Oficina: É hora de fogueira, paçoca e quadrilha!

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Oficina: É hora de fogueira, paçoca e quadrilha!

Que tal organizar uma quadrilha e entender suas características? Autoria: Educação&Participação.




O que é?

Oficina que articula a percepção das características da festa junina com a montagem da quadrilha como dança coletiva.

Materiais

Papéis coloridos, canetas hidrográficas, alimentos típicos de festas juninas, roupas de festa junina, seleção de canções de festa
junina, aparelho de som ou computador, notebook ou celular conectado a caixa de som.

Finalidade

Fortalecer os vínculos e a organização do grupo e levá-lo a conhecer um tipo de manifestação cultural brasileira de dança
folclórica; perceber a importância do movimento coordenado na execução da dança folclórica.

Expectativa

Valorizar uma manifestação cultural típica brasileira, promover o encontro e a celebração coletiva.

Público

Crianças.

Espaço

Ambiente aberto ou sala da instituição.

Duração

1 encontro de 1h30




Início de conversa

Jules Breton, The Feast of Saint John, 1875/Wikipedia

Junho é tempo de festa junina! Essa celebração de origem pagã, segundo historiadoras(es), marcava o solstício de verão no hemisfério Norte, ou seja, a passagem da primavera para o verão. As festividades eram vistas como uma forma de afastar pragas e maus espíritos que pudessem causar danos às plantações.

No hemisfério Sul, junho é o início do inverno, e a origem agrária e pagã da data foi sendo apagada com sua incorporação pela religião cristã. Assim, passou-se a relacionar as brincadeiras juninas a figuras importantes do Catolicismo: Santo Antônio (dia 13 de junho), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29).

No Brasil, a festa junina, muito popular na Península Ibérica (Portugal e Espanha), remonta ao século XVI, trazida pelos colonizadores. No início, a celebração era conhecida como festa joanina, em referência a São João, mas, com o tempo, passou a ser chamada de festa junina, em referência ao mês em que acontece. Aqui, ganharam cores, sabores e sonoridades próprias, por influência dos povos indígenas e africanos.

Menina em festa junina em Belo Horizonte (MG). Foto: Eduardo Coutinho/Wikipédia

Popular em todo o Brasil, as festas juninas são caracterizadas por muitas comidas, bebidas, brincadeiras, costumes, músicas de danças, com variações de acordo com a região.

Na culinária, o milho é base de diversos quitutes juninos: a canjica, no Nordeste, chamada de curau no Sudeste, e a canjica sudestina, conhecida como mungunzá nos estados nordestino. Há também a pamonha, doce ou salgada, é encontrada em quase em todo o Brasil. Os pratos preparados com mandioca (aipim ou macaxeira), batata doce, inhame e amendoim também são marcantes, além dos clássicos quentão e vinho quente.

Cores fortes, alegres, estampas florais, xadrez, quadriculadas, fitas, tecidos de chita e flanela marcam a decoração e o figurino das(os) brincantes. Simpatias e brincadeiras de amor, como barraca do beijo, correio elegante, animam a celebração.

Bumba meu boi, Maranhã, Foto: Wikipédia

Entre as danças, há manifestações diversas de acordo com a localidade. Na região Norte, principalmente Maranhã, Amazonas e Pará, se destaca a brincadeira do bumba meu boi, ou boi-bumba, com seus vários “sotaques”, ou seja, formas diferenciadas de brincar o boi (sotaque de matraca, de zambumba, da ilha) e seus diversos personagens.

No Nordeste, a ciranda, o xaxado, o xote e o baião são ritmos bastante populares nos festejos juninos. Enquanto no Centro-Oeste, há uma forte influência das tradições dos países da fronteira, especialmente o Paraguai. Além da quadrilha tradicional, dança-se o cururu, onde violeiros se desafiam com rimas em uma roda dançante. Já a região Sul se destaca pelas roupas típicas (o vestido de prenda rodado, bombacha e o lenço no pescoço), os ritmos vaneirão, chamamé e xote gaúcho, além da tradicional a dança das fitas.

“Olha a chuva! É mentira…”

Quem nunca ouviu essa frase que marca a dança da quadrilha? Uma das manifestações mais conhecidas das festas juninas, se espalhou por diversas regiões brasileiras, ganhando referências caipiras e matutas. Mas você sabia que sua origem remonta à aristocracia francesa?

Passo L’été (“verão”), da quadrille, c. 1820. Gravura de Lebas/Wikipédia

A ‘quadrille’ surgiu em Paris, no século XVIII, como uma dança de salão composta por quatro casais. Era dançada pela elite europeia e veio para o Brasil durante o período da Regência (por volta de 1830), onde era febre no ambiente aristocrático.

Da Corte carioca, a quadrilha acabou caindo no gosto do povo. Ao longo do século XIX, a dança se popularizou no Brasil e se fundiu com manifestações brasileiras preexistentes. ‘O brasileiro é um povo muito criativo e criou a forma estilizada de dançar a dança dos nobres’, opina a arte-educadora Lucinaide Pinheiro. A partir daí, diversas evoluções foram sendo incorporadas à quadrilha, entre elas o aumento do número de pares dançantes e o abandono de passos e ritmos franceses. As músicas e o casamento caipira que antecede a dança, também foram novidades incorporadas ao longo dos anos.”

Bruna Ramos Fonte: Portal EBC

Em contato com outros ritmos presentes no Brasil, essa dança se transformou, recebendo muitas variantes e denominações de acordo com a localidade. Por exemplo:

  • “Quadrilha” (São Paulo, Minas Gerais, Sergipe);
  • “Saruê”, do termo francês soirée, que significa “noite” (Centro-Oeste);
  • “Baile sifilítico” (Bahia);
  • “Mana-Chica” (Rio de Janeiro).

Na prática

Agrupe a turma e abra uma conversa sobre a festa junina: “O que é necessário para se fazer uma festa junina”? Anote em um cartaz os palpites e as lembranças. Em seguida, anuncie:

Então, que tal a gente organizar uma festa assim?

Combine com as crianças os preparativos e marque o dia para celebrarem uma festa junina. Se possível, peça ajuda da comunidade. Marque o dia para os preparativos: enfeitar o ambiente com adereços (bandeirinhas, balões, chapéus de palha etc.) compartilhar alimentos (pé de moleque, paçoquinha, pipoca, pinhão etc.) típicos de um arraial. Selecione com a turma músicas que gostem de ouvir e dançar numa festa junina.

Quando tudo estiver pronto, é hora de festejar! Reúna todo mundo para compartilhar deste momento. Aproveite a eventual presença de familiares das crianças na atividade e estimule que perguntem aos adultos sobre suas memórias juninas:

  • Que brincadeiras gostavam de fazer nessa festa?
  • Quais eram os objetos e símbolos presentes?
  • Que roupas costumavam usar?
  • E as comidas, bebidas?
  • E como eram as danças e músicas? Alguém se lembra de alguma e quer cantarolar?

A seguir, conduza o grupo a se organizar em torno da quadrilha, sem anunciá-la, com as seguintes comandas:

  • Caminhem pelo espaço.
  • Formem 4 grupos em 10 segundos. Vou começar a contagem regressiva:10, 09 ,08,…
  • Agora, formem duas filas.
  • Façam duas rodas, uma dentro da outra.
  • Agora uma grande roda.
  • Cada um pegue o seu par! Vamos dançar a quadrilha!

Se as crianças não tiverem familiaridade com a quadrilha, provavelmente não terão desenvoltura para formar os pares e executar os movimentos da dança.

Nesse caso, você e outra pessoa podem demonstrar os passos e as etapas da dança. Não deve haver preocupação com a perfeição da dança, porque o objetivo é perceberem a importância da coordenação e do movimento coletivo.

Com o grupo preparado, coloque uma música de quadrilha e conduza a dança obedecendo as comandas típicas. Coordene a quadrilha para o momento final, a cena do casamento caipira. Chame os personagens (o padre, os pais da noiva e do noivo, um delegado), organize a cena e finalize a dança.


Hora de avaliar 

Depois da vivência da dança, será importante conversar com as crianças sobre o que elas sentiram enquanto se organizavam para a quadrilha, suas impressões sobre os passos e os comandos e o que elas acham que poderia ter sido diferente.

Registre suas falas, e não deixe de concluir a oficina, ressaltando a importância do respeito de um pelo outro para que o trabalho coletivo aconteça e para que todos possam perceber que a dança só dá certo se todos se empenharem e estiverem bem coordenados.


Para ampliar 

As crianças poderão:

  • fazer pesquisas sobre a origem da festa junina;
  • pesquisar as diversas manifestações da festividade de acordo com a região do país;
  • entrevistar familiares com a finalidade de conhecer como comemoravam esta festa, quais as suas lembranças destes eventos, ou curiosidades ocorrida nesta época que marcaram suas vidas.


Para saber mais

Danças típicas – região Centro-Oeste
Danças típicas – região Sul
 Brincantes e brincadeiras com o bumba-meu-boi do Maranhão
Festa de São João em Caruaru (PE)
Festa junina da Rua São João, Lontra (MG)



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