Entrevista: seleção em escolas públicas

Em entrevista à Univesp TV, a pesquisadora Luciana Alves comenta resultados de pesquisa sobre o sistema de matrículas nas escolas públicas paulistas. A prática em questão foi revelada no estudo Educação em territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole.

O sistema de matrículas no sistema público de educação é, atualmente, informatizado e tem como critério exclusivo a proximidade entre a escola e o domicílio dos estudantes. No entanto, a pesquisa revelou que ocorre uma espécie de vestibular velado, que contraria a legislação. Assista.

Esta entrevista é um dos produtos da pesquisa Educação em territórios vulneráveis. 
Período de realização: 2009 a 2012.
Parceiros: Fundação Tide Setubal, Fundação Itaú Social e Fapesp 

Ementa:
O objetivo geral desta pesquisa foi explorar a hipótese do efeito de território sobre as oportunidades educacionais. Seus objetivos específicos consistiram em apreender se e como desigualdades nos níveis de vulnerabilidade social da vizinhança da escola impactam a oferta educacional que ali se realiza e, por meio dela, o desempenho dos estudantes. A investigação conjugou procedimentos metodológicos de natureza quantitativa e qualitativa, tendo como campo uma subprefeitura da região leste do município de São Paulo (SP).

A análise dos dados mostra que, quanto maiores os níveis de vulnerabilidade social do entorno do estabelecimento de ensino, mais limitada tende a ser a qualidade das oportunidades educacionais por ele oferecidas. Mostra também que o efeito negativo do território vulnerável sobre a escola se exerce por meio de cinco mecanismos articulados: isolamento da escola no território; reduzida oferta de matrícula na Educação Infantil; concentração e segregação de sua população escolar em estabelecimentos de ensino nele localizados; mecanismos de interdependência competitiva entre escolas; e dificuldades, dada essa posição de desvantagem, para garantir o funcionamento do modelo institucional que orienta a organização escolar.