Debate: “Intersetorialidade não é um bicho de sete cabeças”

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Debate: “Intersetorialidade não é um bicho de sete cabeças”

Transmitido ao vivo, o evento reuniu especialistas para aprofundar e dar caminhos para a construção de uma intersetorialidade nos programas voltados à educação integral nos municípios

“Intersetorialidade não é um bicho de sete cabeças”, assim afirmou Dalvonete Santos, coordenadora-geral do Programa de Educação Integral Escola da Gente, da Prefeitura de Betim (MG), durante o Debate Virtual Educação integral e intersetorialidade: caminhos possíveis, realizado no dia 3 de junho de 2014, no auditório do CENPEC Educação. Para ela, a intersetorialidade é uma questão a ser resolvida na prática, por meio do diálogo e da ação conjunta entre o setor público, organizações da sociedade civil, entre outros atores.

O debate também contou com a participação de André Lázaro, que, desde 2010, preside o Conselho Assessor das Metas Educativas 2021, da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e teve a mediação de Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do CENPEC Educação.

No início do debate, André Lázaro explanou sobre a importância do papel do Estado na garantia de direitos como um argumento político e não moral. Nesse sentido, é dever do Estado assegurar o direito ao desenvolvimento pleno de crianças e jovens, garantindo-lhes a participação política e a capacidade de trabalho. “Isso faz parte da agenda do Estado; portanto também faz parte da agenda da educação brasileira”, afirmou Lázaro.

Dalvonete Santos explicou como implementou o Programa de Educação Integral Escola da Gente, em Betim. Segundo a educadora, entre 2008 e 2009, Dalvonete e sua equipe visitaram inúmeras cidades do país, no intuito de ver o que estava acontecendo em outros locais em relação ao tema. Após essa primeira etapa, iniciou-se uma gestão compartilhada no município, com o objetivo de garantir uma educação integral de qualidade. “A intenção não era somente ampliar a carga horária nas escolas, mas, principalmente, trabalhar em conjunto com as ONGs, instituições e outras secretarias do município. E isso deu certo, por meio das ações em rede, do compartilhamento de saberes, da convergência de projetos e recursos. Isso só foi possível por meio de um planejamento estratégico entre todas essas esferas e atores da educação de Betim”, declara.

As adversidades enfrentadas para a realização desse Programa foram imensas, segundo Dalvonete. “O primeiro desafio foi romper com a lógica da segmentação que havia nas secretarias do município. Além disso, foi necessário mudar o pensamento conservador de educadores, ou seja, conscientizá-los sobre as novas metodologias e os novos espaços que favorecem uma educação que trabalha a integralidade do indivíduo”.

Ela também ressaltou a importância do currículo no trabalho de intersetorialidade na educação integral. “Em Betim, houve um fortalecimento da base curricular, no intuito de propiciar um diálogo entre as disciplinas escolares, oficinas culturais, atividades esportivas, envolvendo alfabetizadores, diretores, oficineiros e acadêmicos”, explica Dalvonete.

Sobre essa questão, Lázaro disse que o currículo não pode ser uma camisa de força. “A base curricular deve ser organizada por meio de redes, dando autonomia de escolha para cada município. Além disso, o currículo deve pautar a avaliação e não o contrário. As diretrizes devem ser criadas dentro das escolas, em seus territórios. Nesse sentido, os educadores devem repensar o currículo não como um trajeto obrigatório, mas sim como uma possibilidade de desenvolver capacidades em seus estudantes.”

Caso você não tenha conseguido participar ou queira rever as discussões referentes ao tema, veja o debate novamente: