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Ideias na cabeça e um celular na mão: vamos criar e editar vídeos?
Oficina de criação e edição de vídeos. Autoria: Educação&Participação
- Tamara Castro
Atividade de criação e edição de vídeo.
Para encontros presenciais ou remotos*:
Filmadoras ou celulares com esse recurso, computadores, notebooks ou celulares com acesso à internet.
Apropriar-se dos procedimentos de edição de vídeo no meio virtual e refletir sobre o uso do audiovisual como veículo de expressão.
Aprender a utilizar as ferramentas adequadas para editar um vídeo; preocupar-se com o conteúdo e a estética da produção do vídeo.
Adolescentes e jovens.
Sala de aula, sala de atividades, biblioteca, centro cultural, ou ambiente on-line.
2 encontros de 1h30min cada.
*Em razão do cenário atual de ensino remoto para o combate à pandemia, fizemos observações para apoiar os(as) educadores a desenvolver esta proposta tanto em ambiente virtual como presencialmente.
Tudo começou com o cinematógrafo, a invenção dos irmãos Louis e Auguste Lumière, na França, em 1895. Essa máquina projetava imagens em uma tela grande, com a velocidade de 16 quadros (fotos) por segundo.
Graças à “persistência retiniana”, característica do olho humano que retém as imagens por alguns segundos, temos a sensação de movimento, cada vez que vemos imagens projetadas, numa velocidade acima de 12 quadros por segundo. Antes mesmo do cinematógrafo, já existiam algumas máquinas que brincavam com essa possibilidade, projetando várias imagens, em sequência, com certa velocidade, para dar a ilusão de movimento.
Os primeiros filmes produzidos referiam-se a cenas rápidas do cotidiano: um trem chegando à estação ou trabalhadores saindo de uma fábrica, por exemplo. Aos poucos, o cinema foi se desenvolvendo, aperfeiçoando-se, do ponto de vista técnico e estético, e se transformando em uma linguagem expressiva, elaborada, com o status de arte.
Com o surgimento da TV e do videotape, a produção e a circulação da arte cinematográfica passaram por mudanças; assistir a um filme na TV, no computador, no celular ou em um aparelho de DVD pressupõe uma série de alterações. Hoje, contamos com diversos recursos tecnológicos que mudam a forma de receber e se relacionar com essas produções. Por exemplo, a possibilidade de retroceder ou avançar as imagens em muitos desses aparelho. Não são só as imagens que mudam, portanto, mas sim as tecnologias de produção e o contexto da circulação dos audiovisuais.
No entanto, a discussão sobre as diferenças entre produções cinematográficas e de vídeos, por conta das tecnologias empregadas em cada caso, perdeu a força com a passagem do sistema analógico para o digital, pois ambos se tornaram digitais e suas linguagens muitas vezes se misturam.
Antes, as peças audiovisuais eram produzidas em rolos de películas de filme (8 mm, 16 mm e 35 mm); depois, em fitas magnéticas (VHS, BETA, UMATIC etc.) e hoje transformaram-se em “bits”, que circulam pelas tecnologias digitais, provocando novas formas de representação da realidade, pela cultura digital.
Assim, os campos antes bem definidos das diferentes artes visuais passaram a se confundir pelo uso comum da tecnologia digital, compondo o que se chama hoje de audiovisual.
A escola tem um papel fundamental na questão dos multiletramentos críticos. Porque o estudante pode ser um jogador de games que ganha campeonato e ao mesmo tempo não ter criticidade sobre o grau de violência daquele game, sobre a sustentabilidade ou os temas.”
Roxane Rojo (Unicamp)
Ouça a entrevista em podcast com a linguista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roxane Rojo, especialista em multiletramentos.
Certamente, com os recursos tecnológicos disponíveis e com acesso cada vez mais democratizado, os jovens têm experiência como espectadores de vídeos. No entanto, é importante também criar condições para que vivenciem a produção audiovisual como autores, com tecnologia acessível.
Dessa forma, poderão aprender a técnica de produção do audiovisual, os valores e as condutas éticas necessárias para a sua produção e divulgação e poderão contribuir para dar visibilidade às representações simbólicas de seu grupo social. A expressão audiovisual permite a eles serem agentes criadores de novas formas culturais e de exercerem sua cidadania.
Comece perguntando ao grupo quem já fez um pequeno vídeo com o celular para registrar momentos importantes da vida, como a comemoração do seu aniversário ou de alguém querido, o nascimento de um irmão ou irmã ou o casamento de um familiar ou amigo.
Provavelmente, poucos são os pais e menos ainda os avós que usaram esse recurso para registro de eventos e viagens porque, para isso era necessário ter uma máquina filmadora, que, além de cara, não era fácil de se achar e de se carregar. Hoje, os recursos tecnológicos são mais práticos e o acesso a eles é bem mais fácil. Nem se precisa de filmadora para filmar, se não se for um profissional. Basta ter um celular.
O vídeo tornou-se um recurso muito utilizado atualmente. Como, de maneira geral, as imagens são acompanhadas de som, dizemos que constituem uma linguagem audiovisual. Há inclusive diversos sites de armazenamento e compartilhamento de vídeos na internet, como o YouTube e o Vimeo.
Quem não conhece o YouTube? Certamente todos conhecem, mas, de qualquer forma, entre no site, para verem, pelos títulos e descrições, que há vários tipos de vídeos, tanto os que trabalham com imagens reais como os que trabalham com animações de desenhos; longas, médias e curta-metragem disponíveis na íntegra ou parcialmente.
O audiovisual está cada vez mais presente na nossa vida cotidiana e na produção artística contemporânea. Muitos artistas fazem uso dessa linguagem e ela está ganhando cada vez mais espaço na arte, sendo valorizada por meio de festivais e premiações, como o famoso Oscar, prêmio ofertado anualmente pela Academia de Cinema de Hollywood, Estados Unidos, em várias categorias. Há também o Leão de Ouro (Itália), o Festival de Cannes (França) e o Urso de Ouro (Alemanha). No Brasil, um dos mais famosos é o Kikito – Festival de Gramada.
Mas isto não significa que só aqueles que possuem recursos são capazes de belas produções. Um exemplo do que boas ideias podem fazer é o Cinema Novo brasileiro. Em 1952, um grupo de jovens, entre eles o cineasta Glauber Rocha, engajados politicamente e criativos, iniciou o movimento que tinha como lema:
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.”
Glauber Rocha
Por meio de filmes com baixo custo e forte abordagem política e social, transformaram o Cinema Novo em uma força cultural. Os filmes do movimento retrataram a “vida como ela é”, mostrando os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural. Entre os filmes do Cinema Novo, destacam-se Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, e Ganga Zumba, de Carlos Diegues.
Pergunte aos(às) estudantes:
Estimule que pensem para além dos registros repetitivos cotidianos, considerando o recurso audiovisual como meio de expressão e veiculação de ideias, pensamentos, emoções e que pode produzir arte.
Convide-os a parar e pensar sobre isso. Abra um debate para aquecer a conversa e problematize as ideias para que esse seja um momento real de reflexão sobre a vida, a arte, a ética e a estética.
Da década de 1950 pra cá, os meios de comunicação e ferramentas se modernizaram. Hoje em dia é muito mais fácil e rápido se produzir um vídeo. Não é à toa que se observa a multiplicação de pequenos vídeos na internet. Um exemplo das novas formas de usar a comunicação audiovisual são os flash mobs, que vêm se afirmando cada vez mais.
Pergunte se já viram um. Trata-se da filmagem de intervenções artísticas, realizadas por um grupo de pessoas que chegam num determinado lugar, vindo cada qual de uma direção e, ao se encontrarem, desenvolvem uma performance rápida, combinada anteriormente entre elas e, assim que termina, cada qual toma seu rumo, do mesmo jeito que chegou. Essas combinações podem ser feitas por meios virtuais ou de comunicação social. Os flash mobs têm vários conteúdos: políticos, humanitários, artísticos…
Mostre alguns para eles:
Pergunte o que acharam desses vídeos e que diferenças há em relação aos que fazemos com o celular. É claro que há uma diferença entre os vídeos caseiros e as produções a que assistiram, particularmente porque essas foram feitas por uma equipe de profissionais experientes.
Explique a eles que o que vemos num vídeo não é a filmagem original, tal qual foi feita, mas a composição intencional de algumas cenas dela; significa que algumas imagens foram selecionadas e outras descartadas para compor o desenvolvimento da história. Selecionar as imagens que se deseja e organizá-las, para construir um determinado efeito que se deseja, “costurando umas às outras” é o que chamamos de edição e exige certo conhecimento técnico, mas que é possível aprender e todos podem experimentar.
Para começar a aprendizagem de uma edição, é interessante fazer algo mais simples e juntos. Por isso, proponha que façam a edição de um mesmo filme, para que possa acompanhá-los, simultaneamente, e ajudá-los. Diga-lhes exatamente isso: que eles farão a edição de um mesmo vídeo para que você possa ajudá-los e para que eles possam ajudar uns aos outros. Dessa forma, poderão, posteriormente, editar suas próprias filmagens.
No presencial: peça que a turma grave uma cena, que pode ser na própria instituição, como uma conversa no pátio, a hora da saída dos adolescentes e jovens da instituição ou a fachada do prédio.
Como todos utilizarão o mesmo vídeo, apenas uma pessoa deve realizar a gravação e depois distribuir o arquivo para todos os participantes. O arquivo, isto é, a gravação, pode ser salvo em vários computadores por meio de pen drives ou ser enviada, via site de transferência de arquivos, como o WeTransfer, que é gratuito e não exige cadastro.
No ambiente remoto: neste momento em que grande parte das escolas estão fechadas em razão da pandemia de Covid-19, é possível adaptar a atividade ao contexto. Você pode combinar que cada estudante observe algo do seu dia a dia que gostaria de gravar e faça um vídeo curto de 1 a 2 minutos. Pode ser uma conversa com alguém de casa, uma cena com um animal de estimação, ou uma cena da rua vista da janela, o(a) próprio(a) estudante dançando, cantando, lendo um texto…
Para a primeira experiência com edição de vídeo, escolha com eles um vídeo (produzido por você ou outra pessoa da turma).
Depois de realizado o vídeo, a ideia é iniciar a edição do vídeo, selecionando imagens para construir determinado efeito que desejam, “costurando umas às outras”. A proposta é utilizar o programa movie maker, programa que pode ser baixado gratuitamente na internet.
Assista ao tutorial a seguir, que traz dicas sobre como usar esse programa para edição do vídeo.
Nessa primeira experiência, realize a edição no coletivo. Se estiverem em ambiente remoto, você pode compartilhar sua tela com os estudantes para mostrar os recursos e resultados da edição. Vocês podem combinar a quais os objetivos e efeitos querem chegar ao final do trabalho.
Após essa edição coletiva, combine que cada um exercite esse trabalho com os vídeos que gravaram. Caso haja estudantes com mais experiência em edição de vídeos, você pode convidá-los a compartilhar o que sabem com os(as) colegas. Isso pode ser feito tanto presencial como virtualmente, por meio de grupos de e-mails ou mensagens no WhatsApp.
Organize um momento para compartilharem os vídeos editados, as experiências adquiridas e avaliarem a atividade.
Vocês podem organizar um festival de apresentação dos vídeos produzidos individualmente ou em grupos para a turma. No dia marcado, cada um apresenta o seu vídeo e abre-se um espaço para que comentem a experiência.
Junto com professores(as) de Arte, História, Geografia, Português e de Informática, que tal criar um cineclube para assistir e refletir sobre algumas produções cinematográficas, do ponto de vista tecnológico e temático? Podem ser documentários ou filmes que retratam momentos históricos importantes.
Que tal montar um cineclube na comunidade? Conheça a oficina!
Do ponto de vista tecnológico, é importante considerar que há um número grande de profissionais necessários para se chegar a essa produção. Chame a atenção deles para as várias habilidades exigidas nessa linha de produção, desde a escolha do local a ser filmado, a montagem, a fotografia, até a continuidade e a estética final do conjunto da produção. Se possível, promova encontros entre os(as) jovens e alguns desses profissionais para que possam conhecer mais de perto as características das profissões e as exigências para exercê-las.
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