A ortografia não é apenas um conjunto de normas cujo domínio permite a quem escreve não violar os artigos que compõem o Decreto n. 6.583, de 29 de setembro de 2008, que promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Trata-se de um complexo sistema que estabelece os valores assumidos pelos grafemas. Isso inclui a uniformização gráfica das palavras e suas partes (radicais prefixos, sufixos, desinências que indicam flexões nominais ou verbais), além de recursos para distinguir palavras que soam do mesmo jeito, mas são escritas com grafias diferentes (por exemplo, acento e assento, trás e traz).
Um sistema que traz ainda vestígios da história das palavras, já que não é possível explicar a ocorrência de todos os grafemas apenas funcionalmente: só a etimologia esclarece alguns usos.
Etimologia (palavra vinda do grego étumos − real, verdadeiro – e logos − estudo, descrição) é a parte da gramática que trata da origem e história das palavras. Estudar a evolução das palavras possibilita conhecer a língua de forma mais completa. Além do aspecto curioso, o estudo etimológico revela as origens comuns e as semelhanças entre os idiomas.
Assista ao quadro Etimologia, que faz parte programa Nossa Língua, da TV Cultura.
Considerar a ortografia como um sistema tem implicações para o ensino-aprendizagem. Permite criar uma tipologia de erros, uma tipologia de atividades, indicadores de avaliação mais específicos, além de princípios orientadores para a formulação de expectativas de aprendizagem para cada ano do Ensino Fundamental.
Mas por que destinar tempo didático a esse assunto?
Aprender as regularidades do sistema ortográfico alivia a sobrecarga de decidir como cada palavra deve ser escrita. Livre desse peso, o estudante poderá dedicar-se a ampliar seu domínio da linguagem escrita. Porém, não se pode ignorar que escrever sem problemas ortográficos é apenas escrever corretamente; escrever bem é outra coisa. Há muito que aprender – além da ortografia – para produzir textos de qualidade.
Mas, como o ensino de ortografia que se defende privilegia o desenvolvimento de uma consciência metacognitiva, ao estimular o pensamento investigativo para descobrir as regularidades ortográficas, as crianças aprendem muito mais do que qual letra empregar para grafar uma palavra. Aprendem a observar a linguagem, a entreter-se com ela.
Etimologicamente, a palavra metacognição significa para além da cognição, isto é, a faculdade de conhecer o próprio ato de conhecer, ou, por outras palavras, consciencializar, analisar e avaliar como se conhece. Leia mais no artigo "Metacognição: um apoio ao processo de aprendizagem", de Célia Ribeiro.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16802.pdf. Acesso em: abr. 2015.
O alimento para a produção deste Especial, que se baseia no livro Ortografia (2013), decorre de longos anos de estudo da autora a respeito do assunto e, principalmente, da sua convivência com educadores e crianças que a convidaram a percorrer, com renovado deslumbramento, suas mal traçadas linhas, plenas de inventividade e possibilidades. Como recomenda Carlos Drummond de Andrade em seu poema “A procura da poesia”, há que se penetrar surdamente no reino das palavras. Nos textos das crianças, há calma e frescura na superfície intata de quem se inaugura no mundo da escrita. Chega mais perto e contempla as palavras. Ler esses primeiros textos requer paciência se obscuros e calma, se te provocam, mas sempre há tempo para que cada um se realize.
No alfabeto latino (ou romano), que usamos em português e em boa parte das línguas do mundo, o grafema representa o fonema, isto é, a unidade mínima do sistema fonológico.
Para identificar os fonemas de uma língua, os linguistas aplicam um teste: substituem um som por outro capaz de estabelecer contraste de significado entre palavras de contexto idêntico. Por exemplo, o /m/ de "mata" e o /d/ de "data" são fonemas em português; assim como /g/, /p/ e /t/: “grata”, “prata”, “trata”.
Além dos grafemas que representam vogais e consoantes, há também os diacríticos, que são sinais complementares inseridos na parte superior ou inferior da letra: a cedilha (ç), o acento agudo (´), o circunflexo (^), a crase (`), o til (~) e o trema (¨). Em português, apenas a cedilha é encaixada na parte inferior da letra C. Os demais diacríticos – o acento agudo, o circunflexo, a crase, o til – são colocados na parte superior das vogais. O trema, que foi abolido das palavras em língua portuguesa pelo novo acordo ortográfico aprovado em 1º de janeiro de 2009, deve ainda ser usado na parte superior do U em nomes próprios de origem estrangeira e seus derivados, como em hübneriano, Müller, müsli.
Embora na língua portuguesa os grafemas (letras) representem os fonemas, nem sempre há uma relação biunívoca entre eles, isto é, nem sempre um grafema representa só um fonema e esse fonema só é representado por esse grafema e nenhum outro. Na verdade, são bem poucos os casos em que isso acontece. O mais comum é que mais de um grafema concorra para representar um fonema (por exemplo, G ou J em relógio) ou que um único grafema, dependendo do contexto, represente diferentes fonemas (como o R, que pode representar /r/ em carinho e /R/ em enrolar).
Vamos conhecer mais de perto as relações entre fonemas e grafemas que uma criança recém-alfabetizada precisa aprender.
Regularidades biunívocas ou diretas
No sistema de escrita do português, os grafemas representam fonemas. Há várias relações que os grafemas podem estabelecer com os fonemas. Denominamos regularidades biunívocas (relação um para um) ou diretas aquelas em que apenas um grafema representa determinado fonema e vice-versa, isto é, nos casos em que há representação com base em uma correspondência termo a termo. Em português, isso ocorre apenas com: B, D, F, P, T e V.
GRAFEMA | FONEMA | EXEMPLO |
---|---|---|
B | /b/ |
biblioteca |
P | /p/ |
pássaro |
D | /d/ |
dança |
T | /t/ |
terreno |
F | /f/ |
floresta |
V | /v/ |
vulcão |
Em geral, tão logo compreendam o que as letras representam, as crianças dominam essas relações, que não precisam ser objeto de ensino. O desafio é aprender os valores que podem assumir considerando as restrições impostas pelo lugar que ocupam na palavra.
Valor de base
O valor de base corresponde ao fonema que o grafema representa com maior
frequência. Embora as letras tenham um nome (á, bê, cê, dê etc.) orientado pelo princípio acrofônico (segundo o qual o nome da letra indica um dos sons que ela representa), não é em todos os casos que o nome revela o valor de base que o grafema representa. Por exemplo: cê é o nome da letra C, mas o valor de base do grafema C é /k/, porque é bem maior o número de ocorrências em que o grafema ocorre representando /k/: antes das vogais A, O e U e das consoantes R e L na formação de encontros consonantais. O grafema C só representa /s/ em contextos bem mais restritos: seguido das vogais E ou I; ou /š/, seguido de H, compondo o dígrafo CH.
São poucos os grafemas usados apenas com o seu valor de base: além dos que mantêm correspondência biunívoca com os fonemas que representam (B, D, F, P, T e V), o J e o Q. O J representa somente o /ž/, embora esse fonema possa também ser representado por G, quando seguido de E ou I. O grafema Q, mesmo quando compõe o dígrafo QU, sempre representa /k/, embora esse fonema possa também ser representado por C, seguido de A, O ou U.
Os demais grafemas, vogais e consoantes, podem assumir outros valores dependendo da posição que ocuparem na palavra. Isso quer dizer que o valor desses grafemas varia de acordo com o lugar que ocupa: se aparece no começo, no interior da palavra ou no fim; ou ainda do grafema que vier antes ou depois dele. Veja os valores de base dos grafemas no português do Brasil, no quadro abaixo (adaptado do artigo “Mora na filosofia”. In: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO, 2011, p. 69-70).
Letra | Exemplo | Valor de base |
---|---|---|
a | ![]() |
/a/ |
b | ![]() |
/b/ |
c | ![]() |
/k/ |
d | ![]() |
/d/ |
e | ![]() |
/e/ |
f | ![]() |
/f/ |
g | ![]() |
/g/ |
h | ![]() |
∅ |
i | ![]() |
/i/ |
j | ![]() |
/ž/ |
l | ![]() |
/l/ |
m | ![]() |
/m/ |
n | ![]() |
/n/ |
o | ![]() |
/o/ |
p | ![]() |
/p/ |
q | ![]() |
/k/ |
r | ![]() |
/r/ |
s | ![]() |
/s/ |
t | ![]() |
/t/ |
u | ![]() |
/u/ |
v | ![]() |
/v/ |
x | ![]() |
/š/ |
z | ![]() |
/z/ |
Uma observação atenta de escritas produzidas por crianças que ainda não dominam o sistema alfabético, mas que já empregam algumas letras com valores sonoros convencionais, permitirá observar que elas operam essencialmente com o valor de base dos grafemas.
Como as crianças em alfabetização pensam e criam hipóteses para entender o sistema de escrita alfabética?
Saiba mais no Especial Aprendizado inicial da escrita: uma proposta de sistematização.
Isso sugere que, aos serem expostos a materiais impressos, as crianças encontram mais ocorrências do grafema empregado com o seu valor de base.
Regularidades contextuais
Os valores que os grafemas podem assumir dependem de sua posição na palavra: em posição inicial, não ocorre Ç; RR ou SS só podem ser usados no interior das palavras; em posição final, além das vogais, há apenas um número reduzido de consoantes L, M, N, R, S, X e Z. Além disso, a presença de um grafema em uma palavra pode ser condicionada pelos grafemas do entorno: antes de B ou P apenas M pode nasalizar a vogal da sílaba anterior; pode empregar o dígrafo RR só entre vogais; usa-se Ç apenas se a vogal seguinte for A, O ou U.
Grafema | Fonema | Exemplo | Descrição do contexto |
---|---|---|---|
A | /a/ | ato |
|
/ã/ | rã |
Com a sobreposição do til, normalmente em final de palavra | |
/ã/ | campo canto |
A + M, N em final de sílaba, seguidos de consoante | |
/ã/ | cama cana ganha |
A [núcleo de uma sílaba tônica] + sílaba iniciada por consoante nasal | |
/ã/ | coração |
Em final de palavras, compõe o ditongo nasal /ãw/; no interior de palavras, ocorre apenas em diminutivos: coraçãozinho | |
/ã/ | cãimbra |
Compõe o ditongo nasal /ãy/ – apenas em sílaba inicial | |
/ã/ | mãe pães |
Compõe o ditongo nasal /ãy/ | |
/ã/ | andam |
Em final de verbos, compõe o ditongo /ãw/, exceto em formas do futuro do presente do indicativo ou em formas irregulares da 3a pessoa do plural do presente do indicativo, como estão, são, dão, vão | |
C | /k/ | cara |
C + A, O, U |
/s/ | cera |
C + E,I | |
/s/ | foice |
C após ditongo + E, I | |
/s/ | louça |
Ç após ditongo + A, O, U | |
/s/ | paçoca |
Ç + A, O, U – nunca em posição inicial | |
/s/ | descer exceto |
Dígrafos SC, XC + E, I – nunca em posição inicial | |
/s/ | desça |
Dígrafo SÇ + A, O – nunca em posição inicial | |
/š/ | chama cheiro cachoeira |
Compõe o dígrafo CH, usado no começo ou no interior da palavra, seguido de vogal | |
E | /ε/ | fera |
|
/e/ | cera |
||
/i/ | pente |
Em sílaba átona | |
/ĩ/ | enfeite |
Em sílaba nasal átona | |
/ẽ/ | lembrar lento |
E + M, N em final de sílaba, seguidas de consoante | |
/y/ | escrevem |
Em final de verbos, compõe o ditongo /ẽy/ | |
/y/ | área espiões |
Em ditongos e tritongos | |
G | /g/ | gosto |
G + A, O, U |
/g/ | guerra |
GU + E, I: compõe o dígrafo GU | |
/ž/ | gesto |
G + E, I | |
H | /š/ | chama |
Modifica o valor básico do grafema anterior, compondo os dígrafos CH, LH, NH |
/ñ/ | manhã |
Modifica o valor básico do grafema anterior, compondo os dígrafos CH, LH, NH | |
/ʎ/ | malha |
Modifica o valor básico do grafema anterior, compondo os dígrafos CH, LH, NH | |
∅ | harpa hélice hino honra humor |
||
I | /i/ | irmão |
|
/ĩ/ | ímpar lindo |
I + M, N em final de sílaba, seguidas de consoante | |
/ĩ/ | lima hino linha |
I [núcleo de uma sílaba tônica] + sílaba começada por consoante nasal | |
/y/ | pai quais |
Em ditongos e tritongos | |
J | /ž/ | jeito jato |
Em qualquer contexto (regularidade biunívoca: o grafema só representa este fonema). No entanto, o fonema /ž/ é também representado pelo grafema G em outros contextos. |
L | /l/ | lata palácio |
Em início de palavra ou de sílaba |
/ʎ/ | malha |
Compõe o dígrafo LH (raro em início de palavra) | |
/w/ | altar papel |
Em final de sílaba ou de palavra | |
M | /m/ | mata |
|
/m/ | ombro |
Vogal + M: modifica o valor básico do grafema anterior, indicando nasalidade (em posição interna, no final da sílaba, seguido das consoantes P ou B) | |
/w/ | compram |
Em final de verbos, compõe o ditongo /ãw/ | |
/y/ | vendem |
Em final de verbos, compõe o ditongo /ẽy/ | |
N | /n/ | nada |
|
/ñ/ | manhã |
Compõe o dígrafo NH (raro em início de palavra) | |
antes |
Vogal + N: modifica o valor básico do grafema anterior, indicando nasalidade (em posição interna, seguida de qualquer consoante diferente de P ou B) | ||
/w/ | nêutron |
Em final de palavra – raro | |
/w/ | bons |
Em plurais | |
/y/ | hífen |
Em final de palavra, compõe o ditongo /ẽy/ – raro | |
/y/ | bens rins | ||
O | /ɔ/ | foge |
|
/o/ | reposição |
||
/õ/ | põe (forma do verbo pôr) |
Compõe o ditongo /õy/ | |
/õ/ | pomba ponte |
O + M, N em final de sílaba, seguidos de consoante | |
/õ/ | cômodo sono ponha |
O [núcleo de uma sílaba tônica] + sílaba começada por consoante nasal | |
/u/ | ponto |
Em sílaba átona ao final da palavra | |
/w/ | caos saguão |
Em ditongos e tritongos | |
Q | /k/ | quadro querer |
Sempre vem seguido de U, que nem sempre representa um fonema (dígrafo QU) |
R | /R/ | rato |
Em posição inicial |
/R/ | honra Israel |
Em início de sílaba, precedido de N ou S | |
/R/ | barro |
Em posição intervocálica, dígrafo RR | |
/ r / | caro |
Em posição intervocálica | |
/ r / | prazo |
Segunda consoante em encontros consonantais | |
/R/ ou / r / | urso mar |
Em final de sílaba, em posição interna ou em final de palavras, dependendo da variedade | |
S | /s/ | salada |
Em início de palavra, com qualquer vogal |
/s/ | psicólogo absolver |
Quando for precedido de consoante | |
/s/ | isso passado |
Em posição intervocálica, dígrafo SS | |
/s/ | piscina cresço |
Em posição intervocálica, dígrafos SC, SÇ | |
/s/ ou /š/ | casca atrás |
Em final de sílaba seguido de consoante surda ou final de palavra, dependendo da variedade | |
/z/ ou /ž/ | desde |
Em final de sílaba precedida de consoante sonora, dependendo da variedade | |
/z/ | asa |
Em posição intervocálica | |
/z/ | causa |
Após ditongo | |
U | /u/ | tudo |
|
/ũ/ | umbigo untar |
U + M, N em final de sílaba, seguidas de consoante | |
/ũ/ | rumo túnel unha |
U [núcleo de uma sílaba tônica] + sílaba começada por consoante nasal | |
/w/ | mau Paraguai |
Em ditongos e tritongos | |
∅ | guerra querer |
Depois de G ou Q e antes de E e I, pode não representar fonema algum, nem modificar o valor básico do grafema anterior, entrando na composição dos dígrafos GU, QU | |
X | /š/ | xícara xarope mexer |
Em início ou no interior de palavra, seguido de vogal |
/š/ | enxame enxergar |
No interior da palavra, após inicial en-, [a não ser que o prefixo se anexe a radical com CH, por exemplo, en+cheio = encher, en+charco = encharcar] | |
/š/ | caixa faixa |
Após ditongo | |
/s/ ou /š/ | texto sexta |
Dependendo da variedade, em final de sílaba, precedido de E | |
/s/ | máximo |
||
/z/ | exato exame |
Apenas após vogal E | |
/ks/ ou /kis/ | fixo tórax |
||
/kz/ | hexágono |
||
Z | /z/ | zelo cerzir zonzo |
Em início de palavra ou de sílaba precedido de consoante |
/z/ | azedo |
Em posição intervocálica | |
/s/ ou /š/ | cartaz |
Em final de palavra oxítona, dependendo da variedade |
Regularidades morfológicas
As regularidades morfológicas são aquelas nas quais os valores que os grafemas assumem relacionam-se aos processos derivacionais ou flexionais das classes de palavras. Como prefixos, sufixos, desinências (nos nomes, gênero e número; nos verbos, tempo e modo, pessoa e número) escrevem-se sempre da mesma maneira, é possível resolver muitos problemas ortográficos sem sobrecarregar a memória. Menos potentes são as correlações que podem ser estabelecidas entre palavras cognatas, isto é, que pertençam a uma mesma família, com radical e significação comuns.
Contextos irregulares
Chamam-se irregulares os contextos em que vários grafemas concorrem para representar um mesmo fonema. A antecipação desses contextos permite que o escritor possa consultar o dicionário e certificar-se da forma correta sem o risco de incorrer em erros. Na palavra pássaro, por exemplo, o fonema /s/ é representado por SS e não por S, pois ocorre entre duas vogais. Porém, nesse mesmo contexto, também poderia ocorrer Ç como em açaí. SS e Ç competem para representar /s/ em contextos intervocálicos, quando a segunda for A, O ou U: esse é, portanto, um contexto irregular. É por essa razão que tantas crianças escrevem "paçaro". Apenas a etimologia, isto é, o estudo da origem e da evolução da palavra, pode explicar o fato de ela ser grafada assim. No caso, pássaro é com SS porque tem origem no latim pāsser. Como esse conhecimento não é acessível à esmagadora maioria dos usuários da língua, a solução é memorizar que pássaro se escreve com SS (ou recorrer ao dicionário em caso de dúvida), generalizando SS para as palavras derivadas como passarinho, passarada, passarinheiro etc.
O fonema /s/ é recordista isolado na arte de criar armadilhas a quem escreve. Mas Ana e Rafael contam com a ajuda de um super-herói para resolver os problemas mais difíceis: Léxicon, o Superdicionário.
Os dois sabem que seu amigo super-herói é muito ocupado, por isso só pedem sua ajuda quando não conseguem se livrar das enrascadas ortográficas.
Objetivos de aprendizagem:
• Isolar os contextos arbitrários, isto é, aqueles em que mais de um grafema concorrem para representar o fonema /s/ daqueles em que é suficiente uma análise do contexto.
• Estimular a consulta ao dicionário para resolver dúvidas ortográficas.
GRAFEMA | FONEMA | POSIÇÃO | EXEMPLO |
---|---|---|---|
CH ou X | /š/ | no começo ou no interior da palavra, seguido de vogal | cheiro, xereta, mexer, cachoeira |
H ou vogal | ∅ | no início da palavra | hálito, herança, hino, hoje, humilhar / agressão, estender, idealizar, organizar, usina |
J ou G | /ž/ | no início ou interior da palavra, seguido de E ou I | gêmeo, exigir, jiboia, projeção |
S ou C | /s/ | no início da palavra, seguido de E ou I | certeza, selo, cicatriz, silêncio |
S ou C | /s/ | no interior da palavra, entre uma consoante e e uma das vogais E ou I | inseto, persiana, perceber, núpcias |
S ou Ç | /s/ | no interior da palavra, entre uma consoante e uma das vogais A, O ou U | adversário, senso, consulta, calça, cadarço, calçudo |
S ou X | /s/ ou /š/ | no interior da palavra em final de sílaba, seguido de consoante | teste, texto |
S ou Z | /z/ | no interior da palavra, entre vogais | camisa, azedo |
S ou Z | /s/ ou /š/ | no final da palavra | tênis, cartaz |
SS ou Ç (SÇ, raro) | /s/ | no interior da palavra, entre vogais, sendo que a segunda é A, O ou U | passar, assobiar, assunto, cabeça, endereço, açúcar, cresço, cresça |
SS, C ou SC | /s/ | no interior da palavra, entre vogais, sendo que a segunda é E ou I | passeio, sucessivo, disfarce, macieira, crescer, descida |
U ou L | /w/ ou /l/ | no interior da palavra, em final de sílaba ou de palavra | soltar, pousar, jornal, pica-pau |