Confira a entrevista com ilustradores(as) autores(as) Fernando Vilela, Lúcia Hiratsuka e Odilon Moraes. Publicada originalmente na Plataforma do Letramento (Cenpec) em 2016
Já é de longa data a relação entre imagem e texto escrito na literatura. No decorrer da história, a ilustração teve diferentes finalidades: registrar fatos da época (como a construção das pirâmides, no Antigo Egito), descrever um objeto (como o corpo humano, na medicina greco-latina), divulgar ideias e crenças a uma população majoritariamente não alfabetizada (como as xilogravuras medievais), entre muitas outras.
As primeiras ilustrações de livros surgiram em obras religiosas, cartilhas escolares e enciclopédias, considerados os precursores dos livros infantis ilustrados. Já em 1697, destacam-se as gravuras de Gustave Doré, cujas imagens em preto e branco, acompanhando os contos de fadas de Charles Perrault, impressionavam pela riqueza de detalhes.
Hoje, com a popularização das tecnologias digitais e de massa, a imagem, sozinha ou combinada com a escrita e outras linguagens, ganha cada vez mais espaço na sociedade. Na chamada literatura infantojuvenil, os livros-imagem (picture books) destaam o papel da ilustração na composição da história.
Mas que experiências podem ser vivenciadas por meio da relação entre ilustração e texto escrito? Como ler essas diferentes linguagens? Que estratégias podemos utilizar para construir relações de sentidos entre as imagens e as palavras?
Para falar sobre esse tema, conversamos com três ilustradores que têm se destacado na criação de livros-imagem: Lúcia Hiratsuka, Fernando Vilela e Odilon Moraes. Confira a seguir:
Leitura, memória e afeto
A ilustradora, autora e pesquisadora Lúcia Hiratsuka nasceu em um sítio, no interior de São Paulo, chamado Asahi, que em japonês significa “sol da manhã”. É formada em Artes Plásticas e estuda as lendas do Japão desde a década de 1980. Ilustrou obras de importantes autoras(es), como Cecília Meireles e Cora Coralina.
Seu trabalho já recebeu diversos prêmios, como o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e a rubrica Altamente Recomendável, concedida pela Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil (FNLIJ). Entre suas obras, está o livro-imagem Orie (2014), inspirado nas narrativas da infância vivida por sua avó, no Japão. Lucia também escreveu e ilustrou Chão de peixes, Os livros de Sayuri, A visita e muitos outros.
Como as(os) professoras(es) e os pais podem mediar a relação entre as crianças – leitoras em formação – e os livros? Para Lucia, a chave é criar um clima afetivo de parceria, ler junto com a criança.
Eu acredito muito na ligação afetiva de pais, professoras(es) com o objeto livro, porque eu tive isso na infância. E pra mim era uma paixão: eu sabia que ali tinha um mundo. Essa é a primeira parte: a leitura compartilhada é muito importante. Mesmo que não compreenda tudo, porque isso não existe, a gente vai compreendendo por camadas.”
Lucia Hiratsuka
Lucia sugere que façam perguntas às crianças durante a leitura: “O que você entendeu? O que você vu? E não precisa ser a mesma resposta: aí que é o mais rico.”
Ouça a entrevista na íntegra:
Olhar e interação com a imagem
O ilustrador e escritor paulista Fernando Vilela é também artista plástico e professor de artes. Trabalha com gravura, pintura e fotografia, e expõe seus trabalhos no Brasil e no exterior. Já ilustrou mais de 60 livros para crianças, adolescentes e jovens, entre eles a obra Lampião e Lancelote(2006), pela qual recebeu diversos prêmios, entre eles o Jabuti em 2007.
Nesta conversa, Fernando destaca o papel das imagens em nosso cotidiano. Em uma cultura multimidiática como a que vivemos, a presença e a influência da imagem na vida e na formação de cada pessoa é inegável.
No século XII a pessoa via no máximo 500 imagens na vida. Hoje, por dia, a gente vê mais de mil. Isso faz pensar como a gente processa todas essas imagens. Porque elas vão formando a gente, formando nosso olhar.”
Fernando Vilela
Nesse contexto, a formação leitora ganha complexidade e o papel das(os) mediadoras(es) torna-se fundamental. Como formar leitoras e leitores sensíveis à construção de sentido entre texto escrito, imagem e outras linguagens? “Talvez seja um desafio para as(os) educadores(as) buscar formar ou ampliar o seu próprio olhar”, reflete o ilustrador.
Como fazer isso? Uma dica é frequentar exposições, museus, galerias e outros espaços de arte, “não só a arte clássica, mas principalmente a arte contemporânea”, diz Fernando.
As Bienais têm serviços educativos incríveis, que oferecem formação para professoras(es), que recebem as(os) alunas(os). Tem publicações muito bacanas e tem muita coisa na internet também: depoimentos de artistas, de ilustradoras(es) que chamam a atenção para essa análise da imagem dentro do livro ilustrado.”
Fernando Vilela
O autor destaca ainda a importância de dialogar com e sobre a obra de arte. “A interação com qualquer obra de arte é um diálogo. Conversar depois de ver um trabalho de arte é importante”. Ouça a entrevista na íntegra:
Livro ilustrado: jogo entre palavra e imagem
Odilon Moraes é arquiteto de formação, mas sua paixão por livros e imagens o levou a se tornar um ilustrador de livros. Ao longo de sua carreira, passou também a criar suas próprias histórias. A primeira delas foi A princesinha medrosa(2002), seguida de Pedro e Lua (2004), ambas premiadas pela FNLIJ como Melhor Livro para Crianças. É também de sua autoria o livro-objeto Ismália (2006), inspirado no poema homônimo do simbolista Alphonsus de Guimaraens.
Em nossa conversa, Odilon destaca a relação entre escrita e imagem.
A imagem foi o primeiro instrumento de que o ser humano se serviu para escrever. A escrita fonética vai vir muito depois. A imagem, embora não seja letra, representa algo que não está lá. Essa é a ideia da escrita. A criança aprender a ler é um pouco aprender que aquele ‘desenho’ que ela está fazendo significa algo que não está lá. Isso já é um processo de escrita.”
Odilon Moraes
Tanto a palavra escrita quanto o desenho têm características e limites distintos, afirma o autor.
No livro ilustrado, a criança percebe que a imagem ‘escreve’ coisas e que a palavra ‘escreve’ coisas. Cada uma tem sua qualdade, seu modo de escrever. O bonito no livro ilustrado é que os limites de cada um são jogados. Então o que a palavra pode falar ela fala. O que ela talvez não pode falar ela deixa ao encargo da imagem. E vice-versa. Então é um jogo de possibilidades.”
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