Conheça as origens e as histórias de luta por trás do Dia Internacional da Mulher.
Por João Marinho
Nova York, 8 de março de 1857. Um grupo de operárias da indústria do vestuário inicia uma greve por melhores condições de trabalho, maiores salários e pela redução da jornada de trabalho. Elas são violentamente reprimidas pela polícia, razão pela qual hoje se comemora o 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
Se você já pesquisou sobre a data, ou é da geração deste autor, já deve ter ouvido essa versão, mas existe algo importante sobre ela: é um mito surgido em 1955, segundo as pesquisadoras Liliane Kandel e Françoise Picq.
Outra história famosa – esta real – é a do incêndio ocorrido na fábrica da Triangle Shirtwaist, também também em Nova York. Foi uma tragédia que vitimou 146 pessoas, sendo 123 mulheres. No entanto, o incêndio ocorreu no dia 25 de março de 1911, anos depois de um Dia da Mulher ter sido observado. Qual seria, então, a história real?
O legado de Clara Zetkin
Segundo a historiadora norte-americana Temma Kaplan, as origens do Dia Internacional da Mulher são, acima de tudo, socialistas. A precursora foi Clara Zetkin, que, em 1889, compareceu ao encontro em Paris que criou a Segunda Internacional Socialista, no dia em que se comemorava o centenário da Queda da Bastilha. Em 20 de junho daquele ano, a assembleia da Segunda Internacional concordou em estabelecer o 1º de maio como Dia Internacional dos Trabalhadores. A partir daí, entre 1890 e 1915, Zetkin passou a promover os interesses das mulheres trabalhadoras no jornal Gleichheit, do Partido Social-Democrata da Alemanha, do qual se havia tornado editora. Em 1907, Zetkin e Luise Zietz lideraram um encontro de mulheres em 17 de agosto, um pouco antes dos encontros da Segunda Internacional marcados em Stuttgart, na Alemanha. Na ocasião, as mulheres se comprometeram a lutar por igualdade em todos os aspectos da vida e discutiram em assembleia como tornar públicos seus objetivos.
O sufrágio universal e as primeiras manifestações
No começo do século XX, socialistas e sufragistas – mulheres e homens que lutavam pela extensão do direito de votar às mulheres – tinham um ponto de desacordo que acabou penalizando os primeiros nas lutas políticas nos Estados Unidos e nos países da Europa. Isso porque os socialistas viam os direitos políticos das mulheres como subordinados aos avanços trabalhistas dos operários homens.
Mesmo assim, antes da Primeira Guerra, as mulheres da Segunda Internacional acabaram ganhando o apoio de outros socialistas na luta pelo sufrágio universal. Por isso, já em 1908, o Partido Socialista dos Estados Unidos organizou um comitê feminino local para apoiar o sufrágio universal, com a tarefa de organizar manifestações em defesa do voto das mulheres.
Um encontro massivo ocorreu em Nova York no dia 8 de março de 1908, mas os socialistas norte-americanos acabaram por estabelecer, em 1909, o Dia Nacional da Mulher no último domingo de fevereiro – segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em homenagem a uma greve que ocorrera no ano anterior, quando mulheres da indústria do vestuário reivindicaram melhores condições de trabalho. A sugestão foi da sufragista e educadora Theresa Malkiel, e a data foi observada pela primeira vez em 28 de fevereiro de 1909, um domingo.
Em 1910, a iniciativa estadunidense inspirou proposta similar na Segunda Internacional. A ideia foi trazida por ninguém menos que Luise Zietz e Clara Zetkin e contou com apoio de Käte Duncker em uma conferência de mais de 100 mulheres de 17 países em Copenhague, capital da Dinamarca.
Aprovada por unanimidade, a decisão já contemplava a estratégia de promover direitos iguais às mulheres, incluindo o direito ao voto, mas não houve a definição de uma data fixa. Isso ocorreu apenas em 19 de março de 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, já como resultado da iniciativa de Copenhague. Naquele ano, mais de 1 milhão de mulheres e homens compareceram às manifestações que defendiam direitos das mulheres ao trabalho e ao treinamento vocacional e o fim da discriminação profissional.
O 8 de março
Entre 1913 e 1914, o Dia Internacional da Mulher tornou-se também palco para manifestações contra a guerra, mas não havia consenso sobre a data: os Estados Unidos continuavam a observar o último domingo de fevereiro; a Rússia, que adotava o calendário juliano, estabeleceu o último sábado de fevereiro. Na Suécia, era comemorado no 1º de maio.
Manifestações no dia 8 de março apareceram em 1914, na Alemanha, mas provavelmente devido à conveniência de ser um domingo. Em Londres, também houve uma marcha nesse dia, quando a sufragista Estelle Sylvia Pankhurst foi presa pouco antes de discursar a favor do sufrágio universal na Trafalgar Square.
O 8 de março começou a se estabelecer definitivamente em 1917. Nesse dia, segundo o calendário gregoriano (23 de fevereiro pelo calendário juliano, em vigor na Rússia), operárias realizaram na atual São Petersburgo uma manifestação por Pão e Paz.
As manifestações, que se tornaram atos massivos contra o regime czarista e pelo fim da participação da Rússia na Primeira Guerra, marcaram o início da Revolução de Fevereiro (pelo calendário juliano), que, unida à de Outubro, culminou na Revolução Russa. O czar Nicolau II abdicou sete dias depois, em 15 de março, pelo calendário gregoriano (2 de março pelo calendário juliano).
Graças a Vladimir Lênin e à bolchevique Alexandra Kollontai, o Dia da Mulher foi declarado feriado nacional na União Soviética. Em 1922, Clara Zetkin, que se havia tornado comunista, defendeu na Terceira Internacional, ou Internacional Comunista, a proposta de um Dia Internacional da Mulher – que resultou aprovada.
A partir de então, a data passou a ser comemorada sobretudo em países e agremiações comunistas, até que as Nações Unidas começaram a observá-la em 1975, no Ano Internacional da Mulher. O 8 de março foi finalmente estabelecido em 1977, pela Assembleia Geral, como um dia para o direito das mulheres e da paz mundial. Em 2019, o tema da ONU para o Dia Internacional da Mulher é Pensemos na igualdade, construamos com inteligência, inovemos para a mudança.
Machismo, racismo, xenofobia e pobreza são alguns dos desafios que mulheres brasileiras têm de lidar em seu dia a dia, além da questão das jornadas múltiplas e dos salários desiguais. Em 2018, por exemplo, segundo o IBGE, as mulheres ganharam 20,5% menos que os homens.
Ainda assim, elas têm encontrado caminhos para superar esses entraves e garantir direitos humanos fundamentais, sempre com muita luta. Entre esses direitos, está a educação, presente desde personagens pioneiras, como Theresa Malkiel, até pautas das primeiras manifestações, como em 1911.
Em reportagem especial, selecionamos cinco mulheres que se destacaram nas regiões Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste pela defesa da educação e do desenvolvimento integral de todas e todos: Maria Cristina Chaves Garavelo, Macaé Evaristo dos Santos, Seluta Rodrigues de Carvalho, Danielle Barbosa e Naiara Mendes da Silva.
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