Diversidade em Ciência: imaginário e arte na educação

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Diversidade em Ciência: imaginário e arte na educação

Rogério de Almeida (FE-USP) discute o papel da ficção no percurso formativo educacional

Como a educação pode se abrir a outras vozes e modos de ver e se relacionar com a realidade? De que maneira a arte pode se aliar à pedagogia na construção de percursos formativos autônomos? Essas são algumas questões que pautam o programa Diversidade em Ciência, veiculado no dia 13.1 na rádio USP-FM.

Nesta edição do programa, o convidado é o professor, filósofo e escritor Rogério de Almeida, entrevistado pelo jornalista e também professor Ricardo Alexino Ferreira. Em um bate-papo regado a músicas de Miles Davis, Claudio Monteverdi e Hermeto Pascoal, o docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) fala de imaginário, cinema, literatura, alteridade e educação.

Entre outros temas, Almeida reflete sobre o papel tradicional da educação e a relação muitas vezes conflituosa com a diversidade e a alteridade. Em contraponto a um discurso monológico que predomina em teorias e práticas educacionais, o filósofo apresenta a concepção de pedagogia da escolha:

Rogério de Almeida
Rogério de Almeida. Foto: reprodução

A pedagogia é, de certa forma, um direcionamento didático e metodológico ao que deve ser trabalhado e adquirido como conhecimento e comportamento.

A perspectiva da pedagogia da escolha, que proponho, é uma espécie de ‘antieducação’, ou uma aprendizagem de desaprender, em que, mais importante que simplesmente assimilar as verdades que nos são postas, é educar para questioná-las. Colocar justamente em dúvida aquilo que se apresenta como verdade ou como realidade.”

Rogério de Almeida

O professor entende a realidade como um “discurso dominante que provém de alguns espaços que tentam hegemonicamente se impor” e não admitem a coexistência de outros discursos. Nesse sentido, a literatura, o cinema, a arte em geral têm um papel central na educação. “Parece-me que a ficção é um instrumento importantíssimo para compreender a realidade, não para fugir dela”, reflete.

Segundo Almeida, a ficção seria uma espécie de “mala em que a gente vai colocando elementos para usar ao longo da viagem. O modo como interpretamos uma obra de ficção não difere de como interpretamos a realidade. […] Nós interpretamos essas obras para depois não só interpretar a realidade, mas agir sobre ela.”

Ouça o programa na íntegra


Rogério Almeida
Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), doutor em Educação e livre-docente em Cultura e Educação. Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), coordenador do GEIFEC (Grupo de Estudos sobre Itinerários de Formação em Educação e Cultura) e um dos coordenadores do Lab_Arte (Laboratório Experimental de Arte-Educação & Cultura). Também é editor da revista Educação e Pesquisa e editor-colaborador da revista Machado de Assis em Linha na área de educação.

Livros: O imaginário trágico de Machado de Assis: elementos para uma pedagogia da escolha (2015); O criador de mitos: imaginário e educação em Fernando Pessoa (2011); O dia em que conheci Jim Morrison (2004); Metamorfopsia da educação: hiatos de uma aprendizagem real (em coautoria com Alexandre Dias, 2002); Alucinação (2001) e Almenara (1999).

Ricardo Alexino Ferreira
Ricardo Alexino Ferreira. Foto: reprodução

Diversidade em Ciência
Programa de divulgação científica voltado às ciências da diversidade e aos direitos humanos. Vai ao ar na Rádio USP-FM (93,7 MHz/SP) segunda-feira às 13h, com reapresentação terça-feira às 2h e sábado às 14h.
A direção e apresentação é do jornalista, professor e membro da Comissão de Direitos Humanos da USP Ricardo Alexino Ferreira, e a operação de áudio de João Carlos Megale.


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