LITERATURA E ORALIDADE
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Literatura cordel: leitura compartilhada e recital
É interessante iniciar a atividade com um aquecimento em forma de roda de conversa. Você pode fazer algumas perguntas para levantar conhecimentos prévios da turma sobre o gênero cordel e sobre o texto que será lido: Quem conhece literatura de cordel? Lembra-se de algum título, autor ou trecho de poema? Depois dessa conversa inicial, diga que vão ler um poema de cordel. Comece pelo título: Que ideias ou imagens o título do poema sugere a vocês? Ao ler o poema, considere o ritmo dos versos, observando os sinais de pontuação, as rimas, as aliterações e outros efeitos sonoros que dão cadência ao texto.
Já ouviu um cordelista declamando seus poemas? Veja dois exemplos.
“Campanha eleitoral”:
“Morreu Maria Preá”:
Posteriormente, você pode propor que ensaiem a leitura em voz alta para um recital. Em duplas, um estudante começa declamando para um colega, que pode dar sugestões para melhorar a expressão oral do colega. O recital pode ser organizado por tema, por autor ou outro mote que a turma escolher.
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Tertúlia dialógica literária
Ler e conversar sobre literatura não é coisa só da escola. A tertúlia é uma reunião de pessoas para conversar a respeito de uma obra de literatura, sem o objetivo de ensino, mas com a intenção de criar uma oportunidade para que todos possam expressar seus sentimentos, experiências e opiniões a respeito dos textos de literatura. A ideia é criar um espaço de transformação pessoal por meio de uma prática baseada em princípios dialógicos e não hierárquicos.
A proposta original é que se trate de uma obra da literatura universal, que aborde temas que preocupam toda a humanidade, independente de sua cultura ou época. No entanto, é possível praticar essa atividade com qualquer obra de literatura.
A tertúlia é aberta a qualquer pessoa, de diversos níveis de formação. Todos os participantes devem ter o mesmo direito à fala e ter suas opiniões igualmente respeitadas. Em cada encontro, as pessoas levam trechos que querem comentar do texto que foi escolhido pelo grupo. É necessário haver uma pessoa que organize a conversa, para garantir o direito de expressão a todos. Saiba mais sobre tertúlia literária.
A literatura universal compreende os clássicos da literatura mundial que trazem as questões que preocupam a humanidade, independentemente de época e local, como a morte, o amor, o sentido da vida, o embate entre razão e emoção, a ética, a moral. Conheça alguns clássicos da literatura universal nos vídeos da Univesp, a seguir.Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes:
Crime e castigo, do russo Fiódor Dostoiévski:
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Sarau poético
Um sarau poético oferece a oportunidade de trabalhar algumas habilidades de oralidade, como entonação, ritmo e postura diante do público. Também é uma ocasião para aumentar o repertório e estudar poesia.
Além de ouvir os poemas, os jovens podem comentá-los, enriquecendo as apresentações e criando oportunidades de troca de impressões e análises. A leitura pode ser acompanhada de música de fundo, desenhos, vídeos e coreografias inspirados nos poemas. O sarau pode ser um ótimo momento de integração da escola com a comunidade. Veja no Experimente dicas de como organizar um sarau.
Ouvir poemas declamados pode ser muito inspirador e envolvente para os alunos. Há vários CDs e vídeos em que se encontram belas declamações. Veja aqui a declamação do poema narrativo Y Juca Pirama (Gonçalves Dias), ilustrada por um desenho animado. -
Literatura e variação linguística
A variação linguística deve ter um lugar de honra na escola, pois ela nos ajuda a entender quem nós somos. Por isso, é necessário desenvolver uma pedagogia da variação linguística, defende o especialista Carlos Alberto Faraco. A variação linguística é determinada por diversos fatores: aspectos geográficos, históricos, socioeconômicos, culturais etc. A literatura pode ser uma importante aliada no trabalho com oralidade e variação linguística. Algumas sugestões: observar as marcas de variação linguística determinadas pela localização geográfica em obras de autores como Ariano Suassuna (Nordeste), Cora Coralina (Centro-Oeste), Erico Verissimo (Sul); ou as características da fala de personagens em épocas distintas, como as personagens de Caio Fernando Abreu (década de 1970-80) e as de Machado de Assis (segunda metade do século XIX); ou ainda, as marcas indicativas de classe social, como os jovens que vivem na periferia de São Paulo, que figuram em Um segredo no céu da boca (autores da Cooperifa), e o protagonista de O rapaz que não era de Liverpool (Caio Riter), representante de uma juventude urbana de classe média. Veja mais dicas de como trabalhar variação linguística na escola.