Música na educação integral

-

Música na educação integral

Reportagem publicada originalmente da Plataforma Educação&Participação

A música pode contribuir para a educação ao dialogar com outras áreas do conhecimento, propor diferentes aprendizagens e ampliar repertórios culturais de crianças, adolescentes e jovens.

Como, então, trabalhar essa linguagem e expressão artística tão rica e envolvente no desenvolvimento integral dos estudantes?


História, matemática e interpretação de texto

“A música é uma área riquíssima de conhecimento humano”, diz Paulo Padilha, compositor e professor de música há mais de 30 anos, no artigo “A música, a educação, os festivais e o banco de trás da Variant bege“.

A música, argumenta o autor, pode ser utilizada para trabalhar outras culturas e tempos históricos, mas também dialoga com áreas do conhecimento nem sempre consideradas em abordagens mais tradicionais.

Aprender ritmos, compassos e a notação musical, por exemplo, ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e matemático.

Cantar, utilizar instrumentos de percussão, teclas ou cordas, ou fazer uso de um instrumento de sopro ajudam a desenvolver a expressão pessoal, a psicomotricidade e promovem exercícios respiratórios, respectivamente.

Além disso, é possível explorar a relação entre letra e música em canções nas disciplinas como língua portuguesa e literatura, estreitar os laços entre alunos e professores e propor uma multiplicidade de aprendizagens.

Paulo Padilha
Foto: Reprodução.

No simples ato de cantar em grupo, quantas aprendizagens diferentes podem ser envolvidas? Memória, atenção, afetividade, coletividade, contextualização, expressão, interpretação expressiva, interpretação de texto, repertório, rima, poesia, escuta, relação entre música e letra, emissão vocal, percepção rítmica e melódica, afinação, entre outras.”

Paulo Padilha

Música na prática: do multiletramento aos direitos da mulher

Se você, professor, concorda com as potencialidades da música descritas por Paulo Padilha, mas tem dificuldades em pensar em exemplos práticos de oficinas e abordagens, o artigo “A educação integral e a canção brasileira” do mesmo autor, traz um complemento.

Paulo Padilha explica os conceitos de apreciação musical, fruição da obra e intencionalidade educativa e propõe seis temas que podem ser trabalhados por diferentes canções do repertório nacional: metalinguagem, multiletramento, puberdade, futebol, direitos da mulher e identidade. Luiz Gonzaga, Marisa Monte, João Gilberto, Jackson do Pandeiro, Caetano Veloso e Skank integram o time de artistas cujas obras podem ser utilizadas nas propostas apresentadas no artigo.

Entre as canções, está “Si mi ré lá”, do próprio Padilha, uma embolada que trata da questão feminina com um grupo de jovens batucadeiras de Carapicuíba (SP) e fala das pequenas violências vividas cotidianamente pelas mulheres. Veja abaixo o videoclipe dessa canção.


Percussão corporal e inclusão social

Fazer música nem sempre requer a habilidade de cantar ou de utilizar um instrumento fabricado. O próprio corpo pode ser um instrumento e promover o acesso a essa arte mesmo em uma realidade em que a aquisição de material para o ensino é mais difícil.

Esse foi um dos pontos principais do projeto Batucadeiros, parceria entre o Instituto Batucar e o Centro de Ensino Fundamental 113, que chegou a vencer a Regional Goiânia da 11ª edição do Prêmio Itaú-UNICEF e a ser convidado para se apresentar na Universidade de Örebro, na Suécia.

Conhecido pelo uso da técnica de percussão corporal, o Batucadeiros também se caracterizou por uma proposta de inclusão social, acesso à cultura e até mesmo cuidados com o corpo. Confira um dos blocos da entrevista que Alceu Avelar, do Instituto Batucar, deu à plataforma Educação&Participação:

Intencionalidade educativa do Projeto Batucadeiros

Mais música, mais educação

Projeto sociocultural – Marujada

Esse projeto foi resultante da parceria entre a disciplina de história e a oficina de percussão do programa de educação integral da Escola Municipal Maria da Conceição Ataíde, situada na zona rural de Coronel Fabriciano (MG). O trabalho, desenvolvido com os estudantes do 9º ano, integrou o projeto Patrimônio Cultural da Cidade. Assista ao vídeo e confira como a marujada, dança também conhecida como fandango e acompanhada de ritmo típico, pode contribuir para a aprendizagem na sua organização ou escola. Acesse a oficina.

Entrevista: letra e música na canção

Compositor e cantor, Luiz Tatit é mestre na arte de entrelaçar letras e melodias em canções que encantam pessoas de todas as idades.
Nessa entrevista, publicada originalmente pela Plataforma do Letramento, Tatit fala da relação entre letra e melodia na canção popular, das inspirações para suas composições e de como os educadores podem explorar as canções de forma lúdica com os alunos. Veja.

A música, a educação, os festivais e o banco de trás da Variant bege

O artigo de Paula Padilha conta a história de como a música e a educação se encontraram em sua vida e traz dicas para os professores interessados em unir as áreas. Confira.

Educação integral e cultura popular

Você sabe o que é carimbó? Conhece o cacuriá? Sabe usar matraca para marcar a marcha do boi? Já dançou jongo, vilão, siriri ou coco de roda? Os ritmos típicos brasileiros podem ser uma inesgotável fonte de inspiração para trabalhar música e educação. Confira.


Veja também

Canção é explosão: texto do professor e compositor Paulo Padilha

A cultura indígena dançada e cantada

A literatura popular nas quadras do cordel: entrevista com Cacá Lopes

O hip-hop na educação: entrevista com o rapper e arte-educador P.MC


Deixe um comentário