Educação a distância durante a pandemia

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Educação a distância durante a pandemia

Em entrevista à revista Veja São Paulo, presidente do Conselho de Administração do CENPEC Educação dá dicas e informações a professores, alunos, escolas e famílias

A pandemia de Covid-19 e a consequente suspensão de aulas nas escolas trouxe mudanças significativas na rotina de mães, pais, professores e estudantes, o que requer ajustes a fim de que crianças e adolescentes não sofram prejuízos na aprendizagem.

Nesse sentido, a presidente do Conselho de Administração do CENPEC Educação, Anna Helena Altenfelder, concedeu entrevista à revista Veja São Paulo, com informações que podem ajudar os envolvidos a lidarem com a fase atual, enquanto ainda não se sabe por quanto tempo ela permanecerá.

Famílias e alunos

“Você não é professor – e tudo bem não se lembrar desde a fórmula de Bhaskara até a queda do Império Bizantino, passando pelas regras de acentuação e os reinos e filos biológicos, ou ainda, não saber a melhor forma de explicar algo a seu filho”, tranquiliza Anna Helena, que é também pedagoga e doutora em Psicologia da Educação.

Para ela, mães, pais e responsáveis precisam entender que seu papel é de facilitação e mediação do processo de ensino-aprendizagem com os filhos em casa, e não assumir as tarefas próprias dos professores. “O importante é contar com o material disponibilizado pela escola e também aproveitar para desenvolverem juntos as habilidades de pesquisa e seleção de informações”, esclarece.

Segundo ela, esse tempo a mais pode ser uma oportunidade de fortalecer vínculos entre as famílias e propor outras oportunidades de aprendizagens, como as atividades culturais – mesmo a distância.

Anna Helena Altenfelder

A leitura e as atividades culturais, muitas vezes deixadas em segundo plano, são extremamente educativas e podem fortalecer aprendizagens escolares fundamentais.”

Anna Helena Altenfelder

Ampliação do repertório de filmes, séries, documentários, jornais e revistas, artes plásticas, podcasts, games e mesmo atividades físicas são ações que pais, mães e responsáveis podem tomar para contribuir de forma mais ativa com o desenvolvimento intelectual, emocional e físico de crianças e adolescentes nesse momento.

No entanto, as famílias também precisam entender que, enquanto durar o distanciamento social, é natural que o tempo e volume de estudos e competências seja reduzido: “Como não há interação [presencial] com professores e colegas, o que é parte importante da educação escolar, o tempo de estudo individual pode ser bem menor”.

Já para os alunos, Anna Helena pontua que é necessário manter uma rotina similar à que havia nas aulas presenciais, como arrumar-se da maneira que se fazia antes de ir à escola, o que possibilita preparar corpo e mente para as atividades de ensino que agora, muitas vezes, têm sido realizadas a distância (EaD).

Criar grupos de estudos em redes sociais, utilizar canais virtuais disponibilizados pelas escolas para esclarecer dúvidas com os professores e investir o tempo em outras atividades de aprendizagem são dicas igualmente válidas: “É hora de aproveitar para investir em outras atividades que lhe despertam interesse e para as quais você nem sempre tem tempo. Livros, filmes, séries, documentários, jornais, revistas, games. As possibilidades são muitas. Aproveite o momento de ócio criativo”.

Escolas e professores

Para os professores, direção e escolas, Anna Helena faz um alerta: EaD não é transpor a sala de aula para o espaço digital.

Não importa de quais ferramentas tecnológicas sua escola disponha. Se não existia uma metodologia de educação a distância já implementada, ela não será criada emergencialmente, em poucas semanas, para 100% da carga horária e para todas as disciplinas.

No entanto, é possível realizar, com equipamentos relativamente simples, muitas atividades educativas que contribuem substancialmente para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.”

Anna Helena Altenfelder

Para potencializar essas atividades, os profissionais devem construir canais de comunicação com toda a comunidade escolar (e-mail, telefone, mensagens instantâneas), incluindo direção e coordenação pedagógica.

Além disso, é preciso que as escolas busquem garantir apoio e condições de equidade durante o período, já que o acesso à tecnologia não é igual para todos e as desigualdades permanecem presentes: “Devem ser consideradas desde as condições objetivas, como acesso a equipamento tecnológicos adequados e a conectividade de internet, quanto aspectos subjetivos, como a idade e maturidade dos estudantes, a organização do espaço domiciliar, o tempo e o capital cultural das famílias”.

Para a pedagoga, também é necessário que haja agilidade na tomada de decisões e planejamento de retorno às aulas presenciais. “Uma boa saída é estabelecer um comitê de gestão de crise, com participação da direção escolar, da coordenação pedagógica e de representantes de professores, funcionários, estudantes, mães, pais e responsáveis – [e] planeje a volta às aulas presenciais”.

Ainda que não seja possível prever quando acontecerá, as aulas presenciais serão retomadas e vão requerer uma série de medidas a serem tomadas agora.

O que for trabalhado nesse período não poderá ser considerado ‘conteúdo dado’. Será preciso prever desde novos calendários escolares até o trabalho de aceleração e recuperação dos conhecimentos, competências e habilidades curriculares, até um período de readaptação dos estudantes.”

Anna Helena Altenfelder

Clique para ler a reportagem completa na Veja São Paulo


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Imagem: acervo CENPEC Educação.