Uma imersão nas línguas indígenas e suas riquezas

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Uma imersão nas línguas indígenas e suas riquezas

Visite a mostra virtual Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação, do Museu da Língua Portuguesa, e entenda a riqueza e a importância de preservar as línguas indígenas

Por Stephanie Kim Abe

Imagem: Reprodução Caderno Educativo

“(…)

foi chuva
choveu memória

choveu a palavra dos avós
para banhar os netos de sonhos
com cantos de força, paciência
dizendo que somos desta terra
de muitos rios e florestas
onde mora muita gente mesmo
floresta de povos
floresta de pensamento
onde aprendemos a sonhar

(…)”

Poema Rio de palavras, exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação (Museu da Língua Portuguesa)

Um rio de muitas palavras, uma floresta de muitas línguas. Chegando perto de cada árvore, é possível ouvir algumas das mais de 175 línguas indígenas que fazem parte da cultura de 305 etnias diferentes no Brasil – fazendo do nosso país um lugar multilíngue. A diferente sonoridade de cada uma delas, misturada com o som ambiente, nos transportam para essa imensidão.

É nesse mundo desconhecido para grande maioria das(os) brasileiras(os) que imergimos ao entrar na exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação. Na língua Guarani Mbya, nhe’ẽ significa espírito, vida, palavra; e porã, belo ou bom. Ou seja, uma exposição sobre as “belas palavras” que existem espalhadas pelo nosso território.

Ela ficou em cartaz por seis meses no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (SP), encerrando em abril. Mas, felizmente, ainda pode ser visitada por qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, por meio da sua mostra virtual.

A mostra virtual permite imergir na exposição e acompanhar o rio de palavras indígenas tal qual era feito presencialmente. É possível ver com detalhes as obras expostas, assistir aos vídeos e ouvir os áudios expostos e entrar nos diferentes ambientes da exposição. 

A exposição resgata a diversidade das línguas indígenas presentes no Brasil e expõe a história de conflitos e violências que carregam os povos originários desde a chegada dos portugueses no século 16. Ela conta a luta dos povos por direitos e traz informações da comunicação indígena e da produção audiovisual originária contemporânea, mostrando como a história pode e tem sido contada a partir de outros pontos de vista, que não o eurocêntrico.

Mapa das Famílias Linguísticas.


Década Internacional das Línguas Indígenas

A abertura da exposição, em outubro de 2022, marcou o lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e coordenada pela UNESCO em todo o mundo.  

Marlova Jovchelovitch Noleto, Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, destacou que:

O lançamento da Década no Brasil, durante a abertura desta exposição, demonstra a força de uma ação conjunta, no âmbito da cultura e da educação, pelo reconhecimento e pela valorização do legado dos povos originários, bem como para a garantia de seus direitos culturais.
A iniciativa contribui para a promoção da diversidade cultural, para o diálogo intercultural e para o desenvolvimento sustentável, de maneira que as línguas indígenas, bem como outras expressões simbólicas e materiais desses povos, possam ser preservadas e tratadas como bem público global indispensável para a humanidade”.

A mostra teve participação de importantes nomes indígenas, como Denilson Baniwa e Jaider Esbell, e teve curadoria de Daiara Tukano, artista, ativista, educadora e comunicadora indígena.

A mostra virtual ainda conta com materiais educativos, como um e-book, um caderno educativo e mapas que trazem informações mais completas sobre a realidade das línguas originárias no Brasil atual e são ricos para serem utilizados em sala de aula. 

Saiba mais sobre o multilinguismo no Brasil e as línguas indígenas


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