Você conhece a lei nº 10.639/03? Desde 1996 a lei estabelece o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira de forma obrigatória nas escolas públicas e privadas do país. No entanto, a medida enfrenta dificuldades de ser efetivamente aplicada até hoje.
Pensando na efetiva aplicação das diretrizes que a lei traz em seu escopo, o CENPEC Educação separou cinco dicas para incluir a cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar. Sugerimos desde material didático e oficinas até filmes, brincadeiras e livros para serem trabalhados no universo escolar.
1.Contação de histórias
Os contos e as lendas podem despertar um rico debate sobre as questões raciais. A oficina O filho do vento, uma lenda africana para crianças é um conto da tradição oral africana e além disso, trata da influência da cultura africana na sociedade brasileira. Trabalha uma série de conhecimentos de forma interdisciplinar, como por exemplo, as noções de ciências ao demonstrar que os navios utilizavam a força do vento para se deslocarem da África para o Brasil.
Por se tratar de contação de história, a oficina apresenta conteúdos do gênero textual e da língua portuguesa e descobertas de novas palavras.O filho do vento traz orientação para o professor.
Confira a oficina
Livros sobre o tema:
“Os cabelos de Sara” de Gisele Gama Andrade
O livro, através da história da personagem Sara, discute o respeito à diversidade. É uma oportunidade de professores e estudantes das séries iniciais debaterem o tema em sala de aula. Saiba mais sobre a obra.
“A herança africana no Brasil” de Daniel Esteves
Em formato de história em quadrinhos, a obra explica que a presença africana enriquece a sociedade brasileira há séculos. Saiba mais sobre a HQ.
2. Oficinas artísticas
A cultura brasileira é constituída pela pluralidade de culturas africana, indígena, européia e asiática. Incentivar atividades com o maracatu e a capoeira, é uma forma lúdica de introduzir influências de matriz africana presentes em manifestações populares brasileiras. Além do desenvolvimento corporal da criança, a atividade instiga a curiosidade sobre danças e músicas africanas.
A capoeira é ao mesmo tempo luta e arte. Você sabia que durante muito tempo a capoeira foi proibida no Brasil e considerada perigosa? Guiados pelos mestre de capoeira Alcides de Lima Tserewaptu, o Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira (Ceaca) estabelece diálogos entre a capoeira – e outras manifestações da cultura de tradição oral – com a educação escolar.
Conheça o projeto
Oficinas sugeridas:
Máscaras africanas
O conteúdo traz o surgimento da arte africana e como esta cultura oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento que são trabalhados nas séries do Ensino Fundamental e Médio. O conteúdo é gratuito e está disponível aqui.
Arte afro-brasileira
A oficina promove uma reflexão sobre a influência africana na cultura brasileira. O plano de aula está disponível online e na íntegra aqui.
3. Brincadeiras
O brincar leva crianças a assimilar conceitos e conteúdos ainda na tenra idade. Levar brincadeiras africanas para a educação infantil é um modo de introduzir o tema da pluralidade e da diferença cultural desde cedo.
A portal Geledés disponibiliza um plano de aula completo com brincadeiras africanas para fazer com as crianças, tais como o conhecido Escravos de Jó, incentivador do trabalho em equipe e da dinâmica motora. O CENPEC Educação também disponibiliza em seu site uma oficina sobre Brincadeiras indígenas do Xingu, feita em parceria com a plataforma.
Confira o plano
Conheça mais brincadeiras:
Acompanhe meus pés
Originária do Zaire, a brincadeira trabalha a memória das crianças. Para brincar, elas devem formar um círculo enquanto o líder canta e bate palma. Após um determinado tempo, ele para na frente de uma criança e faz um tipo de dança. Se ela conseguir imitar os passos será o próximo líder. Se não, este escolherá outra pessoa e novamente faz a dança, até que o novo líder seja definido.
Pegue a cauda
A brincadeira de origem nigeriana é muito simples. A turma é dividida em duas equipes, que formarão filas, com os coleguinhas se segurando pelos ombros ou pela cintura. A última pessoa da fila vai colocar um lenço em seu bolso ou cinto, e o objetivo é que a primeira conduza os demais para tentar agarrar o lenço. Vence a equipe que conseguir agarrá-lo primeiro.
4. Filmes
A linguagem audiovisual insere crianças e jovens em universos e representatividades plurais e, pela empatia que provoca, traz envolvimento com diversos temas e conhecimentos. O desenho Kiriku e a Feiticeira dirigido pelo francês Michel Ocelôt explora positivamente um legado de valores da cultura e da arte africanas, além de apresentar a importante relação com a natureza para estes povos.
Segundo Heloisa Pires Lima, uma das autoras do A Cor da Cultura – Saberes e Fazeres – Modos de Brincar, o filme possibilita o debate sobre a história do continente africano e seus diferentes países. O educador tem a possibilidade de incentivar os alunos a aprender sobre os afrodescendentes em um espectro além da história da escravidão.
Veja o vídeo
Filmes brasileiros que abordam etnia:
“Cultura Negra: Resistência e Identidade” (2009, Ricardo Malta)
O documentário foi produzido pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), organizações sociais que combatem a intolerância religiosa e buscam por maior visibilidade da cultura negra. O filme está disponível gratuitamente no Youtube.
“Vista a minha pele” (2004, Joel Zito Araújo e Dandara)
O vídeo ficcional-educativo faz uma paródia sobre como o racismo e o preconceito ainda são encontrados nas salas de aula do Brasil. Invertendo a ordem da história, o vídeo utiliza a ironia para trabalhar o assunto de forma educativa. O vídeo está disponível gratuitamente no Youtube.
5. Dinâmicas de participação
Além de apresentar aos jovens os lados positivos da herança afro-brasileira e da cultura africana, as problemáticas envolvendo raça também podem ser introduzidas através de interações em sala de aula. Você encontra aqui dinâmicas gratuitas que promoverão debate sobre a origem e a reprodução do racismo.
A atividade Ações afirmativas para quê? , por exemplo, apresenta o porquê de valorizar políticas públicas que corrijam desigualdades históricas presentes na sociedade brasileiras.
Confira a dinâmica
Dinâmicas sugeridas:
Cor e Preconceito no Brasil
A dinâmica incentiva a tematização do preconceito contra o negro no Brasil através da reflexão da análise dos autorretratos feitos durante a atividade O passo a passo está disponível aqui.
Mulheres negras no cenário nacional
Através de uma pesquisa sobre mulheres negras de destaque na vida do país, a dinâmica promove um debate sobre a situação da mulher afrodescendente brasileira do início ao tempos atuais da história brasileira. O material está disponível online e na íntegra aqui.
Saiba mais: