Cultura letrada

Em nossa sociedade, as práticas sociais em torno da leitura e da escrita são cada vez mais correntes e necessárias para a formação pessoal e para o exercício da cidadania. Entretanto, no Brasil, apenas 26% da população é considerada plenamente alfabetizada, ou seja, é capaz de ler e escrever e compreender um texto de forma autônoma (Inaf 2011-2012).
Você sabia?

Desde muito cedo, muitas crianças percebem a relação dos mais velhos com a escrita. Se elas têm familiares ou outras pessoas próximas que oferecem livros (impressos ou digitais) e vídeos, contam histórias, as levam a bibliotecas, cinemas, teatros, centros culturais e outros espaços onde é possível o contato direto com práticas letradas, seu ingresso nessa cultura se torna mais fácil e prazeroso.

No entanto, por razões socioeconômicas, grande parte da população tem acesso a esses bens culturais apenas por meio da escola.

Criar, sistematizar e ampliar espaços e momentos para as práticas de leitura.

Na sala de aula:

cantinho da leitura; leitura e narração de histórias diárias (momentos de leitura individual, silenciosa, e em grupo, com reconto, apresentação e conversa sobre livros); empréstimo sistemático de livros; correspondência com escritores e outros criadores/difusores da cultura letrada etc.

Na escola:

leitura, narração de histórias no recreio e nas festas escolares; criação e organização de biblioteca escolar; organização de saraus, feiras de livros, visitas de escritores; correspondência com escritores etc.

Como criar um acervo de
livros acessível e atraente?
Veja algumas dicas.

Em outros espaços:

visitas frequentes a ambientes de difusão da cultura letrada (bibliotecas municipais, universidades, livrarias, feiras de livros, sessões de narração de histórias, teatros, cinemas, museus, lan houses, passeios letrados etc.

Promover a leitura de diversos gêneros textuais (contos, romances, poemas, textos jornalísticos e de divulgação científica, blogs, entre outros) e em suportes variados (manuscritos, impressos, epigráficos e digitais).

Discutir crenças e atitudes correntes sobre a leitura.

  • Com os alunos: “Ler literatura é ócio, não tem utilidade prática; certos textos exigem muito esforço; poesia não é para homem..."
  • Com a família: incentivo à adoção de práticas de leitura que envolvam as crianças – contar histórias, ler com e para elas, criar situações cotidianas de leitura (deixar bilhetes na porta da geladeira, fazer palavras-cruzadas, pedir o auxílio delas na leitura de uma receita, por exemplo) e frequentar locais de difusão da cultura letrada.

Criar para ler, ler para criar: conheça espaços de leitura inusitados:

Borracharia Biblioteca
Biblioteca sobre duas rodas
Entre pães e livros

Conhece outras iniciativas interessantes? Compartilhe conosco!

Ampliar a leitura:

  • conexão com outras linguagens, disciplinas, realidades;
  • articulação entre escola e território (família/comunidade);
  • convite a contadores de histórias da comunidade;
  • criação de espaços de leitura junto com a
    comunidade etc.

Essas atividades só fazem sentido se realizadas entre os leitores em formação e se houver um bom mediador.

Mas o que é um bom mediador?

  • É um leitor proficiente de diferentes gêneros.
  • Conhece o perfil do público com que vai trabalhar.
  • Seleciona bons textos de gêneros variados, não só os textos canônicos.
  • Compartilha com os leitores em formação o caminho que já trilhou para tornar-se um leitor proficiente, por meio de reflexões e argumentos.
  • Valoriza e explora os conhecimentos prévios dos leitores em formação antes, durante e depois das práticas de leitura.
  • Propõe e participa de situações de leitura e de conversas sobre o que se lê.
  • Abre espaço para o compartilhamento e a discussão dos sentidos produzidos ao longo da leitura.
  • Propõe a negociação de sentidos e estimula uma reação ao texto, do ponto de vista ético, estético ou político, gerando a produção de novos textos e posicionamentos.
  • Faz a mediação entre os leitores em formação e textos com linguagem e temática mais difíceis e aos poucos propõe a leitura mais frequente desses textos.
  • Valoriza a experiência individual no contato com o texto, especialmente o literário.
  • Possibilita o exercício das competências necessárias para se tornar um bom leitor: concentração; capacidade de interromper e retomar a leitura em outro momento; diálogo entre o texto e a realidade dos estudantes (desenvolvimento de leitura crítica).
  • Desenvolve, em parceria com professores de outras disciplinas e anos escolares, atividades que permitam aos leitores em formação expressar os sentidos de sua leitura em outras linguagens (desenho, colagem, dramatização, música, jogral etc.).

Assista ao lado o vídeo: Letra viva – Crianças: protagonistas da produção cultural.

Conheça algumas dicas e trabalhos interessantes para medição da leitura na escola

Trocando em miudos

A série Letra viva: infância, cultura e educação,
da TV Escola, trata de alfabetização e letramento na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

Os vídeos apresentam ideias e experiências interessantes que articulam diferentes linguagens e formas para introduzir as crianças no mundo da leitura e da escrita. Nas propostas, as crianças são protagonistas do ensino-aprendizagem, e os professores têm a função fundamental de mediar esse processo.

Assista a um trecho do primeiro vídeo da série, ao lado.

Áudio

Professor Antonio Candido, em “O direito à literatura“
(CANDIDO, 2004)

Para aprofundar

O professor Antonio Candido, em "O direito à literatura" (CANDIDO, 2004), defende
a literatura como "manifestação universal de todos os homens em todos os tempos".
Ouça o áudio com um trecho deste célebre artigo.

"Eu tinha vergonha em dizer que gostava de poesia, considerada, por muitos, coisa de afeminado ou lunático", confessa o poeta e produtor cultural Sérgio Vaz à revista Na Ponta do Lápis.

No vídeo abaixo Caminhos da escola: a aventura da leitura na educação, da TV Escola, alunos de escolas públicas falam por que gostam ou não de ler, e professores apresentam interessantes trabalhos com leitura.

Áudio

Em seu livro Ouvir nas entrelinhas, a pesquisadora argentina Cecilia Bajour (2012) discorre sobre a importância da escuta na formação de leitores. Ouça:

Vídeo

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