- José Alves
Por Stephanie Kim Abe
Infelizmente, são muitos os professores e as professoras que já passaram por uma reunião pedagógica como a encenada abaixo, que mostra a dificuldade de se falar sobre a pauta da questão étnico-racial na escola.
“Vamos deixar essa pauta do preconceito para outra reunião, por favor? Vamos seguir?” e “Mas em novembro, na Consciência Negra, a gente já não fala sobre isso?” são algumas das frases marcantes que aparecem no vídeo e retratam bem esta questão.
A última é praxe, sendo uma das mais usadas por escolas para afirmar que trabalham a questão étnico-racial e que falam sobre racismo, preconceito e discriminação. O 20 de novembro é um marco importante que simboliza a luta e resistência do povo negro, e deve sim ser celebrado na escola – mas incluir a discussão étnico-racial e realizar práticas que contribuam para a construção de uma sociedade antirracista vai além dos desfiles e das atividades culturais realizadas nesta efeméride do calendário escolar.
“Não que esses projetos não sejam importantes. Mas quem olha para eles não os consideram como uma chave de mudança para uma escola antirracista, ou uma chave de mudança para estudantes mais conscientes, inclusive, da sua negritude”, explica Iara Viana, assessora chefe na Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.
Foi pensando nessa questão que selecionamos seis iniciativas de práticas antirracistas, que vão desde ações de professoras engajadas na temática até a estruturação de um programa para toda a rede por uma secretaria de educação.
Essas experiências mostram a importância de começar a discussão das relações étnico-raciais desde a pré-escola e de pautar o debate envolvendo não só o corpo docente, mas toda a comunidade escolar. Sejam elas pontuais ou mais perenes, a ideia é valorizar cada iniciativa, pois todas elas enfrentam dificuldades ao propor equidade na educação e o rompimento com o racismo que estrutura a sociedade brasileira.
Entenda aqui como o racismo estrutural se manifesta na escola
Professoras(es): quebrando barreiras e gerando as primeiras transformações
1. Combate ao preconceito desde cedo – profª. Rosimeri Gonçalves (PR)
Professora há 13 anos, Rosimeri do Rocio do Prado Gonçalves nunca tinha presenciado um caso de racismo na escola tão evidente quanto em 2018, quando o aluno Antonio era caçoado e discriminado pelos(as) coleguinhas por causa do seu cabelo black.
“As crianças, no começo, davam risada dele, e ele começou a ficar com vergonha. Quando entrou uma estagiária negra, ele ficou muito entusiasmado, porque viu o cabelo dela e se identificou”, relata.
A professora resolveu trabalhar a temática, tendo como base o livro “Pretinha de neve e os sete gigantes”, de Rubem Filho. Para potencializar a atividade, ela chamou a amiga e contadora de histórias Samara Rosa, que encarnou a personagem e desencadeou um processo de mudanças no Centro de Educação Integral (CEI) Professor Ulisses Falcão Vieira, localizado em Curitiba (PR), para um olhar mais atento às questões étnico-raciais.
Loudineia Pereira Porcino, mãe de Antonio e cabeleireira, foi convidada a fazer uma oficina de tranças afro com a turma, a profª. Rosimeri fez bonecos de crochê negros, com a ajuda das crianças, e a instituição comprou mais materiais que contemplassem os(as) alunos(as) negros(as), como livros e lápis de cor.
Acho que já passou da hora de as pessoas terem uma visão diferente do negro, e entender tudo que passamos. Essas iniciativas deveriam ser feitas em todas as escolas, porque as crianças se tornam melhores e crescem com uma visão diferente da questão racial
Loudineia Pereira Porcino, mãe do estudante Antonio
Até 2018, nós realizávamos atividades bem pontuais, apenas em novembro, já que é quando a Secretaria de Educação cobra dos professores esse trabalho. Mas desde então temos conversado entre nós, equipe docente e direção, para fazer essas atividades a partir do meio do ano, com mais tempo. Ano passado, resolvemos trabalhar a temática por meio do resgate de brincadeiras afrobrasileiras
Rosimeri do Rocio do Prado Gonçalves, professora do Centro de Educação Integral (CEI) Professor Ulisses Falcão Vieira
2. Comunidade CENPEC Educação para as Relações Étnico-Raciais
A Comunidade CENPEC Educação surgiu como um convite a grupos de educadores(as) que trabalharam ou trabalham em projetos e mantêm vínculos com a instituição, a atuar voluntariamente como mediadores(as) e formadores(as) em parceria com estudantes, professores, gestores, famílias e instituições educativas diversas, em diferentes frentes de trabalho.
Uma delas é a Educação para as Relações Étnico-Raciais, que busca discutir com escolas as leis 10.639 e 11.645 e promover ações afirmativas. Atualmente, o projeto se desenvolve em cinco Centros de Educação Infantil (CEIs) da zona leste de São Paulo (Jardim do Sonho, Vila Feliz, Marinho de Assis Toledo, Campo Belo, Bem Me Quer), por meio de uma parceria com o Instituto Educacional Projetando o Futuro, responsável pelos CEIs conveniados.
O trabalho envolve a participação de dez profissionais voluntários(as) para desenvolver formações com as professoras, coordenadoras pedagógicas, diretoras e alguns(as) profissionais de apoio desses CEIs.
As formações começaram em outubro e acontecem on-line quinzenalmente, com cerca de uma hora e meia de duração. Essa primeira etapa tem sido chamada de “encontros de sensibilização”, em que são discutidas questões que introduzem o tema, como racismo, preconceito e discriminação. Os encontros propõem uma roda de conversa, buscando sempre partir do conhecimento e da cultura acumulada das participantes para fortalecer e pautar o debate.
Eu não enxergava que a discriminação era tão grande. Com essas formações, eu estou conseguindo ter uma visão mais ampla, de que o preconceito e as pessoas racistas existem sim, infelizmente. Nós, como educadoras, temos essa capacidade de fazer a diferença e levar informação para as crianças, e para isso precisamos ter oportunidades como essa de estar desenvolvendo o nosso trabalho e adquirindo mais recursos
Professora Adriana Alexandrino Fernandes, do CEI Campo Belo
Vejo que as questões relacionadas à educação étnico-racial estão, de alguma forma, presentes no universo das educadoras, mas não concretizadas no cotidiano. Nosso objetivo é conseguir, a partir das reflexões, oferecer subsídios para que elas consigam aplicar isso, na prática, no seu dia-a-dia – e aí não só em sala de aula, mas nas relações, no contato com a família etc. É, na verdade, contribuir com uma mudança de cultura escolar
Washington Góes, educador social, especialista em relações étnico-raciais, do CENPEC Educação, e responsável por articular a iniciativa.
3. Afropop: cultura e resistência – profª. Karla Paranhos (RJ)
Para tratar da questão étnico-racial, a professora Karla Monteiro Paranhos sabe tirar todo o proveito do território em que a escola em que trabalha há três anos está inserida.
A Escola Municipal Deodoro fica no bairro da Glória, região central da capital carioca. Perto dela, encontra-se, entre outros pontos, o Cais do Valongo, maior porto de entrada dos navios negreiros no séc. 19; o Instituto Pretos Novos, que abriga um museu e o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos; e o quilombo urbano Pedra do Sal.
É por esse circuito todo na região portuária do Rio de Janeiro, conhecido como “Pequena África”, que a professora Karla leva os(as) estudantes da disciplina eletiva “Afropop: cultura e resistência” para viajar e conhecer as heranças africanas.
Dinâmica e integrada a várias áreas do conhecimento, a disciplina dura seis meses e trata desde a questão da evolução humana no continente africano até a resistência e a luta dos escravos por liberdade. Além disso, ela traz elementos culturais muito presentes no dia-a-dia desses(as) estudantes do Ensino Fundamental II, como o funk, o grafite e o skate.
Como professora de Ciências, Karla também aborda o tema em suas aulas, buscando contextualizar o conhecimento científico curricular e trazer os saberes prévios das crianças para a sala de aula.
Em uma aula sobre o reino das plantas, podemos falar sobre a planta que a mãe usa para fazer o chá, ou a avó usa no banho de ervas. Ou em uma aula de genética (assunto que eu particularmente gosto muito), trabalhar o conceito biológico de raça, que não existe, mas que tem um conceito social que é necessário. É um momento bacana para realizar uma prática antirracista
Professora Karla Paranhos, da Escola Municipal Deodoro
Ainda que tenha bastante abertura da gestão escolar para tratar a questão étnico-racial em suas práticas, ela critica a falta de uma visão mais institucional sobre o tema, que ainda fica muito centrado em algumas matérias e nas práticas das professoras negras da escola.
“Tanto o corpo docente quanto a gestão quiseram que eu continuasse com a minha eletiva. Mas a meu ver, a questão étnico-racial não pode ser trabalhada apenas em uma matéria. Ela precisa estar incluída no currículo, nas discussões de todas as disciplinas, integrada com o projeto político pedagógico da escola”, defende Karla Paranhos.
Coletivo Agbalá: a importância de uma rede de apoio
Karla Paranhos faz parte do Coletivo Agbalá, uma rede formada em 2018 por professores(as) e gestores(as) antirracistas que trabalham na rede municipal do Rio de Janeiro. O Coletivo busca contribuir com a implementação da Lei 10.639/03, por meio de formação docente sobre a temática. Os 19 membros atuam em diferentes etapas de ensino, e procuram se apoiar no aprimoramento e desenvolvimento de suas práticas e cotidiano escolar.
“Soa muito bonito falar que realizamos práticas antirracistas, mas a verdade é que é muito complicado. É um caminho cheio de percalços, já que estamos em uma sociedade essencialmente racista ainda. Então para lidar com isso, é muito importante você ter uma rede de apoio. O nosso grupo é fundamental, porque dá um suporte muito grande, no sentido de reforçar as práticas, de ser um espaço de troca, de tirar dúvidas, e de se fortalecer mesmo”, diz.
4. Jogos de tabuleiros de origem africana: resistência e valores – profª. Odalícia Conceição (PA)
A Matemática que você sabe é diferente da que eu sei, mas a sua não é mais ou menos importante que a minha. Ela tem identidade, o seu modo de fazer tem particularidade. A Etnomatemática ultrapassa essa ideia de uma Matemática única, e trabalha a cultura, a questão racial, a afetividade, a religião, os saberes individuais de cada corpo etc
Odalícia Oliveira Neves Conceição, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jornalista Rômulo Maiorana
Com esse conceito em mente, a professora de Matemática Odalícia Oliveira Neves Conceição inclui questões étnico-raciais em seu plano de aula para os alunos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) desde que entrou na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jornalista Rômulo Maiorana, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém (PA), há 17 anos.
Como? Usando jogos de tabuleiro de origem africana. A coletânea da professora é vasta, e tem jogos de Gana, de Moçambique, da Angola etc. Um deles é o Senat, um jogo de vida e morte do antigo Egito.
“Esses jogos têm uma particularidade muito própria: para vencer, eu não posso te eliminar, preciso te dar a possibilidade de recomeçar o jogo. Usando esses recursos, eu trabalho conteúdos da disciplina (como sequência matemática, progressão aritmética), e questões como cultura, religião, gênero, leitura de sociedade por um povo, que aparentemente não têm nada a ver com a temática”, explica Odalícia Conceição.
A partir de 2005, o projeto extrapolou a disciplina da profª. Odalícia e se tornou um projeto da escola, abrangendo outras matérias – muito por conta da pressão do movimento negro na Secretaria Estadual de Educação para que as escolas implementassem a Lei 10.639/03. Em 2010, o projeto foi premiado na 5ª edição do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero, promovido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
Ele continua até hoje, tendo passado por uma reavaliação em 2018, para garantir que seus objetivos e suas ações estejam institucionalmente ancoradas.
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5. Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo – São Paulo (SP)
“Que bom que você está aqui” é a frase que cumprimenta quem chega no casarão cheio de grafite e árvores que abriga o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo, na periferia sul da capital paulista.
O prédio já é um indício do modelo de educação praticado nesta instituição, que existe há 22 anos e foi inspirado no Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), criado por Paulo Freire.
Referência em inclusão e diversidade, o Cieja Campo Limpo tem uma grade curricular diferenciada, com 2h15 de encontros diários (como são chamadas as aulas por lá) para os(as) 1.547 educandos(as), que podem realizá-los de manhã, à tarde ou à noite – tudo construído de forma coletiva, com a participação da comunidade escolar.
É nesse processo de ouvir a comunidade e abrir a escola que está a potência do Cieja. Nosso projeto político pedagógico olha pra realidade e não comunga com as injustiças sociais. Quem são esses alunos de EJA? Mulheres, em sua maioria negras; a população nordestina. Por que elas estão tendo acesso a este instrumento de mudança social, que é a educação, muito mais tarde do que deveriam?
Diego Elias Santana Duarte, coordenador-geral do Cieja Campo Limpo
Há 17 anos, a instituição realiza o Seminário Étnico-racial, que consiste em uma série de ações, realizadas ao longo do ano, que objetivam a discussão racial, e que são concretizadas em oficinas, bate papos, saídas culturais, palestras de convidados(as) especiais etc.
Os professores e as professoras também se organizam em comissões, que são grupos de pesquisa que desenvolvem diferentes temáticas, como de gênero, étnico-racial, inclusão etc. As atividades de formação de docentes são muitas vezes abertas à comunidade e também profissionais de apoio – como a visita ao quilombo do Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, que aconteceu no ano passado.
Para Diego Duarte, a chave de uma escola antirracista está na priorização de um projeto que veja a educação como um processo civilizatório, que deve ser garantido a todos e todas.
“Por que a nossa preocupação está voltada para os números, para a burocracia, a documentação? Todas as pessoas nascem com o mesmo potencial intrínseco, mas por questões econômicas, políticas, raciais, de gênero, elas são jogadas para mão-de-obra. Imagina se temos um processo educacional que tem essa visão holística, quantos cientistas não teríamos nas favelas?”, diz.
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6. Núcleo de Pesquisas e Estudos Africanos, Afro-brasileiros e da Diáspora (Ubuntu/NUPEAAS) do Programa de Iniciação Científica no Ensino Médio – Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (MG)
Como Superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, duas situações incomodavam muito Iara Viana e sua equipe: os projetos que a área recebia no mês de novembro para tratar a questão étnico-racial, e os dados de autodeclaração no ato da matrícula.
A primeira porque, ainda que fossem projetos relevantes e que valorizassem a cultura afrobrasileira, acabavam não representando uma chave de mudança, e não abarcavam todas as áreas do conhecimento. A segunda porque mostrava uma dificuldade de estudantes se auto-identificarem, já que a maioria da população mineira é negra, o que gerava uma ausência de dados e demonstrava a necessidade de trabalhar a questão da identidade.
“Recebíamos muitas dúvidas e inseguranças de pessoas que queriam trabalhar o tema, mas tinham perguntas como ‘mas eu não sou negra, posso falar sobre isso?’, ‘esse tema é muito complexo’. Tínhamos que encontrar uma forma em que todos pudessem se sentir e estar confortáveis em fazer essa discussão, já que se trata de uma escola e uma educação pública e do direito à educação para todos”, explica Iara Viana, atualmente assessora chefe na Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.
Foi a partir dessas inquietações que surgiu a ideia de aliar a pesquisa científica com a educação para as relações étnico-raciais, no sentido de agregar parceiros, inclusive pessoas não-negras, para tratar sobre a questão. Formou-se assim, há cerca de quatro anos, o Núcleo de Pesquisas e Estudos Africanos, Afro-brasileiros e da Diáspora (Projeto Ubuntu/NUPEAAS) do Programa de Iniciação Científica no Ensino Médio.
“O projeto desmistificou um pouco o tema étnico-racial, que era visto só pelo quesito cultural. Os estudantes passaram a olhar para a sua realidade e pensar: ‘eu também posso fazer ciência. Posso discutir esse tema para além dos movimentos sociais, e ganhar pontos na minha média por isso’”, explica Iara Viana.
Aproximação entre Educação Básica e Ensino Superior
O NUPEAAS chegou a todas as 74 escolas espalhadas por todas as 47 superintendências regionais de ensino do estado. Cada professor(a) orienta até 12 alunos(as) por turma, e a pesquisa geralmente ocorre no contraturno, com uma compensação pelo período extra (em normatização no momento).
Logo que se iniciou, o projeto contou com a contribuição da comunidade escolar, do movimento negro e das universidades, com a parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Os professores(as) da faculdade eram tutores(as) dos(as) docentes das escolas, orientando esses profissionais sobre como desenvolver o projeto de pesquisa junto aos(às) estudantes.
Temos uma carência histórica no campo da formação de professores para trabalhar com as questões étnico-raciais, pois o currículo das licenciaturas não inclui esse tema. A responsabilidade fica para a Educação Básica, por meio da formação continuada de docentes. Essa parceria foi estratégica para responsabilizar o Ensino Superior nesse sentido
Iara Viana, assessora chefe na Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais
Novos caminhos para estudantes
Helder Júnio de Souza foi um dos professores que se inscreveu no edital do Programa Ubuntu/NUPEAAS. Como já trabalhava projetos diferentes com seus estudantes, o edital que trazia esse apoio econômico só o fez “unir o útil ao agradável”.
Seus projetos centravam-se na questão do empoderamento negro no mercado de trabalho, e a participação no Núcleo permitiu que ele e seus(suas) pesquisadores(as) participassem de congressos e outros eventos.
Os estudantes ficaram fascinados. Logo no início do projeto, íamos fazer uma visita à PUC para a Mostra de Profissões, e uma das alunas estava muito ansiosa. Ela me falou que nunca tinha pisado em uma faculdade. Então eles começaram a ter contado com um universo completamente desconhecido, e a criar uma perspectiva diferente, de querer dar continuidade nos estudos – seja um ensino técnico ou faculdade – e alçar novos ares
Helder Júnio de Souza, professor de História da Escola Estadual Prof. Zoroastro Vianna Passos, em Sabará (MG)
Papel do(a) gestor(a)
Para Iara Viana, a gestão educacional precisa entender que tratar da questão étnico-racial nas escolas é cumprir a legislação brasileira e garantir o direito à educação que foi historicamente negado à população negra. Para realizar um bom trabalho, deve-se olhar para os dados, entender a sua rede, fortalecer parcerias locais e certificar-se que o tema está sempre em pauta.
“Nossa equipe costuma municiar as regionais de ensino com informações como número de mortes de jovens negros no território, de pessoas com anemia falciforme (que impacta no processo de escolarização), de estudantes autodeclarados negros e sua vida escolar etc. Esses gestores precisam entender que, se eles têm a preocupação com os resultados educacionais, também devem olhar para essas questões, de segurança e saúde”, explica.
O que começou como um projeto, na gestão passada, acabou virando um programa de estado, que acontece até hoje.
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