Nota pública contra quebra de cartaz no Congresso

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Nota pública contra quebra de cartaz no Congresso

Pacto pela Democracia divulga documento contra ato de deputado que quebrou placa com cartaz de cartunista. CENPEC Educação assina a nota

A quebra de uma placa que integrava a exposição (Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras na última terça-feira (19) pelo deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) causou polêmica no Congresso Nacional, onde a exposição acontece até 18/12 – e estimulou a divulgação de uma nota de repúdio pelo Pacto pela Democracia. O CENPEC Educação é uma das mais de 50 organizações que assinam o documento.

A placa trazia uma charge assinada pelo cartunista Latuff, reproduzida a seguir, que mostrava um policial com uma arma se afastando depois de atirar em um jovem negro algemado e usando uma camiseta com a bandeira brasileira.

Embaixo, a peça trazia os dizeres “O genocídio da população negra” e uma explicação com dados do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) sobre mortes de jovens negros.

Charge assinada pelo cartunista Latuff, que mostra um policial com uma arma se afastando depois de atirar em um jovem negro algemado e e usando uma camiseta com a bandeira brasileira
Clique para ampliar. Imagem: Reprodução.

As reações no Congresso Nacional foram de pronunciamentos na tribuna a denúncias na Polícia Legislativa, registradas por parlamentares oposicionistas, como Taliria Petrone (PSOL-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ), Aurea Carolina (PSOL-MG) e David Miranda (PSOL-RJ).

Em entrevista ao site Congresso em Foco, o deputado Coronel Tadeu afirmou que não teme repressão no Conselho de Ética da Câmara e não vê depredação de patrimônio público em seu ato.

“Eu sou um policial de segurança (…) e não posso permitir uma agressão desta ordem à uma instituição que trabalha 24h por dia para a sociedade. Nós estamos tendo uma exposição sobre o racismo dentro da Câmara dos Deputados (…), mas um cartaz, apenas um cartaz dessa exposição era ofensivo, agressivo aos policiais”, declarou Tadeu ao site.

Para o Pacto pela Democracia, no entanto, o atoé repudiável e completamente inaceitável”, já que as vítimas da violência policial “são, sobretudo, jovens negros e periféricos”.

O documento chama a atenção para o fato de a quebra ter acontecido na terça-feira, véspera do Dia da Consciência Negra e logo após uma perícia ter concluído que a menina Ágatha, então com oito anos de idade, foi morta no Rio de Janeiro por um tiro disparado por um policial militar.

“Não importa a época do ano, é importante ressaltar que todo e qualquer ato de racismo e violência deve ser condenado e denunciado amplamente pela sociedade”, diz o documento.

Sabemos que manifestações desse tipo têm raízes profundas no passado escravista desse País, cujos efeitos insistem em permanecer no imaginário social e nas estruturas de nossas instituições. Sem o enfrentamento veemente do racismo, a sociedade brasileira continuará falhando sistematicamente em garantir o acesso à plena cidadania a todo o conjunto de seus cidadãos e cidadãs.”

Pacto pela Democracia

No dia 20, parlamentares e ativistas colaram cartazes que reproduziam a charge, e a placa quebrada foi reposta no lugar. Confira a reportagem.


Leia a nota na íntegra.

Organizações repudiam ato violento contra exposição antirracista na Câmara dos Deputados

É repudiável e completamente inaceitável o fato ocorrido ontem, dia 19 de novembro, em que o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou uma charge que denuncia a violência policial, em que as vítimas são, sobretudo, jovens negros e periféricos, presente na exposição (Re)existir no Brasil na Câmara dos Deputados.

Esse fato se torna ainda mais revoltante e rechaçável por acontecer na véspera do Dia da Consciência Negra, quando a perícia concluiu que a bala que matou Ágatha de 8 anos, no Rio de Janeiro, foi disparada por um PM e durante uma exibição que rememora e exalta a resistência do povo negro no Brasil e denuncia as múltiplas formas de violência cotidiana a que a população negra está submetida em todo o país.

Não importa a época do ano, é importante ressaltar que todo e qualquer ato de racismo e violência deve ser condenado e denunciado amplamente pela sociedade. Sabemos que manifestações desse tipo têm raízes profundas no passado escravista desse país, cujos efeitos insistem em permanecer no imaginário social e nas estruturas de nossas instituições.

Sem o enfrentamento veemente do racismo, a sociedade brasileira continuará falhando sistematicamente em garantir o acesso à plena cidadania a todo o conjunto de seus cidadãos e cidadãs, se distanciando cada vez mais da construção de uma verdadeira participação democrática que permita e garanta o usufruto de garantias constitucionais a que todas e todos têm direito.

Assinam esta nota:

  1. GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra
  2. Uneafro
  3. Educafro
  4. Iniciativa Negra por Uma Nova Politica sobre Drogas
  5. 342Artes
  6. ABONG
  7. Ação Educativa
  8. Acredito
  9. Agora É Com A Gente
  10. Artigo 19
  11. Atados
  12. Bancada Ativista
  13. Casa Fluminense
  14. CEDAPS
  15. CENPEC
  16. Cidade Escola Aprendiz
  17. Conectas Direitos Humanos
  18. CLP – Centro de Liderança Pública
  19. Delibera Brasil
  20. Fundação Avina
  21. Fundação Tide Setúbal
  22. Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero
  23. Goianas na Urna
  24. IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa
  25. IGA – Instituto de Governo Aberto
  26. Imargem
  27. INESC
  28. Instituto Alana
  29. Instituto Alziras
  30. Instituto Cidades Sustentáveis
  31. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
  32. Instituto Fernand Braudel
  33. Instituto Physis – Cultura & Ambiente
  34. Instituto Update
  35. Instituto Vladimir Herzog
  36. ISA – Instituto Socioambiental
  37. Jogo da Política
  38. Mapa Educação
  39. Muitas
  40. Ocupa Política
  41. Open Knowledge Brasil
  42. Oxfam Brasil
  43. Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político
  44. Política Viva
  45. Rede Conhecimento Social
  46. Rede Feminista de Juristas
  47. Rede Justiça Criminal
  48. Rubens Naves Santos Jr Advogados
  49. Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais
  50. SINTET – UFU Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia
  51. Transparência Capixaba
  52. Viva Lagoinha

Confira a nota no site do Pacto pela Democracia

Saiba mais sobre a exposição (Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras