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Espaços de participação e protagonismo juvenil
O que é protagonismo e como exercê-lo a favor da autonomia e do bem comum? Autoria: Educação&Participação.
- Tamara Castro
Debate sobre o que é protagonismo juvenil e formas de exercê-lo.
Jornais e revistas, tesoura, cola, computador, notebook, tablet ou celular com acesso à internet para duplas de trabalho, folhas de sulfite, pincéis atômicos, durex e clipes, folhas de papel pardo, aparelho de som.
Compreender o que é protagonismo ecomo exercê-lo a favor da autonomia e do bem comum.
Fazer escolhas para realizar pequenas intervenções coletivas na escola ou na comunidade; refletir sobre formas de atuação grupal que condizem mais com os próprios desejos.
Adolescentes e jovens
Sala de aula, sala de atividades, biblioteca, centro cultural, ou ambiente on-line.
3 encontros de 1h30 cada
Desenvolver o protagonismo juvenil implica criar espaços de reflexão, de discussão e de participação, para que adolescentes e jovens pratiquem a crítica, a argumentação e exercitem a cidadania, idealizando e concretizando, coletivamente, pequenas intervenções culturais, esportivas e educacionais em sua comunidade.
A vivência da cidadania envolve níveis crescentes de participação e de autonomia das(os) jovens, na busca do bem pessoal e comum. Assim, é importante mobilizá-las(os) para discutir e ampliar suas leituras de mundo, confrontando e partilhando, com outras pessoas, visões, necessidades, sonhos e propostas de ação, em relação à sua vida e à vida de sua comunidade.
Esse exercício constante ajuda as(os) estudantes na elaboração de projetos, tanto individuais como coletivos – condição para a conquista da autonomia -, assim como para lutar pelo que deseja para si e para seu lugar. É preciso considerar que, além do entusiasmo e da vitalidade própria dessa fase da vida, as(os) adolescentes e jovens, se estimuladas(os) a se expressar intelectual e verbalmente, desenvolvem sua capacidade de tecer relações, de argumentar e projetar o futuro.
A tendência à vida grupal é uma característica do mundo jovem. A proposta do protagonismo é justamente orientar essa tendência em favor do desenvolvimento pessoal e social dessas pessoas.
O grupo é o espaço de conquista e afirmação da identidade pessoal e social juvenil e, por ser espontâneo, constitui espaço de procura e experimentação, em que elas(es) exercitam sua autonomia, ainda que relativa, em relação ao mundo adulto. Nessa etapa do desenvolvimento, a coesão do grupo é forte, mas nem sempre essa força é canalizada positivamente pelas(os) jovens, dependendo das oportunidades oferecidas pela família, pela escola, e pela comunidade.
Por isso, é necessário um cuidado, de nossa parte, educadoras(es), se queremos trabalhar com jovens para desenvolver o seu protagonismo. É importante que tenham espaço para pensar, falar livremente, e serem ouvidos e respeitados. Elas(es) sabem muito bem distinguir quem se acerca delas(es) com propostas de desenvolvimento pessoal e social, daquelas(es) que têm o intuito de estabelecer mecanismos de controle sobre suas condutas.
Segundo professor Antonio Carlos Gomes da Costa, ativista pelos direitos da criança e do adolescente:
Mais do que exorcizar as situações de risco, o protagonismo juvenil procura preparar os jovens para a tomada de decisões baseadas em valores, não apenas lidos ou escutados, mas vividos e incorporados em seu ser. Jovens assim estarão certamente mais bem preparados para enfrentar os dilemas da ação coletiva que caracterizam a sociedade onde a pluralidade e o conflito de pontos de vista e de interesses entre pessoas, grupos e instituições, longe de ser uma patologia, são parte integrante do tecido social.”
Antonio Carlos Gomes da Costa
Prepare a sala com um painel de recortes de jornais e revistas que mostram grupos de jovens participando de atividade cultural, esportiva, comunitária ou política, como um grupo de teatro, de skatistas, uma banda de música, um time de basquete, um grêmio estudantil, um movimento social por direitos, uma rádio comunitária, uma manifestação política etc. Além das fotos selecionadas, deixe algumas revistas e jornais para consulta.
Dê um tempo para que expressem suas hipóteses e aproximem-se, aos poucos, da questão central da oficina: a participação de jovens em diferentes espaços da sociedade.
Pergunte às(aos) estudantes se participam de algum grupo como aqueles das fotos ou de qualquer outro, que não está representado ali. Nesse caso, peça que acrescentem esse grupo aos expostos no painel, usando as figuras das revistas e dos jornais que você deixou disponíveis, ou mesmo desenhando ou escrevendo no painel. Pergunte também quem não faz parte de nenhum grupo.
No ambiente remoto: você pode criar uma apresentação com fotos selecionadas na internet ou escaneadas de revistas e jornais. Ao solicitar a participação das(os) estudantes, pode pedir que mostre fotos dos grupos que integram ou pesquisem fotos que os representem.
Peça que todas(os) as(os) que estão engajadas(os) em algum grupo falem sobre a sua participação:
Às(Aos) que não estão engajadas(os), pergunte a que grupos gostariam de pertencer.
Pergunte se sabem o que é protagonismo. Já teriam ouvido falar sobre isso?
Dê um tempo para que verbalizem suas ideias a respeito e, então, convide-os a assistir ao vídeo a seguir em que jovens estudantes da EE Professora Maria José Moraes Salles, da cidade de Bragança Paulista, no interior do estado de São Paulo, falam sobre isso.
Após a projeção, lance a questão: o que o vídeo tem a ver com o painel? Que espaços de participação são citados pelos jovens da EE Professora Maria José Moraes Salles, como espaços de protagonismo juvenil? A que benefícios pessoais e sociais as(os) estudantes se referem, no vídeo, ao falar de sua participação? É bom ser protagonista, segundo a opinião delas(es)?
Para entrarem em contato com outros exemplos de protagonismo juvenil, em diferentes áreas, divida a turma em três grandes grupos e oriente que cada grupo se organize em duplas para assistirem aos vídeos a seguir. São três vídeos, um para cada grupo.
Oriente as duplas para que vejam o vídeo indicado para o seu grupo e observem a área de atuação dos jovens, como se engajaram no projeto e como avaliam a sua participação. Dê aproximadamente 20 minutos para a atividade.
Após o tempo combinado, abra a roda para socializarem as práticas tratadas nos vídeos e discutirem as várias formas de participação apresentadas: quais são? Como as(os) jovens participam? O que mais chamou a atenção de cada um?
Depois dos comentários, faça com elas(es) três cartazes, um para cada vídeo, sintetizando a ação específica protagonizada pelas(os) jovens. A seguir, peça para cada um, em silêncio, pensar sobre si próprio, a respeito da seguinte questão:
Você já pensou em fazer parte de algum grupo cultural, esportivo, literário, político, ou desenvolver alguma ação comunitária? Se sim, o quê?
Oriente que escrevam numa folha de sulfite/post it, com pincel atômico colorido e letras grandes, qual foi a sua escolha, prendendo a folha, como um cartazete, no peito, com durex ou clipes.
Coloque uma música e convide-os a circular pelo espaço da sala. A tarefa deles será a seguinte: ao cruzarem com um(a) colega, deverão ler a ação que ele registrou no seu cartazete e verificar se essa ação tem afinidade/ algo de semelhante a que escolheram. Se for, eles passarão a andar em duplas e se encontrarem um terceiro, com ação semelhante, passarão a andar em trios e, assim por diante. Exemplo: (ator/teatro…); (grêmio/política/movimento por direitos…); (rapper/ DJ /rádio …); (ajudar doentes/visitar idosos, brincar com crianças…) e assim por diante.
No ambiente remoto: promova uma rodada em que cada participante mostra seu cartazete para toda a turma e as(os) demais anotem quais colegas escolheram ações afins ou semelhantes à sua.
E se?
Se alguém não se identificar com nenhuma ação ou não escolheu nenhuma porque não tem interesse, também deverá se unir com outros colegas que estejam na mesma situação. Caso contrário, não tem a menor importância ficar sozinho. O objetivo é investigar o que atrai mais, o que atrai menos ou se nada atrai o interesse dos jovens de sua turma.
Depois de aproximadamente uns 8 minutos circulando, peça para pararem, olharem a disposição das(os) participantes e identificarem que ação reuniu mais estudantes, que ação reuniu menos e quantos optaram por nenhuma ação.
Agora, sentados em círculo, abra a palavra para todas(os) se expressarem sobre os pontos de identificação que encontraram pelo grupo, quando circularam pela sala, e o que fez com que se juntassem ou não aos colegas, formando duplas, trios etc.
Após falarem sobre o processo e as facilidades ou dificuldades vividas, proponha, como continuidade da oficina, uma mesa redonda com a participação de algumas pessoas que atuam nas áreas que apareceram (teatro, rap, banda, coletivos de direitos e/ou outros) para dialogarem e conhecerem melhor os caminhos a serem seguidos.
Para isso, tanto você como elas(es) deverão realizar uma pesquisa sobre grupos atuantes nessas áreas e levantar nomes possíveis para a mesa redonda: há alguns na comunidade? Ou em comunidades próximas?
A internet, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da região, a subprefeitura, outros órgãos públicos ou OSCs conhecidas poderão auxiliar nessa pesquisa. Marquem uma data para trazerem os resultados da pesquisa.
O objetivo deste encontro é sistematizar as informações coletadas e escolher os convidados para a mesa redonda. Assim, em primeiro lugar, cada grupo socializará com a turma o que encontrou na pesquisa feita e sugerirá nomes de convidados, justificando a escolha desses nomes.
Após um debate sobre os melhores nomes, combinem uma data para propor aos convidados. Levantem, em conjunto, um roteiro de perguntas que gostariam de fazer a cada um deles sobre sua história, sua trajetória, o que ajudou para que se constituíssem como um grupo, as melhores ações que fizeram, de que precisam cuidar, como poderiam se engajar etc. Oriente a turma a registrar esse roteiro num cartaz ou apresentação virtual.
Escrevam, também, coletivamente, o convite a ser feito às pessoas, que será encaminhado por e-mail. Será interessante incluir, nos convites, as perguntas feitas, para ajudar as(os) convidadas(os) a organizarem sua fala para a mesa redonda. É importante também informá-los quantas pessoas serão convidadas a falar e quanto tempo aproximadamente cada um terá.
A seguir, distribuam as tarefas: quem passará os e-mails, quem fará a recepção e os agradecimentos aos convidados, no dia, como serão os procedimentos para a realização das perguntas.
No dia marcado, organizem o espaço, quer seja na sala de atividades ou ao ar livre, com as cadeiras em círculo, e uma proximidade entre as(os) convidadas(os). Quando chegarem, será importante fazer a apresentação de todos eles, falar da razão de sua presença ali e expor a todos como será a condução dos trabalhos, para o melhor proveito de todos:
Não se esqueçam de registrar as possibilidades de contatos futuros com as instituições das(os) convidadas(os)!
Terminada a mesa redonda, faça uma avaliação com os estudantes sobre a oficina. Peça que cochichem, em duplas ou em trios, e indiquem dois pontos positivos e dois pontos frágeis, considerando o processo todo, desde o início: proposta, preparação, desenvolvimento.
As(Os) estudantes poderão visitar instituições que estimulam o protagonismo juvenil, para conhecer como atuam ou ir à Câmara Municipal para saber sobre dos espaços de participação juvenil em eventos educacionais, esportivos, culturais e políticos da cidade, como o Conselho Municipal de Juventude ou o Orçamento Participativo. Poderão entrevistar ou escrever para secretários da educação, da cultura e do esporte e levar suas reivindicações de participação.
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