Vidas Indígenas: conheça diferentes modos de habitar o mundo

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Vidas Indígenas: conheça diferentes modos de habitar o mundo

Exposição virtual do Museu da Pessoa traz histórias de vida de oito indígenas de diversos povos originários do Brasil; saiba mais

Por Stephanie Kim Abe

As notícias da crise humanitária no Território Indígena Yanomami – o maior do Brasil, na fronteira com Venezuela – têm jogado luz às violações dos direitos desse povo e da ausência da proteção do Estado, frente às invasões de garimpeiros

Infelizmente, não é só esse povo originário que frequentemente se encontra nessa situação de desproteção e vulnerabilidade. O Brasil tem mais de 300 povos originários, que somavam quase 900 mil pessoas em 2010, data do último Censo. 

E cada povo é um povo. Tem sua língua, sua cultura, seu modo tradicional de viver, seu território. E mesmo dentro de um mesmo povo, claro, há diferentes histórias de vida – tal qual acontece em qualquer sociedade.

Há quem ainda viva em sua aldeia, há quem tenha saído e fincado morada na cidade. Há quem tenha se casado com uma pessoa de fora, há quem tenha assumido a liderança de seu grupo. 

Tem mulher indígena que saiu da floresta para viver em Paris, e tem mulher indígena que se tornou a primeira indígena a dar aula de direito na faculdade de São Francisco, em São Paulo. Tem homem indígena que virou nômade e trabalha com arte, tem homem indígena que escreveu livros cujos títulos aparecem em listas premiadas pelo mundo. 

Mapuãni Huni Kuin, Pagu Fulni-ô, Ian Wapichana, Cristino Wapichana, respectivamente, são os nomes das(os) protagonistas das histórias acima, contadas na exposição virtual Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo, do Museu da Pessoa

A exposição traz vídeos com os depoimentos de 8 indígenas de diferentes povos, que contam as suas histórias de vida.

Ao acompanhar as narrativas, em vídeos de cerca de quatro a cinco minutos, percebemos como elas são permeadas pelas violações de direitos dos povos originários. 

Hipamaali, ou Braulina Aurora, é do povo baniwa e nasceu em São Gabriel da Cachoeira (AM). Liderança indígena e antropóloga, ela fala sobre as diferenças entre os modos de vida do seu povo e das pessoas da cidade, e relembra a importância que o território tem para os indígenas, seja estando nele ou longe dele:

O território te traz outras formações, mas o seu corpo também carrega essa formação. Então quando se fala desse corpo-território é justamente para quebrar essa discriminação de que quem sai do território deixa de ser indígena. Nosso corpo é além disso”, diz ela. 

Braulina Aurora, antropóloga

O site da exposição ainda traz a série Cultura Imaterial Warao, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que foca em cinco saberes tradicionais desse povo indígena venezuelano refugiado em terras brasileiras: alimentos e cura, dança, canto, língua e mito. Os cinco vídeos têm cerca de 6 minutos cada. 

Exposição

Para quem estiver em São Paulo, a exposição também está em cartaz no Sesc Bom Retiro até o dia 2 de abril, como parte da mostra Qual é o seu legado?, com mais de 40 histórias e fotos sobre Vidas Negras, Vidas Indígenas e Retratos do Brasil. 

Saiba mais sobre o primeiro museu gerido por povos originários, em São Paulo


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