Qual é o papel da arte fotográfica na valorização da identidade afro-brasileira? Como essa linguagem possibilita a emersão de outros parâmetros culturais e étnicos para além dos impostos historicamente em nossa sociedade?
… o uso da fotografia por outros grupos humanos, com outras cosmovisões que não a europeia, ocidental, branca, masculina, funciona como uma contranarrativa, uma forma de mostrar outros aspectos da cultura, da imagem, dos corpos e da história desses povos que foram categorizados segundo a perspectiva ocidental.”
Mônica Cardim
A reflexão acima, da fotógrafa e educadora Mônica Cardim, faz parte da entrevista concedida ao Programa Itaú Social UNICEF. A artista integra a equipe de mediadores do Programa, voltado à formação de organizações da sociedade civil que trabalham com crianças e adolescentes na perspectiva da educação integral e inclusiva, tendo a diversidade como tema transversal.
Na entrevista, Mônica fala de seu trabalho com retratos de pessoas negras. A proposta é ser uma contranarrativa à imposição de um único padrão estético e cultural em detrimento de outros. Um exemplo de uso colonizador da fotografia são os retratos etnográficos de pessoas negras feitas pelo alemão Alberto Henschel no Brasil na segunda metade do século XIX. Esse trabalho, associado à teoria do racismo científico, catalogava e hierarquizava os retratados, que eram objetificados, destituídos de nome, história, identidade.
Eu continuo na ideia da fotografia como uma forma de contranarrativa, ao trazer o olhar dos próprios negros sobre si e sua história. Não estou dizendo que pessoas brancas não podem falar sobre a negritude. Mas quem tem mais propriedade para falar sobre a própria história que as pessoas negras? Inclusive porque, por mais antirracista que seja, uma pessoa branca não sabe o que é a experiência de ser categorizado o tempo todo pelo outro.”
Mônica Cardim
Leia a entrevista na íntegra.
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