Aproximação do universo cultural indígena pela dança e pela música.
Vídeos de danças indígenas.
Mapa político do Brasil.
Giz coloridos e pincéis atômicos.
Papel jornal.
Chocalhos e adereços indígenas, como colares de sementes, brincos de penas de ave, cocares.
Pintura de rosto.
Entender a dança e a música como linguagens da arte que expressam a cultura, modo de ver e de pensar o mundo.
Contextualizar as manifestações artísticas como produtos culturais de um povo e de uma época; respeitar etnias e culturas diferentes; utilizar a dança e a música como formas de expressão de desejos, sonhos e ideias.
Crianças e adolescentes
Qualquer espaço livre onde se possa projetar vídeo e dançar
1 encontro de cerca de 90 min.
Início de conversa
A dança e a música são linguagens da arte que sempre estiveram presentes na vida humana, desde tempos remotos, fazendo parte do dia a dia das populações.
Nas sociedades tribais antigas e contemporâneas, não existe o conceito de “talento” ou “dom”; todos participam das cerimônias, dançando e cantando.
Já na nossa sociedade, o incentivo ao consumo e o fortalecimento da indústria cultural (veja ao final da oficina) têm deixado nas pessoas a ideia de que somente os artistas podem tocar, dançar e cantar.
Desse modo, elas se retraem e a possibilidade de se aproximar da arte como participantes fica cada vez mais remota. Assim, em vez de fazer arte, passam a ser apenas consumidoras de arte. Todos podem ter prazer em fazer música e dança, não como artistas, mas como cidadãos que participam da vida.
Além disso, a imersão no universo da música e da dança permite que as pessoas se conheçam melhor, aprofundem suas experiências de escuta, se reconheçam como pessoas singulares, convivam com a diversidade, tenham acesso à produção cultural de seu meio, de seu país e de outros lugares. Essa ampliação do universo cultural é essencial para o desenvolvimento humano.
Na prática
Sugestão de encaminhamento
Na roda inicial, pergunte como comemoram as coisas boas da vida: quando o time do coração marca um gol, como se manifestam? Gritando Goooool…, cantando o hino do time? E quando um amigo ou familiar faz aniversário? Cantando parabéns e partilhando um bolo? E o carnaval? Quem comemora, frequenta bailes ou sai em blocos pela rua, acompanhados de uma pequena banda, não? Já foram a casamentos com festa? Como era? Repararam que a dança e a música estão sempre presentes nessas celebrações?
A dança e a música são linguagens da arte, usadas como expressão de sentimentos e pensamentos relacionados às circunstâncias da vida.
A arte nunca esteve separada da vida, sempre fez parte do cotidiano das pessoas. Nas sociedades antigas, as manifestações artísticas tinham funções bem definidas: pedir algo às divindades, agradecer uma graça, receber um bebê que chega ao mundo, ou auxiliar o morto em sua viagem para outros mundos. Nelas, tais atividades são consideradas sagradas, constituem o elo entre o homem e a divindade.
A arte foi adquirindo outras funções no decorrer da história da humanidade, mas essa forte relação com a natureza e a divindade podem ser vistas ainda hoje em sociedades tribais não letradas, contemporâneas, como nas aldeias indígenas brasileiras, por exemplo. Convide-os a “viajar” um pouco por algumas tribos indígenas brasileiras, por meio de apresentações de rituais que incluem a dança e a música. Diga-lhes que vai projetar pequenos vídeos com algumas celebrações de alguns povos indígenas de diferentes regiões do Brasil.
E se? Se não houver recursos para projetar os vídeos, na sua ONG/escola, procure parcerias na comunidade: na biblioteca, na escola próxima, na igreja ou com a família de uma das crianças ou dos adolescentes do grupo.
Antes de cada projeção, contextualize a etnia indígena apresentada: quem são seus integrantes, onde habitam, quantos são hoje em dia (veja nos sites indicados). Mostre a localização geográfica das tribos, no mapa do Brasil, circulando-a com giz colorido, uma cor para cada etnia, para que tenham a noção de que são diferentes, apesar das aparentes semelhanças, desconstruindo a ideia estereotipada que se tem dos índios. Projete os vídeos:
4. “Fogo Sagrado” – dança realizada por várias tribos indígenas brasileiras. O ritual consiste em dançar ao redor do fogo – importante força da natureza
O ritual apresentado no vídeo a ser projetado refere-se à abertura da primeira edição dosJogos dos Povos Indígenas, realizados em 1996. Neste ano, 2011, acontecerá a 11ª edição desses jogos, na cidade de Porto Real, estado de Tocantins. Fale um pouco da história dos Jogos Indígenas: como começaram, seus objetivos, lugares que já os sediaram.
Projete pelo menos mais uma vez cada vídeo para apurarem o olhar sobre os detalhes. Peça para prestarem bastante atenção nos cantos e danças de cada ritual, pois irão criar um, posteriormente. Após as projeções, é hora de falarem sobre o que chamou a sua atenção nas diferentes celebrações, qual acharam mais bonita, como interpretaram o significado de cada uma delas.
A seguir, proponha que, em grupos, conversem, para criar um ritual de dança e música indígena, a partir do que observaram, escolhendo um acontecimento para comemorar: nascimento de um indiozinho, casamento, pedido de chuva, comunicação com outra tribo etc. Não devem se esquecer de dar um nome para sua tribo e para o ritual e usar os chocalhos e os adereços disponíveis. Após um tempo para a tomada de decisões e para a criação, cada grupo é convidado a apresentar sua produção para todos, explicando o ritual.
Hora de avaliar
Terminadas as apresentações, todos se sentam em círculo, para falar da atividade: o que aprenderam de novo sobre as tribos indígenas? Sabiam que os índios têm blogs e sites na internet? Que têm representantes que lutam pela causa indígena, junto ao poder público? O que acham disso? Enquanto conversam, relacione essas aprendizagens num cartaz que ficará afixado na parede da sala, por algum tempo.
Para ampliar
As crianças e os adolescentes poderão entrar em blogs e sites indígenas disponíveis para conhecer e interagir com índios e não índios sobre as principais questões que os afetam.
O grupo poderá também pesquisar músicas e rituais de outras culturas desconhecidas deles e sobre as quais tenham curiosidade.
Se houver concentração de migrantes de algum outro lugar do país ou de outros países na região de sua ONG/escola, poderão promover, com a ajuda de adultos e em parceria com professores/educadores de Arte, de ambas instituições, um estudo sobre essas culturas / etnias, culminando com uma mostra de suas danças e músicas mais expressivas, em local público, para apreciação de todos os moradores do território.
Indústria cultural
Segundo os criadores do conceito “indústria cultural”, os filósofos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros da Escola de Frankfurt, a indústria cultural converte a cultura em mercadoria, ao usar os meios de comunicação para disseminar as ideias dominantes no sistema capitalista.
Desta forma, cria-se a cultura de massa, homogênea, muitas vezes pasteurizada e sem senso crítico, a que as pessoas têm acesso pelos grandes meios de comunicação e de entretenimento, como rádio, cinema, televisão e teatro.
Absorvem, inclusive, as manifestações culturais genuinamente populares e críticas, podendo esvaziá-las de seu sentido e desvalorizá-las, ao reproduzi-las, descontextualizadamente, da sua origem, que é o que lhes dá significado.
No entanto, felizmente, encontramos também um movimento na direção contrária, de resistência a esse estado de coisas, com iniciativas que vão na direção da valorização de expressões culturais de diferentes grupos sociais, por meio da criação de meios de comunicação para sua divulgação.
Isso acontece, por exemplo, com as rádios comunitárias e os recentes pontos de cultura, implementados e alimentados por grupos comunitários, como política pública cultural.
Essas iniciativas permitem veicular a arte produzida por grupos culturais diversos e, com ela, a sua visão de mundo.
Diante dessas considerações, nós, educadores, temos uma grande responsabilidade frente às novas gerações, que é a de promovermos o desenvolvimento de sua consciência crítica, preparando-as para entrar em contato com os fenômenos da indústria cultural, extraindo o que de melhor há nela.
E ajudá-los a não receber e assimilar com passividade o que é oferecido pelos meios de comunicação, mas escolher os conteúdos culturais com autonomia e crítica.
Sobre este tema, indicamos a leitura da matéria publicada no Portal Amazônia: “Fantasias indígenas no carnaval: pode ou não pode? Debate sobre apropriação cultura e racismo tomou conta das redes sociais”.
Referência
FONTERRADA, Marisa T. de O. Música e movimento. São Paulo: Cenpec; Febem-SP; SEE-SP, 2002 (Educação e Cidadania, 13).
COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 2006 (Coleção primeiros passos).
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