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“O filho do vento”, uma lenda africana para crianças
Autoria da oficina: Educação&Participação
- Tamara Castro
Contação de história sobre uma lenda africana.
Conhecer um pouco da cultura africana; aproximar-se de outras formas de viver e compreender o mundo; entrar em contato com histórias que têm personagens negros, fugindo ao modelo do branco, europeu, estereotipado.
Valorizar e respeitar a cultura africana e outras culturas; aprender com elas valores comuns a toda a humanidade.
Crianças
Sala de atividades ou de informática
1 encontro de 1h30
A escola, desde a educação infantil, tem como uma de suas responsabilidades desenvolver o respeito à diversidade. Para isso, deve estimular cotidianamente essa atitude entre as crianças por meio de situações de convivência e de solidariedade.
Uma das possibilidades de desenvolver o respeito às diferentes origens das crianças é incluir, nas atividades de leitura da sala de aula, histórias vividas por representantes de variados grupos étnicos, desempenhando os mais diversos papéis.
Conhecer a cultura de diferentes povos, suas histórias atuais e de tempos antigos ajuda as crianças a obterem diferentes respostas às questões sobre o mundo que as cerca, seja de ordem social, seja natural.
Há diversas explicações sobre o mundo que nos rodeia. O papel da explicação científica é desmistificar os seus mistérios, já as lendas e os mitos, que dão outro tipo de explicações, situam-se no campo da religião e da literatura, mas não são menos importantes.
A leitura de mitos tem a intenção de promover o conhecimento da produção cultural de um povo e valorizá-la. Ao estudarmos determinada cultura, nos aproximamos dela e, em vez de discriminá-la, passamos a compreendê-la e respeitá-la.
O preconceito provém da falta de conhecimento e de respeito com uma dada cultura. A criança não nasce preconceituosa, ela aprende a ser preconceituosa com as atitudes dos adultos com os quais convive. A discriminação racial e étnica é uma construção social, tem origem histórica baseada na dominação de um povo que se impõe a outro, que nega a cultura do dominado.
No Brasil, foram mais de 300 anos de dominação do povo negro com a escravidão, do século XVI ao século XIX. Os africanos eram considerados seres inferiores e selvagens, pelos colonizadores.
Para garantir sua supremacia, os dominadores disseminavam ideias que os desqualificavam e que eram reproduzidas de geração para geração. Assim, os negros, desde essa época, vêm sofrendo o efeito da negação de sua cultura, pagando com a própria vida, muitas vezes, o preconceito irracional do branco.
É preciso considerar que o Brasil tem a maior população negra fora da África e a segunda maior do planeta, acima de outros países africanos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016, 54,9% dos brasileiros se declararam pretos e pardos, ou seja, a maioria da população.
Os negros sempre lutaram pela sua liberdade e igualdade de direitos. Um exemplo dessa luta foi a criação dos quilombos, comunidades negras formadas por escravos fugitivos dos engenhos de açúcar, do Brasil colonial. Entre eles, destaca-se o conhecido Quilombo de Palmares, que durou cerca de 140 anos e chegou a abrigar mais de 20 mil pessoas.
A luta dos negros pela sua emancipação e igualdade com os brancos nunca parou. A organização que conquistaram para lutar pelos seus direitos, na história do país, tem sido responsável por algumas importantes vitórias, como:
Ao lado de outras lutas, a população negra conseguiu transformar algumas condições da realidade, mas ainda há muito a fazer ainda para conquistarem, de fato, a igualdade de direitos entre os diversos grupos étnico-raciais que compõem a sociedade.
Inicie uma conversa com as crianças sobre como está o tempo nesse dia:
Frio? Calor? Chuva?
Tem vento? Ventania?
Ou o ar parece parado?
Deixe que falem, comentem… Continue:
Quando venta, o que o vento faz? (Imite junto com eles o barulho do vento…)
Já presenciaram um vento forte alguma vez? Na cidade, na zona rural, na praia? Como foi?
Hum… que tal uma história sobre vento e ventania?
Convide as crianças a se acomodarem nas almofadas para ouvirem você ler a história para eles. Mostre a capa, fale quem é o autor, folheie as páginas para que observem atentamente as ilustrações e leia com bastante expressão, parando em alguns momentos, para que façam alguns comentários e imaginem o que virá em seguida…
No vídeo acima, a história é contada em dois blocos, com um intervalo pequeno. Você pode deixar correr o vídeo (há umas cenas de crianças imitando o vento, no intervalo) ou passar de um bloco para outro, direto. O primeiro bloco termina aos 9min 29s do vídeo e o segundo começa aos 11 min.
Ao fim do primeiro bloco, converse com eles sobre a história contada até então:
Ao término da história, abra a roda para comentários. Pergunte se gostaram da lenda, quais os aspectos mais chamaram sua atenção e se sabem por que chamamos essa história de lenda.
Fique atenta para que todos possam se expressar. Estimule os mais tímidos e cuide para que a fala de cada um seja respeitada, sem interrupções. Esperar a vez de falar, bem como acolher a opinião alheia são atitudes que se aprendem.
Explique que lenda é uma narrativa que se transmite oralmente, de geração a geração, para explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais com imaginários ou fantasiosos, e que vão se modificando através do imaginário popular.
Pergunte se conhecem outras lendas. Enumere algumas lendas brasileiras originárias dos índios, como, por exemplo, a da Iara (mãe d’água), do boto cor de rosa, do Uirapuru, do Curupira e algumas de origem africana, como o Negrinho do Pastoreio, o Chibamba e o Quibungo (ambos assustam as crianças que desobedecem e não querem dormir cedo).
Mostre os outros livros de lenda africana que você conseguiu disponibilizar, leia os títulos e distribua para que levem para casa para ler com a família.
A seguir, retome com eles o assunto da oficina do dia: uma lenda tipicamente africana, que explica o fenômeno dos ventos e dos vendavais.
Considere que se às vezes o vento é perigoso, outras vezes ele é muito bem-vindo. Em que situações isso acontece?
Deixe que falem… Pergunte a eles que brincadeiras conhecem que precisam de vento para acontecer. Certamente alguém fará referência a empinar pipas/papagaios/pandorgas/quadrados/arraias. Sem vento, não dá não…
Convide-os, então, a construírem pipas para brincar no pátio, ou em outro espaço, desde que o terreno seja regular e não haja fios de eletricidade e nem passem animais, carros, bicicletas ou motos. Pergunte se gostariam. Combine: quem sabe, ensinar a quem não sabe. No quadro abaixo, há orientações também.
1- Divida o papel ao meio. De uma das metades, faça um quadrado exato para o corpo da pipa. Com as sobras do papel, ou outro, faça tiras de 4 cm (largura) para as barbatanas, e cole-as.
2- Cole uma das varetas na diagonal do quadrado. Deixe três dedos de sobra na ponta da vareta que fica no meio das barbatanas. Será o lado inferior da pipa.
3- Enrole o barbante em uma das duas pontas de uma segunda vareta, envergando a vareta para que se curve até ficar com o mesmo comprimento da diagonal da pipa. Prenda na outa ponta e passe cola na vareta.
4- Grude o arco que a linha e a vareta formaram na folha de seda, do mesmo jeito que na foto acima.
5- Faça dois pequenos furos no papel no ponto onde as varetas se cruzam. Passe um barbante de modo que atravesse o papel pelo cruzamento das varetas. Depois, dê um nó na parte da frente, mas não corte o barbante…
6- Segurando o barbante, estique-o para o lado até chegar a quatro dedos de distância do fim da vareta envergada. Agora, estique para baixo até a ponta da outra vareta. Isto é só para fazer a medida, formando uma “barriga”.
7- Quando o barbante chegar à parte de baixo da vareta, amarre-o com cuidado e corte. Esse barbante preso chama-se cabresto.
8- Amarre a linha para empinar. Para descobrir o lugar certo, segure a pipa pelo cabresto. Amarre um pouco acima do meio dele.
Quando as pipas estiverem prontas, antes de saírem para o pátio, converse com eles sobre os cuidados que devem ser tomados quando quiserem brincar em casa. Se o local onde vão brincar é seguro, o terreno é regular e não há postes ou fios de eletricidade, nem trânsito. Toda vez que quiserem brincar de pipa deverão prestar bastante atenção nos seguintes pontos, orientados pelo Corpo de Bombeiros.
Para mais segurança da prática da brincadeira, o Corpo de Bombeiros dá algumas dicas:
Não colar cerol (mistura geralmente de cola com vidro em pó ou fios de metais) na linha para a linha ficar cortante e derrubar as demais pipas. Além de causar risco de cortes sérios, o cerol também é um condutor de energia e se a linha pega na rede elétrica, a pessoa que está empinando a pipa pode morrer eletrocutada. Com o pó metálico é ainda pior. Para brincar tranquilo, sem o perigo de ferir alguém, só com barbante de algodão. Nem os fios de nylon (de pesca) são indicados, pois cortam tanto ou mais que o próprio cerol. Em casos de emergência, ligue 193, para chamar o bombeiro. Clique aqui para saber mais.
A seguir, vão ao pátio para brincarem e se divertirem com as pipas.
O que mais poderá ser feito?
Um dia de contação de histórias africanas na comunidade, com a participação de contadores voluntários das próprias famílias; a constituição de um acervo de livros da literatura infantil, com personagens negros e de outras etnias, a partir de uma seleção de títulos, por meio de carta de solicitação a empresas e lojas comerciais do bairro.
Também pode ser feita uma articulação com os professores de História e Geografia para aprofundamento de alguns aspectos da escravidão no Brasil e da condição da população negra no país, hoje. As crianças podem ser estimuladas a pesquisar outras lendas africanas na biblioteca escolar, do bairro e na internet.
O mundo no black power de Tayó (Kiusam de Oliveira), Chuva de manga (James Rumford), Betina (Lina Nilma Gomes)… Veja dicas de obras indicadas no PNBE 2010 e no site Geledés.
BRASIL (Governo Federal). Movimento negro celebra cinco anos de conquistas, 20 jul. 2015.
LEARDINI, Luciana Leila; KOK, Gloria. Lendas, mitos brasileiros e afro-brasileiros na educação infantil: um caminho literário rumo à cultura brasileira.
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