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Quatro materiais para trabalhar a educação para as relações étnico-raciais
Por Stephanie Kim Abe
O dia 20 de novembro, instituído como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra a partir da Lei nº 12.519/2011, é uma vitória do movimento negro por uma data que representasse de fato a resistência e a luta da população negra escravizada no Brasil.
É uma contraposição ao 13 de maio, quando se comemora a assinatura da Lei Áurea – que, apesar de ter libertado as(os) escravizadas(os) no papel, não venho acompanhada de políticas e ações que garantissem o acesso a direitos e à cidadania das(os) libertas(os).
Assim, a data do dia 20 de novembro foi escolhida por ser o dia da captura e execução de Zumbi dos Palmares, líder de um dos maiores quilombos brasileiros. O quilombo dos Palmares fica na região da Serra da Barriga, atualmente no município de União dos Palmares, em Alagoas – mas, à época do período colonial, pertencia à capitania de Pernambuco.
Zumbi, filho de Ganga Zumba e neto da princesa Aqualtune, nasceu em 1655 e faleceu aos 40 anos, depois de ter liderado a resistência às investidas portuguesas contra o quilombo por 17 anos.
Com a Lei nº 10.639/2003 e, posteriormente, a Lei nº 11.645/2008 – que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afrobrasileira e indígena nas escolas da educação básica –, cada vez mais essa história e a de outras personalidades negras e indígenas, assim como sua cultura, estão tomando espaço e reconhecimento nos currículos escolares e na educação das crianças, adolescentes e jovens brasileiras(os).
Ainda é preciso, porém, reforçar a formação de educadoras(es) no ensino superior, para que essas(es) profissionais saibam como trabalhar a educação para as relações étnico-raciais nas escolas.
Para ajudar nessa jornada, selecionamos quatro materiais que versam sobre essa temática. São materiais de diferentes tipos, como podem ver abaixo:
Para ler
A fala é de Ricardo Jaheem, autor de livros infantis e professor alfabetizador da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (RJ), e consta entre as muitas dicas que aparecem no e-book Como construir uma escola antirracista.
O e-book é uma produção da Nova Escola que explica desde os conceitos que envolvem a educação para as relações étnico-raciais até como desenhar um plano de ação na escola focado nessa temática.
O especial também versa sobre as práticas pedagógicas que combatem o racismo no cotidiano escolar, indica diversas reportagens que complementam as informações do e-book e conta boas experiências de empoderamento de estudantes que ocorrem da educação infantil aos anos finais do ensino fundamental.
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Para ver
Como se constrói um projeto de literatura que se propõe a trazer diversidade para o acervo da biblioteca escolar? Por que isso é importante? De que maneira as(os) estudantes são impactadas(os) por essas escolhas? Quais as percepções e mudanças nas práticas das(os) professoras(es)?
Essas são algumas das questões tratadas nas falas das(os) entrevistadas(os) no curta-documentário LitERÊtura: um banquete literário.
A produção audiovisual traz o trabalho realizado na EMEF Antônio Vieira de Rezende, em Serra (ES) e faz parte do Projeto de Pesquisa Aplicada LitERÊtura: formação em literatura infantil e juvenil com temática da cultura africana e afro-brasileira, criado pela profa. Dra. Débora Cristina de Araújo e vinculado ao Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
O nome do grupo de pesquisa “foi inspirado na junção entre a literatura infantil e a/o Erê que, em matrizes culturais africanas, é a representação da alegria, que habita cada criança”, como explicam no site do projeto.
O documentário fala sobre a importância da ludicidade, de explorar a tradição africana com a literatura infantil, de um acervo diverso e da formação continuada do corpo docente, entre outros assuntos.
O projeto teve o apoio do edital Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisa aplicada e Artigos científicos, organizado pelo CEERT.
Para ouvir
Que tal conhecer a história da origem do açaí, como a contam o povo Saterê-Mawé, que vivem pela região do médio Rio Amazonas? A lenda tem a ver com a coragem da jovem e bela Yaci-May, para salvar o seu povo da ira do Deus Tupana. E, no podcast Nós – Uma Antologia de Histórias Indígenas, ela é contada por ninguém menos que o escritor Daniel Munduruku:
O podcast, produzido pelo Globoplay, tem como base o livro Nós – Uma Antologia de Literatura Indígena, organizado e ilustrado por Mauricio Negro. Publicado em 2019, o livro reúne contos por autoras e autores de diferentes etnia, trazendo histórias dos mais diversos povos originários brasileiros.
São, no total, 10 episódios de cerca de 15 minutos cada, voltados para o público infantojuvenil.
Para explorar
À primeira vista, a plataforma de aprendizagem Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida parece singela. Mas é preciso estar aberto a explorar e descobrir os diversos conteúdos que ela oferece para realmente tirar proveito da riqueza do que oferece.
Quem o faz encontra de dicas de brincadeiras para crianças a rodas de conversas gravadas com especialistas sobre temas diversos abordados a partir das perspectivas indígenas e acadêmicas.
Há publicações de livros – como os Cadernos Vegetais, que trazem saberes tradicionais das plantas medicinais – e vídeos com animações que expõem outras narrativas – como a série Flechas, que gira em torno de temas como a criação dos cosmos, a relação do Sol com a Terra etc.
O projeto é uma criação de Anna Dantes, realizado desde 2018, e tem orientação de ninguém menos que Ailton Krenak, líder indígena, escritor e imortal pela Academia Brasileira de Letras.
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