Podcast: Recomposição de aprendizagem nos anos finais do ensino fundamental

Por Stephanie Kim Abe

Assim como as demais etapas de ensino, a aprendizagem das(os) estudantes dos anos finais do ensino fundamental foi impactada pelos anos de pandemia. 

Mas há duas questões que talvez agravem os desafios que professoras(es) enfrentam com o ensino fundamental II. A primeira é que eles ultrapassam o momento atual, sendo históricos e que envolvem desde a questão da etapa de desenvolvimento dessas(es) estudantes (que estão ali na fase da pré-adolescência) até a falta de conexão e apoio nessa transição entre fundamental I e II. 

A segunda questão é o fato de que pouco se olha para essa etapa do ensino, com poucas políticas voltadas especificamente para essas(es) estudantes. 

Diante desse cenário desafiador, como educadoras e educadores podem ajudar a enfrentar as desigualdades educacionais nos anos finais do ensino fundamental? E quais caminhos e estratégias podemos adotar para fortalecer a recomposição das aprendizagens nessa etapa? 

Quem traz insights para essas perguntas são as pedagogas Eliana Rodriguez Moreno e Telma Almeida Barreto, em uma conversa descontraída no quinto episódio do podcast Educação na ponta da língua. Elas falam das particularidades desta etapa, como vistas a partir de quem está na escola, e também em formas de pensar práticas pedagógicas e se relacionar com as(os) estudantes e famílias dos anos finais. 

O vínculo é importantíssimo para a aprendizagem, porque quanto mais eu confio, mais eu acredito no que você está me ensinando, e mais eu me esforço para lhe agradar. Então esse vínculo é necessário, e dentro dos anos finais isso se quebra muito. E a impressão que eu tenho é que a gente recebe as crianças do quinto ano, que chegam no sexto, como se eles já soubessem que a escola nos anos finais têm 10 professores, 20 minutos só de intervalo… a impressão é que eles já vêm preparados, mas eles não vêm“, diz Telma.

Telma Almeida Barreto, pedagoga

“Eu penso que uma parte do prejuízo que acontece no ensino fundamental tem a ver muito com essa própria estrutura dos tempos e espaços escolares e do tempo do professor”, explica Eliana.

Ela ainda dá muitas dicas, como: 

Como propor práticas que o aluno se sinta mais protagonista, que tenha assuntos que sejam de fato do interesse dele, que ele realmente se engaje com o que a escola propõe? (…) Precisamos lançar mão dessas estratégias que faz com que o aluno escreva não para o professor, mas que ele escreva para publicar numa rede social, num blog da escola… pensar em estratégias que o aluno se sinta motivado a fazer a atividade, interagir com os seus colegas, e pensar o quanto o espaço escolar dialoga com isso”. 

Eliana Rodriguez Moreno, pedagoga

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Entenda por que os anos finais do ensino fundamental merecem mais atenção

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Saiba mais sobre as pessoas participantes deste episódio

Eliana Rodriguez Moreno é pedagoga formada pela Universidade Metodista de São Paulo e mestre em educação pela Unicamp. Atuou como orientadora pedagógica na Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo (SP), onde também implementou o Programa Educar Mais – escolas de tempo integral. Participa de diversos grupos de pesquisas em educação, entre eles o Grupo de Estudos Alfabetização em Diálogo (Grupad), vinculado à Unicamp.

Telma Almeida Barreto é formada em pedagogia na Universidade Estadual de Feira de Santana (BA) e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional, Coordenação Pedagógica e Serviço de Atendimento Educacional Especializado para estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo. Ao longo de 25 anos, foi professora dos anos iniciais e finais no município de Conceição do 80Jacuípe (BA), e desde 2015 atua como coordenadora pedagógica na rede municipal de Camaçari (BA).

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O podcast Educação na ponta da língua  é um bate-papo de educadora(or) para educadora(or) sobre temas relevantes da educação brasileira. As(Os) convidadas(os) são professoras(es) e especialistas engajadas(os) com o dia a dia da escola pública. Além de refletir e informar, o programa apresenta experiências inspiradoras que comprovam o potencial transformador das escolas por todo o país.

O primeiro episódio do podcast tratou sobre educação escolar indígena; o segundo, sobre os desafios de letramento e alfabetização; e o terceiro sobre relações e convivência na escola; e o quarto sobre línguas e literatura indígena no ambiente escolar.

Apresentado pela professora Gina Vieira, o podcast é uma iniciativa do Cenpec, em parceria com o programa Escrevendo o Futuro, apoiado pelo Itaú Social.

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