Formação realizada pelo Jovens Urbanos em Minas Gerais reflete sobre escuta e participação na construção de currículos integrados
Quais são os desafios da construção de um currículo integrado? Como considerar as diferentes vozes e experiências nesse processo? Que conceitos e metodologias contribuem para que os estudantes possam participar ativamente da construção do conhecimento na escola?
Essas foram algumas das questões trabalhadas durante a formação realizada pelo Jovens Urbanos entre os dias 19 e 23 de junho na sede da Superintendência Regional de Ensino (SRE), em Belo Horizonte (MG). A atividade faz parte das ações do Programa em Minas Gerais.
Nesse território, o Programa Jovens Urbanos realiza uma assessoria à Secretaria Estadual de Educação (SEE) para desenvolver ações com base em uma concepção de educação integral para as juventudes. Ao todo, 44 escolas da rede estadual de ensino de Minas Gerais compõem o Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, organizadas em seis polos distribuídos por todo o estado, e receberão as intervenções do Jovens Urbanos direta ou indiretamente. Na prática, as ações no escopo dessa parceria concentram-se na disseminação de conhecimentos por meio da formação de multiplicadores em dois polos da região metropolitana de Belo Horizonte, formados por sete escolas cada um.
Assim, o encontro ajudou os profissionais a se apropriarem da concepção de educação integral e integrada do Documento orientador elaborado pela SEE. Foi construído um caminho que identificou possibilidades de integração curricular que levem em conta os interesses dos estudantes e os contextos locais em que as unidades escolares estão inseridas. “Um outro objetivo da formação é formar um subgrupo de técnicos da SEE que possa disseminar esse movimento de formação para os outros quatro polos, que reúnem profissionais de 30 escolas em diferentes municípios de Minas Gerais”, explicou Lilian Kelian, da equipe responsável pela coordenação técnica do Programa Jovens Urbanos.
Durante a formação, os 40 profissionais, especialistas e coordenadores da rede de Ensino Médio levantaram pareceres, sugestões e dúvidas sobre a implementação do programa no estado por meio de um ambiente de troca de saberes.
Segundo Cecília Resende, superintendente de Juventude, Ensino Médio e Educação Profissional da SEE, “Minas Gerais vai expandir o atendimento da educação integral para a juventude, ampliando a rede estadual de educação profissional e atendendo grupos de estudantes de diferentes escolas em polos de educação integral, com um leque de disciplinas eletivas”. Por isso, a formação que agrega preceitos de educação integral e juventude é fundamental”, diz.
“Considerei a formação fantástica, pois ela foi capaz de tirar o educador de sua ‘zona de comodismo’ e nos fez despertar para a realidade que encontramos em nossas escolas públicas. As atividades fomentaram a sensibilidade dos participantes para a promoção e mobilização de mudanças radicais em suas práticas pedagógicas no exercício de sua função”, avaliou Átila Geraldo Amaral, professor de Língua Portuguesa, orientador de cursos e coordenador de Ensino Médio integral integrado.
Escuta e construção de saberes no trabalho docente
Investigar entre os profissionais as possibilidades que o projeto pedagógico da SEE cria para a integração de experiências, interesses e saberes dos jovens ao currículo escolar. Esse foi justamente um dos exercícios realizados durante a formação. Propostas de metodologias e dinâmicas de participação, como projetos de pesquisa e intervenção; diálogos abertos com a cidade; café coletivo e plano de participação cidadã foram compartilhados e discutidos pelo grupo.
Após a apresentação de experiências, os participantes analisaram mais de perto os diferentes tipos de escuta e etapas de estruturação do currículo, além de trabalharem com a produção de referenciais teóricos e práticos sobre o tema.
As atividades de formação culminaram com uma reflexão sobre o papel dos conhecimentos disciplinares e do trabalho docente para desenvolver estratégias em que os saberes juvenis possam emergir como projetos de pesquisas coletivos e/ou individuais.
Os próximos passos do Jovens Urbanos em Minas Gerais são: estruturar com a equipe da SEE o trabalho de disseminação da formação para os outros quatro polos e sistematizar os conteúdos construídos nos encontros de formação, com especial atenção para os desafios de implementação identificados pelos profissionais participantes. “Além disso, está previsto desenvolver e implementar uma metodologia de escuta que possa ser experimentada em 14 escolas da região metropolitana para reconhecer anseios, proposições e projetos estudantis como elementos de integração curricular”, aponta Lilian Kelian.