Reflexão sobre o consumo consciente, a coleta seletiva e o reaproveitamento de alimentos
Para encontros presenciais ou remotos*: Computadores, notebooks, tablets ou celulares com acesso à internet, bloco de anotações; folhas de papel pardo um saco com 1 kg de feijão.
Desenvolver atitudes compatíveis com o consumo consciente.
Discutir critérios para o consumo responsável; entender as consequências do consumo exagerado sobre o ambiente; aprender a reaproveitar alimento.
Crianças e adolescentes.
Sala de aula, sala de atividades, biblioteca, centro cultural, ou ambiente on-line.
2 encontros de 1h30min cada.
Início de conversa
De 1992 a 2012, o Ministério do Meio Ambiente realizou a pesquisa “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”. O objetivo era investigar o que os(as) brasileiros(as) consideram problema ambiental no país e no mundo, quais seus hábitos de consumo e o que pensam da atuação dos órgãos governamentais e das empresas em relação à preservação do ambiente.
Na pesquisa de 2012, alguns resultados foram surpreendentes, evidenciando evolução significativa na consciência ambiental dos brasileiros. O indicador mais relevante dessa transformação está no número de pessoas que, na primeira pesquisa, há 20 anos, não sabiam mencionar sequer um problema ambiental em sua cidade ou em seu bairro. Este número diminuiu para 10% este ano, em relação aos 46% de 1992.
A pesquisa mostra que conceitos como desenvolvimento sustentável, consumo sustentável e biodiversidade já fazem parte do repertório de quase metade da população brasileira (47%). E que esse percentual tende a aumentar à medida que a mídia dê mais espaço ao tema, traduzindo para o dia a dia a aplicação desses conceitos. Segundo os dados coletados, cada vez mais brasileiros(as) são capazes de identificar problemas ambientais e atribuir importância ao seu enfrentamento.
No entanto, apenas 25% demonstraram conhecimento mais aprofundado sobre assuntos relacionados ao meio ambiente, escolhendo para definir o conceito de desenvolvimento sustentável a opção:
“cuidar do meio ambiente, das pessoas e da economia do país ao mesmo tempo”, com base em três pilares – social, ambiental e econômico –, como defende a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). A maioria (69%) relacionou desenvolvimento sustentável à não destruição dos recursos naturais, o que é apenas parte do problema.
Houve algum progresso no entendimento do conceito de meio ambiente, concebido como menos naturalista, ou seja, menos identificado apenas com a fauna e a flora; os(as) brasileiros(as) se sentem parte da biodiversidade. Praticamente 100% da população considera importante o cuidado e a proteção do meio ambiente, destacando que esse cuidado é necessário à nossa sobrevivência e a um futuro melhor para a humanidade.
Na prática, a população brasileira ainda apresenta hábitos predatórios ao meio ambiente e à sua própria qualidade de vida, manifestando atitudes inadequadas, principalmente no que se refere ao descarte de pilhas, baterias e lixo eletrônico.
Em comparação à pesquisa de 1992, a disposição para separar o lixo vem aumentando significativamente. Em 2001 era de 68%; em 2006, 78%; e, em 2012, é de 86%, embora, na prática, 52% ainda não separe. Dois terços dos brasileiros não sabem o que significa consumo sustentável e 34% disseram ter ouvido falar; 3% apontou, equivocadamente, que consumo sustentável é “comprar produtos mais baratos”.
Os avanços observados nessa pesquisa são bem-vindos, mas a consciência sobre sustentabilidade é bem precária. Ainda há um longo caminho a percorrer porque só a pressão da população sobre o poder legislativo e o poder executivo pode mudar o rumo das coisas. Da mesma forma, só pessoas bem informadas e conscientes conseguem se organizar para exercer pressão e controle social a favor da preservação ambiental, além de assumirem, individualmente, hábitos de sustentabilidade.
Converse, em roda, sobre os hábitos alimentares cotidianos das famílias, pensando no café da manhã (café, leite, pão e manteiga?), no almoço e no jantar (arroz, feijão, carne, ovo, verdura, legume?) e no lanchinho dos intervalos das refeições (fruta, bolo ou biscoito?).
Organize, num cartaz ou numa apresentação virtual, uma lista com os itens que entram no consumo diário da maioria. Pergunte se sabem quanto cada família consome de cada item por mês, e o que fazem com os restos de comida do dia a dia. Anote as respostas num(a) outro(a) cartaz ou apresentação. Provavelmente, muitos não saberão responder.
Proponha uma pesquisa, em que investiguem com a mãe ou com quem cuida da alimentação da família qual o consumo de alimentos, durante o período de um mês, e o que é feito com os restos dos alimentos, diariamente. Marque uma data para que tragam os resultados para compartilhar.
2º encontro: Conversando sobre os dados pesquisados
No dia marcado, abra a roda e dê a palavra para cada um(a) falar sobre as informações que trouxe. Retome o(a) cartaz/apresentação com a lista dos alimentos consumidos no dia a dia e registre, item por item, a quantidade mensal que cada família consome de arroz, de feijão, de leite etc.
Terminado o levantamento, some as quantidades e registre o total por item. Pergunte se eles têm ideia do quanto representa essa quantidade. Mostre um saco com 1 kg de feijão para perceberem:
Quantos daqueles são necessários para alimentar esse grupo por um mês, só com feijão?
E para alimentar todos os moradores do bairro? E os da cidade? E os do país?
Sabem que o Brasil tem 190.755.799 habitantes, segundo último censo demográfico do IBGE, de 2010? E para alimentar o mundo todo, que já tem 7,674 bilhões de pessoas, segundo o Banco Mundial em 2019?
Por isso, é importante que todos os seres humanos cuidem para que não haja desperdício de alimentos, toda a alimentação produzida seja bem aproveitada e nosso planeta não seja depredado para produzir coisas supérfluas, e sim o que é essencial para sustentar a vida de todas as pessoas.
O sistema produtivo da sociedade capitalista em que vivemos estimula o acúmulo, o consumo exagerado das pessoas e, com isso, provoca o desperdício. Para que as pessoas comprem determinados produtos, os meios de comunicação, mantidos pelas empresas que produzem esses produtos, fazem propaganda deles, estimulando o consumo. Muitas vezes, esses produtos são absolutamente desnecessários, mas despertam nas pessoas desejos de ter, de possuir e, por isso, elas acabam consumindo, sem pensar nas consequências. Precisamos ficar alertas!
Diga que assistirão a alguns vídeos curtinhos e engraçados que falam sobre o consumo exagerado, o que ele provoca e a necessidade de desenvolvermos atitudes de consumo consciente.
Assista com eles(elas) três deliciosos vídeos (episódios 1, 2 e 3) da série Consciente coletivo, do Instituto Akatu. O Instituto Akatu (palavra que quer dizer “semente boa e mundo melhor”, na língua tupi) trabalha em prol do consumo consciente. Cada episódio tem a duração de 2min e aborda situações de consumo exagerado e de devastação da natureza.
Projete também o vídeo sobre desperdício de alimentos, do Repórter Eco, que traz uma pequena entrevista com Helio Mattar, do Akatu, sobre o tema. Nessa entrevista, ele faz uma surpreendente afirmação: 60% do lixo urbano é composto de restos de alimentos.
Após a projeção, é importante discutir o conteúdo dos vídeos e o que eles sugerem para nós, relacionando as ideias principais num cartaz ou numa apresentação virtual. Coloque esse cartaz ao lado dos outros, feitos anteriormente.
Passando para a outra parte da pesquisa, faça uma rodada para que contem qual o destino que as famílias dão aos resíduos domésticos dos alimentos e de suas embalagens:
Jogam tudo no mesmo lixo?
Fazem coleta seletiva?
Reaproveitam sobras?
E se? Se aparecer o reaproveitamento de sobras de alimentos pelas famílias, destaque essa informação, solicitando a quem a trouxe que explique melhor ao grupo do que se trata, pois talvez alguns se surpreendam com essa possibilidade. Promova também uma conversa sobre o que significa coleta seletiva e como pode ser realizada. Fale da separação dos resíduos e do seu recolhimento pelo poder público, por catadores ou pelo depósito voluntário nos ecopontos espalhados pela cidade.
Convide-os(as) então a pesquisar na internet, em duplas, como se pode reaproveitar os alimentos, como cascas de frutas, folhas e talos de legumes, indicando os sites abaixo. Eles(as) deverão escolher uma das receitas de reaproveitamento de que gostarem para socializar com o grupo e levarem para casa, a fim de experimentar com os familiares.
Após 20 minutos, aproximadamente, abra a roda para socializarem as receitas que lhes apeteceram e o porquê, e para retomarem os pontos relevantes do trabalho do dia.
Hora de avaliar
É importante abrir a possibilidade para o grupo se manifestar sobre os impactos que o assunto pode lhes ter causado. O objetivo do debate é promover atitudes positivas de preservação e cuidados com a natureza e não sentimentos de culpa ou de medo.
Estimule a fala de todos(as) a respeito da experiência vivida: da entrevista feita com a família, das informações que os colegas trouxeram, dos vídeos assistidos e das receitas que consultaram. Pergunte que aprendizagens realizaram com isso tudo e qual foi a informação mais importante, do seu ponto de vista, para divulgar para as outras pessoas e por quê.
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