Sabrina Paixão, arte-educadora e mestre em educação e cultura, pesquisadora de HQ na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Contato: sapaixao.hq@gmail.com
Criação de memes com base em imagens disponíveis na internet
Lápis de colorir, giz de cera ou canetinhas de várias cores.
Folhas sulfite.
Seleção de memes impressos ou para projeção.
Aparelho para escanear (se houver).
Trabalhar compreensão de conceitos, leitura crítica, síntese, metáfora, ironia e caricatura.
Estimular a construção coletiva e a troca de narrativas entre os participantes, proporcionando um veículo de criação e compartilhamento.
Elaborar textos e imagens, partindo de um tema-geral, que podem ser compostos a partir do banco de memes já existentes.
Troca e exposição dos materiais produzidos.
Desenvolver a leitura e criação de textos multimodais, promovendo a formação do senso crítico e da criatividade.
Alunos do Ensino Fundamental e Médio
Sala de aula, de atividades, de informática ou outro
2 a 3 encontros de 1h30
Início de conversa
Com o advento de fóruns, blogs e redes sociais, a cultura digital, tornou-se uma via de criação de conteúdos e compartilhamento instantâneo de informações. Nesse contexto, surgiram diversos gêneros textuais multimodais (compostos por linguagens diversas: textos escrito, foto, ilustração, vídeo, áudio…). Um desses novos gêneros que ganhou popularidade na rede pelo seu componente de humor e crítica é o meme.
Afinal, de onde vem este conceito, e como foi transportado para uma produção de sentido através de imagens fixas, caricaturais e por vezes replicadas de contextos variados?
Criado por Richard Dawkins, o termo meme é utilizado analogamente ao termo gene, como menor unidade replicadora de informação. Os genes são replicadores de informações biológicas. Já o meme atuaria na transmissão cultural como um replicador de ideias. Dawkins, que é teórico evolucionista e autor da obra O gene egoísta (1975), define que a transmissão de informações e ideias se daria de forma análoga à genética para a constituição biológica.
Segundo geneticista Ricardo Waizbort da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os memes se propagam pelo cérebro humano graças à imitação, capacidade inerente ao homem.
O poder dos memes depende da capacidade de imitá-los, de reproduzi-los, seja através de ações e gestos (como imitar o ato de fazer uma ponta de lança), seja por pinturas, palavras faladas, registros escritos, poemas, programas de rádio ou de computador.”
Ricardo Waizbort
Os memes da internet são forma de comunicar um conteúdo que se relaciona a um contexto compreensível pelo grupo, e com propensão a viralizar pela web, dando origem a outros memes. Da mesma forma que surgem, os memes cibernéticos podem desaparecer, ou se saturar.
Alguns modelos, entretanto, mantêm-se como exemplos matrizes, como as caricaturas da rage faces, considerados precursores deste movimento na web. Segundo Lucio Luiz, a primeira rage face surge em 2007 em um subfórum sobre videogames, em que um usuário anônimo postou uma caricatura de outro usuário (rage guy, “cara irritado”).
Dessa caricatura surgiu a primeira rage comics, uma série de quatro quadros com desenhos bem toscos, em que uma rage face aparece. Atualmente, as rage faces se multiplicaram, abarcando diferentes expressões faciais que exageram emoções ou situações, e deixaram de ser apenas caricaturas para incorporar desenhos, expressões faciais de personalidades, trechos de cenas de filmes, e tudo o mais que possa ser replicado de modo a transmitir a mensagem.
A criação de memes cibernéticos se dá de forma colaborativa e espontânea, refletindo piadas internas de determinados grupos e sendo constantemente reutilizadas em outros contextos para a elaboração de novas piadas.
Memes na construção de conhecimento
Em junho de 2016, uma reportagem chamou a atenção de educadores e estudantes quanto às possibilidades dos memes na recriação e síntese literária. A proposta da professora chilena Jacqueline Bustamante desenvolvida com suas alunas foi criar memes representando momentos importantes da obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.
Segundo a professora, para a criação destes memes, as estudantes deviam captar a essência da narrativa, o que contribui para uma leitura mais significativa da obra. O que ela não imaginava era a repercussão que as imagens ganhariam, inclusive estimulando outros educadores a proporem ações similares, inovando nas formas avaliativas e criando um canal de comunicação com os jovens, dentro de uma linguagem com a qual eles convivem cotidianamente.
Muitos outros memes populares circulam nas redes sociais, que se apropriam de imagens clássicas para tratar com humor de questões próprias de suas áreas (Pedagogia da Depressão, TTC da Depressão, Artes Depressão, Design Depressão, entre outras).
A seguir, apresentamos algumas sugestões para a criação de memes aplicada ao estudo de disciplinas curriculares, por meio da reutilização de imagens que estão disponíveis na internet.
Na prática
Ponto de partida
Qual tema você pretende trabalhar? Note que há uma gama infinita de possibilidades. Para esta atividade, é válido reproduzir memes clássicos. O objetivo não é criação do desenho, mas sim a capacidade de sintetizar uma ideia, pensamento ou conceito utilizando as características do meme.
Nada impede que os estudantes criem suas próprias imagens para os memes. Na criaação, é importante ter em mente que o humor e a ironia compõem a mensagem junto com a imagem selecionada. Neste ponto também é possível iniciar um diálogo sobre bullying e apropriação de imagens na web.
Como os memes podem ser criados com base em qualquer imagem, como fotos e vídeos, ele também pode servir de ponto de partida para discussões mais aprofundadas sobre a utilização consciente das redes, as fronteiras entre a piada e a ofensa, além das questões ligadas a direitos de imagem e crimes virtuais por exemplo.
Além das disciplinas de Línguas e literatura, a criação de memes pode abarcar conceitos de ciências e matemática, de artes e até mesmo de filosofia.
Sugestão de encaminhamento
Primeiro momento: reconhecendo memes
A proposta desta oficina é trabalhar com um tipo de meme: os que utilizam as rage faces. Você pode desenvolver a oficina durante a aula ou propor como exercício para casa. Inicie a atividade com uma conversa perguntando se os participantes conhecem e costumam compartilhar memes. O objetivo é fazer um levantamento sobre os conhecimentos prévios sobre esse novo gênero textual. Depois dessa primeira abordagem, é interessante pedir que os estudantes selecionem e compartilhem com a turma alguns memes que acharem engraçado ou interessantes. Traga você também algumas rage faces como exemplo.
Depois de exibir as seleções trazidas, proponha uma nova rodada de conversa. Pergunte: que emoções, sentimentos e ações cada meme busca transmitir (raiva, pressa, confusão, medo)?
Peça que os participantes façam caretas: essa é a base dos primeiros memes, as rage faces. Como é uma careta de pavor, de revolta, de divertimento? Em que elas se parecem com as apresentadas pelos memes?
Este é o princípio da transmissão de conhecimento através de desenhos tão caricaturais, perceber que todos nós temos basicamente as mesmas formas de exprimir emoções através de nossa expressão corporal. Essa é a chave que transforma o meme em um veiculo comunicacional tão abrangente e reconhecível em sua estrutura mínima de linguagem.
Segundo momento: criando memes
Proponha aos participantes a criação de seus memes. Defina o tamanho e material em que será feito o meme e se será um meme com quadro único, ou tipo história em quadrinhos, com 4 a 6 quadros. Defina com eles se o trabalho será desenvolvido individualmente, em dupla ou grupo e combine um prazo para a finalização do trabalho.
Após a confecção, você pode propor uma mostra entre as turmas, ou exposição na sala, ou mesmo o compartilhamento destes memes entre os estudantes, via redes sociais. Se você leciona em mais de uma turma, pode propor temas ou obras diferentes para cada uma e, após a produção, levar os estudantes a compartilhar suas produções com os colegas.
Esse compartilhamento possibilita verificar se o meme atingiu seu objetivo comunicacional. Partindo das dúvidas e do grau de compreensão que os demais apresentarem, é possível constatar o quanto o meme alcançou e transmitiu a mensagem pretendida.
Hora de avaliar
O que se espera deste tipo de atividade é que os estudantes captem a concepção da transposição de temas, os recursos literários da ironia, do sarcasmo e do “time” do humor, e como eles podem ampliar as percepções de sentido de uma imagem criada em um contexto diverso.
A avaliação deste tipo de conteúdo se dá observando as capacidades de trabalhar a ironia, o humor, a clareza da referencia, a seleção da imagem de acordo com a ideia a ser transmitida.
Referências
DAWKINS, Richard. O gene egoísta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
FREDERICO, Gisele. O meme na produção audiovisual da internet. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Cinema. Escola de comunicação e artes. Universidade de São Paulo.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa, São Paulo: Ed. 34, 1999.
LUIZ, Lucio (org.). Os quadrinhos na era digital: HQtrônicas, webcomics e cultura participativa. Nova Iguaçu, RJ: Marsupial, 2013.
LEMES, Daniel. Origem dos memes mais conhecidos baseados em imagem. Disponível em: https://www.tutoriart.com.br/os-memes-mais-conhecidos-como-surgiram-e-variacoes/.
WAIZBORT, Ricardo. Dos genes aos memes: a emergência do replicador cultural. Episteme, Porto Alegre, n. 16, p. 23-44, jan./jun. 2003. Disponível em: http://www.genismo.com/memeticatexto20.htm. Acesso em: 19 jul. 2019.
Materiais na rede
A professora que pediu a suas alunas “memes” de Cem anos de solidão. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/18/cultura/1466244071_638548.html.
Lista de memes com seus significados. Disponível em: https://www.mensagenscomamor.com/memes-internet
10 cenas de filmes que se tornaram memes da internet e o porquê disso. Disponível em: https://www.fatosdesconhecidos.com.br/10-cenas-de-filmes-que-se-tornaram-memes-da-internet-e-o-porque-disso/
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