Há 131 anos, a população negra escravizada conquistou a liberdade. A oficialização da abolição foi alcançada após anos de resistência quilombola e pressão abolicionista. A homologação teve influência de importantes figuras afro-brasileiras. Luís Gama, por exemplo, era ex-escravo e advogado e ajudou a libertar mais de 500 escravizados.
Marcado na história, o período escravocrata moldou a desigualdade brasileira. Para as procuradoras Elisiane Santos e Ludmila Reis Brito Lopes, é evidente que “a libertação foi realizada sem qualquer política de emprego e educação à população negra”.
Em artigo no portal Geledés, autoras defendem que o resultado é uma “estrutura desigual que historicamente pauta a sociedade brasileira”.
Não houve medida reparatória até hoje em relação aos três séculos e meio de escravidão, mediante reconhecimento de terras ou pagamento de valores indenizatórios à população negra.”
Regina Estima, responsável pelas ações afirmativas entre CENPEC e o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), confirma: “a ‘libertação’ do negros não veio acompanhada de nenhuma assistência para os que viviam ainda na escravidão, marginalizando toda uma população urbana, e os do campo se mantiveram em uma situação análoga à escravidão”.
Medidas como a Lei 10.639/03, aprovada há 16 anos, são passos em direção ao combate da desigualdade brasileira. A lei torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e privadas do país.
A rede de ensino brasileira, no entanto, tem encontrado dificuldades para aplicar a medida, seja pela falta de material, seja pela falta de cursos de formação de professores.
A formação afro-brasileira no CENPEC
O CENPEC Educação, há 32 anos na busca pela equidade e diminuição da desigualdade, disponibiliza materiais de apoio e de formação sobre a cultura afro-brasileira para alunos e professores, por um mundo melhor.
Dentre os materiais disponibilizados, o artigo do mestre de capoeira Alcides de Lima Tserewaptu destaca a forma de ensinar a cultura de tradição oral através da capoeira, valorizando a tradição negra.
Com uma seção dedicada à literatura afro-brasileira e indígena, o Mapa da literatura brasileira tem dado visibilidade à produção literária negra e indígena.
A relação entre cultura juvenil e escola é tema do pesquisador Alexandre Barbosa (Unifesp). O artigo, publicado no início de 2019, aborda como a escola deve desenvolver um “olhar antropológico”, para os diferentes modos de vida dos jovens contemporâneos, inclusive na questão de etnia.
A cobertura do Seminário Internacional sobre Inclusão de Adolescentes e Jovens no Ensino Médio traz reflexões que mostram como agregar temas como “gênero, transexualidade, etnia, raça, acessibilidade e democracia” no contexto escolar.
O especial Mulheres na educação integral reúne cinco educadoras brasileira com relatos sobre as dificuldades enfrentadas na defesa de uma “educação integral para todas”.
Racismo, xenofobia e pobreza são os temas que percorrem as trajetórias das educadores Maria Cristina Chaves Garavelo (RS), Macaé Evaristo dos Santos (MG), Seluta Rodrigues de Carvalho (PI), Danielle Barbosa (CE) e Naiara Mendes da Silva (PA).
A redação CENPEC selecionou reportagens e especiais sobre o tema. Confira: