracista


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