“Inaceitável”. É assim que uma nota pública publicada na última quarta-feira (25) pelo Pacto pela Democracia avalia os posicionamentos adotados nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro quanto à pandemia de Covid-19, doença causada pelo Sars-CoV-2, o novo coronavírus.
Em tom indignado, a nota, até o momento assinada por mais de
70 entidades, organizações e movimentos sociais, critica a decisão do
presidente de não seguir as recomendações mais atualizadas de cientistas e apoiadas
pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A postura do presidente Jair Bolsonaro frente à pandemia da
Covid-19 é inconsequente e inaceitável (…). Para além de ignorar suas
recomendações incabíveis, exortamos todos os setores e instituições
democráticas da sociedade brasileira, particularmente o Supremo Tribunal
Federal e o Congresso Nacional, brasileiros e brasileiras e toda a comunidade
internacional a repudiar de maneira veemente a conduta irresponsável”, diz o
documento.
Diante da trágica eclosão da pandemia do coronavírus, que, no momento de fechamento desta nota, já havia infectado 435.400 pessoas e levado à morte de 20 mil pessoas nos cinco continentes do planeta (…), em vez de honrar a responsabilidade de liderar o País neste momento crítico, o chefe do Executivo optou por desprezar a ciência, as recomendações dos órgãos internacionais de saúde e das autoridades sanitárias de seu próprio governo, colocando em risco a vida de milhões de brasileiros e prejudicando o esforço de países em todo o mundo no enfrentamento da pandemia da Covid-19.”
Pacto pela Democracia
A nota ainda critica o presidente pelo que avalia como descompromisso com o bem-estar da população, tentativa de desacreditar iniciativas tomadas por governos estaduais e municipais e ausência de empatia frente à gravidade da situação.
“O único caminho para atravessarmos a atual crise de forma digna e democrática reside na união de todos os atores sociais e políticos comprometidos com o bem-estar coletivo, o interesse público e os inegociáveis valores de humanidade e solidariedade”, conclui o texto, que é assinado pelo CENPEC Educação e também está disponível em inglês.
Nesta última quinta-feira (26), a OMS alertou para a aceleração da pandemia no mundo, que, segundo os últimos levantamentos, ultrapassou a marca de 500 mil casos, com mais de 22 mil óbitos e mais de 120 mil recuperados.
Leia o texto na íntegra.
Inconsequente e inaceitável
Vimos a público externar nossa indignação frente às ações do presidente
da República, Jair Bolsonaro, que, mesmo em um contexto de tamanha gravidade e
calamidade pública, continua a atuar de forma contrária aos limites razoáveis
do regramento democrático e do decoro do cargo. Testemunhamos ao longo dos
últimos meses dezenas de episódios que atestam sua sanha autoritária e
aspiração de governar sem o contraponto e a cooperação do Parlamento, do
sistema de justiça, da imprensa livre e da sociedade civil organizada.
Diante da trágica eclosão da pandemia do coronavírus, que no momento de
fechamento desta nota já havia infectado 435.400 pessoas e levado à morte de 20
mil pessoas nos cinco continentes do planeta, Bolsonaro explicita sua faceta
mais inconsequente e desumana. Em vez de honrar a responsabilidade de liderar o
país neste momento crítico, o chefe do Executivo optou por desprezar a ciência,
as recomendações dos órgãos internacionais de saúde e das autoridades
sanitárias de seu próprio governo, colocando em risco a vida de milhões de
brasileiros e prejudicando o esforço de países em todo o mundo no enfrentamento
da pandemia da Covid-19.
A cada novo pronunciamento, Bolsonaro evidencia seu descompromisso com a
preservação da vida da população brasileira, buscando inclusive desacreditar as
iniciativas tomadas pelos governos estaduais e municipais que, sem uma
liderança nacional confiável, buscam responder a esta crise sem precedentes na
história recente da humanidade. Ele afronta e busca destruir os pilares mais
elementares da convivência em sociedade: o respeito e a solidariedade humana.
A postura do presidente Jair Bolsonaro frente à pandemia da Covid-19 é
inconsequente e inaceitável. Seu pronunciamento na noite de 24 de março atesta
sem margem para dúvidas sua incompatibilidade com o cargo que ocupa, desprovido
de premissas básicas de humanidade, empatia, e incapaz de produzir cooperação e
honrar o compromisso de promover o bem-estar dos seus concidadãos e concidadãs.
Para além de ignorar suas recomendações incabíveis, exortamos todos os
setores e instituições democráticas da sociedade brasileira, particularmente o
Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, brasileiros e brasileiras e
toda a comunidade internacional a repudiar de maneira veemente a conduta
irresponsável do Presidente da República Federativa do Brasil que, em vez de
liderar o país, optou por trilhar o caminho da ignorância e da barbaridade.
Reivindicamos que o Ministério da Saúde, o Congresso Nacional, os
Governos Estaduais e Municipais mantenham as orientações de isolamento social,
canalizem todos os recursos para a prevenção e enfrentamento da Covid-19,
priorizando os setores mais vulneráveis da sociedade e garantindo recursos para
que possamos zelar pela sobrevivência daqueles que enfrentam os efeitos mais
perversos desta crise. Nada é mais importante do que a preservação de nossas
vidas neste momento, sem distinção.
A despeito da insanidade e irresponsabilidade do presidente da
República, o único caminho para atravessarmos a atual crise de forma digna e
democrática reside na união de todos os atores sociais e políticos
comprometidos com o bem-estar coletivo, o interesse público e os inegociáveis
valores de humanidade e solidariedade.
Assinam:
- Ação Educativa
- ABI – Associação Brasileira de Imprensa
- Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns
- Acredito
- ACT – Promoção da Saúde
- Agenda Pública
- ARTIGO 19
- Associação da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
- Atados
- BrCidades
- Casa Fluminense
- CEDAPS – Centro de Promoção da Saúde
- CENPEC Educação
- Cidade Escola Aprendiz
- Coletivo Imargem
- Conectas Direitos Humanos
- Delibera Brasil
- Departamento Jurídico XI de Agosto
- Engajamundo
- Escola de Ativismo
- Frente Favela Brasil
- Fórum Brasileiro de Economia Solidária
- Fundação Avina
- Fundação Tide Setubal
- Geledés – Instituto da Mulher Negra
- Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero
- Goianas na Urna
- Greenpeace Brasil
- Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030
- Habitat para a Humanidade Brasil
- Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
- Instituto Alana
- Instituto Braudel
- IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa
- IDS – Instituto Democracia e Sustentabilidade
- INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos
- Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
- Instituto IDhES
- Instituto Nossa Ilhéus
- Instituto Physis – Cultura & Ambiente
- ISA – Instituto Socioambiental
- Instituto Update
- Instituto Vladimir Herzog
- Judeus pela Democracia
- Labhacker
- Move Social
- Movimento Boa Praça
- MMDA – Movimento Mineiro pelos Direitos Animais
- Movimento Nossa BH
- Pacto Organizações Regenerativas
- Peabiru
- Política Viva
- ponteAponte
- Programa Cidades Sustentáveis
- Projeto Saúde e Alegria
- ONDAS – Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento
- Ocupa Política
- Oxfam Brasil
- Rede Brasileira de Renda Básica
- Rede Conhecimento Social
- Rede Justiça Criminal
- Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS
- Rede Nossa São Paulo
- Repórteres Sem Fronteiras
- Tapera Taperá
- Think Olga
- Transparência Brasil
- Transparência Capixaba
- UNE – União Nacional dos Estudantes
- Virada Política
- Vote Nelas
- 342 Artes
Acesse a nota pública no site do Pacto pela Democracia
⇒ Leia mais reportagens sobre a Covid-19 no Portal CENPEC Educação.