Com os desafios trazidos pela pandemia de Covid-19, doença causada pelo Sars-CoV-2, o novo coronavírus, políticas públicas importantes para a educação correm o risco de não serem devidamente discutidas e aprovadas, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que expira em 31/12/2020.
Fundeb e desenvolvimento integral
Nesse sentido, nesta quarta-feira (1), a Frente Parlamentar Mista da Educação publicou uma nota oficial defendendo a importância de aprovar o novo Fundeb.
“O Congresso Nacional tem trabalhado com afinco para responder com rapidez, contundência e responsabilidade à evolução da pandemia de Covid19 no Brasil”, diz o documento, que faz menção ao projeto de lei que que flexibiliza a utilização dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para permitir a distribuição de alimentos a estudantes com aulas presenciais suspensas.
No entanto, prossegue a nota, é preciso “preservar as condições de desenvolvimento integral das crianças e dos jovens”, o que passa também “por dar sustentação às redes de ensino, evitando que o momento de crise leve ao colapso financeiro do sistema educacional, o aprofundamento das desigualdades educacionais e todas as consequências disso nos sistemas de saúde, nas taxas de criminalidade e no desenvolvimento do País”.
Dessa maneira, a nota ressalta a importância de aprovar rapidamente o Fundeb e evitar o colapso da educação pública.
Não podemos permitir que à calamidade do Covid-19 se siga a calamidade que seria postergar a aprovação do novo Fundeb. Concomitantemente, é fundamental reconhecer a urgência de investimentos de curto prazo que o país tem na área da saúde. No entendimento dessa Frente Parlamentar, tal prioridade não compete com a necessidade de um novo Fundeb; pelo contrário, são medidas complementares para proteger a nossa população. Saúde e educação andam juntas, e são prioridade.”
Novo Funbeb: mais redistributivo
A nota retoma, ainda, a necessidade não apenas de prorrogar o Fundo, mas de discutir seu aprimoramento, mencionando a convergência em torno da PEC 15/2015, relatada pela deputada professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO). “Já há no Congresso uma grande convergência para votar a PEC 15/2015, com um modelo mais redistributivo e indutor de qualidade do ensino, capaz de eliminar o subfinanciamento crítico que ainda é a realidade de metade dos municípios brasileiros”, diz o documento.
A Frente Parlamentar Mista da Educação entende que não podemos apenas prorrogar o Fundeb tal como está hoje, deixando para o futuro seu aprimoramento. Isso significaria colocar a educação em segundo plano e persistir na situação de subfinanciamento crítico dos entes federativos mais vulneráveis.”
Leia a nota na íntegra.
O Congresso Nacional tem
trabalhado com afinco para responder com rapidez, contundência e
responsabilidade à evolução da pandemia de Covid19 no Brasil. Graças à
competência e à engenhosidade de servidores das duas Casas, que rapidamente
desenvolveram e implantaram um sistema robusto e seguro para discussão e
deliberação remota, os parlamentares temos podido manter e acelerar a ação
legislativa desde o início das medidas de distanciamento social.
Com efeito, a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal elaboraram e aprovaram medidas essenciais para que
o país possa lidar com a essa crise sanitária, com vistas a impedir que ela se
torne também uma crise social e econômica. São exemplos o projeto de lei que
flexibiliza a utilização dos recursos do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), para permitir que sejam distribuídos alimentos aos estudantes
cujas aulas presenciais foram suspensas, e a Renda Mínima Emergencial, que
beneficiará dezenas de milhões de pessoas nos próximos meses.
A Frente Parlamentar Mista da
Educação (FPME) segue trabalhando com o senso de urgência que o momento exige
na discussão e votação de matérias relativas à saúde, à economia e ao bem estar
da sociedade brasileira. Igualmente, e consoante seu estatuto e o
compromisso individual e coletivo de todos os seus membros, reafirma seu
compromisso de estruturar medidas legislativas que apoiem estudantes e suas
famílias durante o período de suspensão das atividades letivas presenciais.
Nossos esforços para preservar
as condições de desenvolvimento integral das crianças e dos jovens passam
também por dar sustentação às redes de ensino, evitando que o momento de crise
leve ao colapso financeiro do sistema educacional, o aprofundamento das
desigualdades educacionais, e todas as consequências disso nos sistemas de
saúde, nas taxas de criminalidade e no desenvolvimento do país.
Em função da importância da
matéria e da urgência de sua aprovação face à conjuntura atual, a Frente
Parlamentar Mista de Educação defende a aprovação célere de um novo FUNDEB. Já
há no Congresso uma grande convergência para votar a PEC 15/2015, com um modelo
mais redistributivo e indutor de qualidade do ensino, capaz de eliminar o
subfinanciamento crítico que ainda é a realidade de metade dos municípios
brasileiros. Essa PEC vem sendo amplamente debatida desde 2017, tendo recebido
contribuições e apoio de dezenas de especialistas e entidades de representação.
Cabe esclarecer que o FUNDEB é a
base de sustentação do financiamento das redes de ensino em todo o país, mas é
uma política com prazo de vigência até 31 de dezembro de 2020. Milhões de
estudantes e profissionais da educação dependem desses recursos e a maioria
absoluta dos municípios, especialmente os mais vulneráveis, têm no Fundo a sua
principal fonte de recursos.
Se nada for feito pelo
Congresso, o FUNDEB acabará ao final desse ano sem que votemos seu
aprimoramento. Assim, reforçaremos o descaso histórico do Brasil com a educação
pública em função de falsas dicotomias, e mais uma vez sofreremos as
consequências de não investir no desenvolvimento do capital humano de nossa
sociedade. Não podemos permitir que à calamidade do COVID-19 se siga a
calamidade que seria postergar a aprovação do novo FUNDEB.
Concomitantemente, é fundamental
reconhecer a urgência de investimentos de curto prazo que o país tem na área da
Saúde. No entendimento dessa Frente Parlamentar, tal prioridade não compete com
a necessidade de um novo FUNDEB; pelo contrário, são medidas complementares
para proteger a nossa população. Saúde e Educação andam juntas, e são
prioridade.
Nesse sentido, a Frente
Parlamentar Mista de Educação entende que não podemos apenas prorrogar o FUNDEB
tal como está hoje, deixando para o futuro seu aprimoramento. Isso significaria
colocar a educação em segundo plano e persistir na situação de subfinanciamento
crítico dos entes federativos mais vulneráveis, o que geraria efeitos danosos
também nas áreas da Economia, da Segurança Pública e da Saúde. O passado é
pleno de exemplos em que as autoridades brasileiras usaram situações
conjunturais para postergar uma solução estrutural que assegure uma educação pública
de qualidade para todos. A Frente Parlamentar Mista da Educação trabalhará
incansavelmente para garantir que o mesmo não ocorra neste momento.
Precisamos já garantir a continuidade do FUNDEB e a previsibilidade de recursos
para as redes de ensino e convidamos toda a sociedade brasileira, em especial
as organizações públicas e da sociedade civil, para que se unam a esta
mobilização. Há evidências bem estabelecidas que mostram a relação entre
indicadores educacionais e a saúde dos indivíduos, a redução da mortalidade
infantil, a redução de crimes, o aumento de engajamento cívico, o aumento da
produtividade e as melhorias em outras medidas de bem-estar da população, como
felicidade e autoestima.
Leia a nota no site oficial da Frente
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