Por Stephanie Kim Abe
Quando falamos de gestão educacional, há muitas perguntas em aberto: quais as funções de um(a) diretor(a) escolar? Quais requisitos a pessoa deve ter para assumir esse cargo? Como deve ser feita essa escolha? Como a liderança escolar influencia na aprendizagem dos(as) estudantes? Afinal, o que é esperado de um(a) diretor(a) escolar?
Essas são alguns dos assuntos abordados no documento Liderança escolar para a melhoria da educação – Contribuições para o debate público no Brasil, lançado em maio pelo Instituto Unibanco e a Universidad Diego Portales (Chile). O estudo é o primeiro da coleção Políticas Públicas em Educação, que deve trazer informes regulares sobre políticas públicas, embasados em evidências e que incluem resultados de pesquisas e experiências nacionais e internacionais.
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Este primeiro informe reflete sobre a relevância da liderança escolar e como ela influencia na melhoria da aprendizagem dos alunos, buscando influenciar e mobilizar diferentes setores da sociedade para pensar políticas públicas que educacionais que possam fortalecê-la. Ao pensar em seu verdadeiro papel e relevância, o documento chama atenção para a urgência de:
deixar de ver os gestores de escolas como meros ‘implementadores’ de políticas nacionais ou locais, que são geralmente prescritivas e excessivamente padronizadas, e entendê-los como líderes de projetos educacionais locais e agentes de mudança capazes de fazer uma apropriação contextualizada (ou ‘absorção’) de tais políticas.”
Coleção Políticas Públicas em Educação, n. 1, maio 2021
Na primeira seção do documento, os autores resgatam as diversas definições e conceitos de liderança escolar para iniciar a discussão, entre elas a de Elmore (2006) – que diz que ela “é a prática da melhoria, e os líderes escolares bem-sucedidos são aqueles que conseguem melhorar a qualidade da prática pedagógica”.
Ao apontar a variedade de práticas de gestão e liderança educacionais, o texto traz algumas dimensões desse papel, que pode afetar positivamente os resultados dos estudantes, como gerir os recursos estrategicamente e garantir um ambiente organizado e de apoio. Entre essas dimensões, a capacitação e o desenvolvimento profissional dos professores tem maior efeito sobre a aprendizagem dos estudantes.
A segunda parte foca nas políticas públicas em diversos lugares do mundo que visam fortalecer a liderança escolar. Entre elas, são relatadas as experiências do estado de Ontario, no Canadá, e de países da América Latina, como Chile, Argentina e México, sobre diferentes aspectos e processos que envolvem os cargos de liderança escolar – como o modelo de seleção de diretores(as) escolares de Cingapura, o sistema de entrada e indução de diretores(as) do Equador, e o de remuneração desses profissionais da Nova Zelândia.
Em paralelo, o documento discute os requisitos para o acesso ao cargo, programas de qualificação profissional inicial ou continuada para gestores(as), processos de seleção, funções da direção escolar que contribuem para a melhoria da qualidade do ensino, condições de trabalho a que devem estar sujeitos(as) os(as) diretores(as) e atrativos da carreira.
Ao final, essas reflexões voltam-se para o Brasil, com lições para uma política de liderança escolar. Entre as listadas, estão a definição do que se espera dos(as) líderes escolares, a profissionalização dos processos de seleção, garantia de desenvolvimento na carreira para atrair melhores candidatos(as), dedicação exclusiva e estabilidade no cargo, e a definição dos requisitos de entrada.
Há ênfase também na formação adequada e coerente desses(as) profissionais, que leve em conta as habilidades e os conhecimentos que eles(as) devem ter antes de entrar no cargo, o acompanhamento e aprendizado de quem está iniciando nessa função e também uma formação continuada destinada a quem já se encontra como diretor(a) escolar por mais tempo.
Ao final, conclui-se que:
Contar com políticas de liderança coerentes, sustentáveis no tempo e sensíveis às particularidades dos contextos locais é sem dúvida um caminho indispensável para melhorar a qualidade da educação no Brasil e no restante da América Latina.”
Coleção Políticas Públicas em Educação, n. 1, maio 2021
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